Esta ficção retrata um paralelo com o cotidiano onde a pressão diária nos acarreta a olvidar de nossas próprias capacidades. Não se pode fugir da sua Natureza, aceite quem você é e lute pelos seus objetivos.
Murilo Sadi é um Adolescente de dezesset...
"Vencer a si próprio é a maior das vitórias." Platão
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Após me despedir de Kiel, retornei para Kim que me aguardava sentado na sombra de uma árvore. Assim que notou que eu estava me aproximando, se pôs de pé e veio ao meu encontro.
- E como foi?
- Tudo certo, combinamos de conversar amanhã. Você me disse que tem os sentidos mais apurados que o comum. Conseguiu ouvir o que conversamos?
- Pela distância, eu poderia se quisesse, mas não tentei. Acredito que se fosse pra eu ouvir, eu estaria ali, é um momento dos dois. Respeitei.
- Entendi, obrigado por isso. Mas o senhor, como tem passado? Conseguiu dormir bem?
- Na verdade não muito, fiquei pensando no Tonny.
- Quer falar sobre? Acredito que você também esteja sendo bastante difícil pra você.
- Não vou mentir que estar com você tem sido uma terapia, talvez por isso eu fiquei tão grudento.
- Fico feliz em saber disso, sua sessão tem mais trinta segundos, gostaria de falar mais algo?
- Tenho. – Respondeu com a voz realmente baqueada, me preocupou.
- O que? – questionei, agora curioso.
- Tá com você. - Me empurrou e saiu correndo pela rua como se fosse uma criança de dez anos.
Saí correndo atrás com toda a velocidade que eu tinha, mas o danado era rápido mesmo, eu não iria conseguir alcançá-lo. A não ser que eu utilizasse meus recursos especiais. Me atirei no chão e fingi que havia machucado a perna, pedindo ajuda. Sem conhecer meus dramas, ficou preocupado e voltou para me socorrer. Quando ele se aproximou o suficiente, dei certo impulso e o empurrei.
- Tá com você.
Eu corri o mais rápido que pude, porém rapidamente me alcançou. Ofegantes e sorridentes caminhamos em direção a um bicicletário há duas ruas de onde estávamos. Alugamos por algumas horas e precisaríamos entregá-las até as dezenove horas em um dos postos espalhados pela cidade.
Nosso primeiro passeio pelo ar livre. Kim foi me guiando para o local onde ele gostaria de almoçar. Pedalamos por oito minutos até entrarmos por dentre umas ruelas de pedra bem arborizadas. Uma placa de arame preto retorcido em arabescos apresentava um nome italiano em uma placa branca. A porta azul turquesa revelava um ambiente muito agradável, paredes de cimento queimado, com cadeiras de madeira bruta detalhadas com peças em arames pretos que contrastavam com almofadas cinza. O ambiente em si remetia a uma típica praça italiana em cada detalhe, inclusive nas plantas ornamentais e o aroma de massa fresca. Ele havia feito uma ótima escolha.
- E aí carinha, o que achou?
- Se a comida for tão gostosa quanto cheirosa, só vou sair daqui rolando.
