Florescer

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"Volte seus olhos para dentro, contemple suas próprias profundezas, aprenda primeiro a conhecer-se."
Sigmund Freud

Existe um pensamento de Freud que eu gosto muito, ele me remete a muitas das vezes em que eu complico uma situação por simplesmente não saber o que eu realmente queria ou gostaria de fazer

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Existe um pensamento de Freud que eu gosto muito, ele me remete a muitas das vezes em que eu complico uma situação por simplesmente não saber o que eu realmente queria ou gostaria de fazer. É como se essa frase me trouxesse de volta a realidade com os pés descalços no chão, fincando raízes. Primeiro conhecer a mim mesmo, após isso, se torna mais fácil agir e alcançar os objetivos. Na correria do dia a dia, a gente acaba se esquecendo de nos colocar no topo.

Abri meus olhos, diferente do normal, não consegui avistar nada, o único odor que eu conseguia inalar era absurdamente forte de chorume e decomposição. Algum peso bloqueava os movimentos dos meus braços e pernas, eu tentava empurrar uma possível espuma que me prendia, porém o espaço que dispunha para mim não me permitia virar meu corpo de lado ou usar força. Senti pequenas presenças como formigas e larvas que rastejavam livremente sobre meu corpo. Com movimentos limitados, não foi possível me livrar deles, de modo geral era uma sensação agonizante que eu pudesse me acostumar.

Meus ouvidos e nariz estavam com alguma espécie de objeto fibroso e macio, que além de ser incômodo eu não conseguia retirar. Um sentimento de desespero tomou conta de mim, junto com a respiração que necessariamente precisava ser oral, porém falhava devido ao forte cheiro podre que me dava náuseas. Era um pesadelo, precisava ser somente um pesadelo. Fiquei apavorado e decidi gritar por ajuda com o pouco ar que havia em meus pulmões.


- Socooooorro! Socooooorro! Por favor, alguém me ajude, estou preso! Socorro! - supliquei por um resgate, mas ninguém me atendia - Isso é apenas um sonho, eu vou fechar meus olhos e acordar.

Aguardei uns instantes até que eu conseguisse adormecer, contudo aquele restrito ambiente e os animais que ainda passeavam sobre mim, tornaram impossível essa missão. Sem entender o que estava acontecendo e sem forças para me libertar, caí aos prantos com o provável pior pesadelo da minha história.

Continuei forçando a barreira acolchoada que estava sobre mim, sem sucesso em todas as tentativas, eu estava fraco. Eu precisava de ajuda. Minha memória foi se reconstruindo gradativamente. A Floresta! Onde estavam Kim e Hannah? E a mulher? O que houve com ela? Fui capturado e preso ali? O que será que ela tinha feito com eles?

- Calma Sadi, se você se desesperar, não vai conseguir resolver essa situação, seja lá qual for. - conversava comigo mesmo em pensamento. - preciso encontrar alguma brecha e escapar.


Fechei os olhos e raciocinei. Quais os sentidos que eu poderia utilizar, a visão era inútil, não havia penumbra alguma. O Tato era limitado e sempre que me concentrava era perturbado pelos animais, era melhor focar em outro. Na audição, além do zumbido que pairava devido à forte pressão, não havia o que escutar, existia um silêncio absoluto. Pensando no olfato era melhor não buscar me aventurar naquele cheiro novamente, assim como o paladar que não preciso nem comentar que seria uma idéia terrível. Então é isso? Aceitar o meu fim e sofrer até me asfixiar ou permitir que a sede tome conta e morra desidratado? Não era uma opção que eu conseguia ou poderia aceitar sem ao menos me esforçar.

NATUREZA HUMANAWhere stories live. Discover now