〖Capítulo-XXI〗 Entre a morte e a coragem.

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Quando chegou a casa de Hobi, se certificou que não tinha sido seguido, logo mais saberia se o senhor Sam receberia seu presentinho, sabia que estava brincando com fogo, mas por Jimin se queimaria com facilidade. Ao adentrar na casa, foi direto no quarto ver se Jimin estava bem, quando o olhou dormindo na cama, respirou fundo e acalmou seu coração, essa noite seria longa, faria uma bela vigília durante a noite, tudo poderia acontecer.
Foi até Jimin e deu-lhe um beijo na testa, o cobriu pois o frio era intenso, o mesmo dormia tranquilamente. Não conseguia explicar para si mesmo o que sentia por Jimin, não conseguia entender como alguém como ele foi laçado por um homem com semblante de anjo, talvez o amor finalmente tenha lhe encontrado.
Sentou-se em uma cadeira em frente a cama que Jimin dormia, segurou sua arma e ficou a observar. Jimin tão de repente começou a gritar, tremia sob a cama, seu grito era de ajuda, clamava por socorro.
“Não, por favor! De novo não. Me solta, ME SOLTA, POR FAVOR!”
— Ji, eu estou aqui, acorde, eu estou aqui. — Jungkook fala largando a arma e correndo até a cama. Jimin estava apavorado, não podia ver ele daquela forma e simplesmente não fazer nada.
“NÃOO.”
— Sou eu, Jungkook. Amor, acorde. — Jungkook fala abraçando Jimin com força, o aquecendo com seus belos braços musculosos.
— Jungkookie, não me deixa sozinho, por favor! Fica comigo. — Jimin fala em prantos, o abraçou fortemente.
— Eu nunca mais te deixarei, estou aqui.— Jungkook sentia a dor de Jimin ao sentir seus olhares se encontrarem, ver Jimin tão frágil o deixava a mercê de qualquer situação, o amava e isso é inegável.
Jungkook se deitou com Jimin e o mesmo procurou conforto em seus braços, ficou o fazendo cafuné até que dormisse novamente. Mal conseguiu dormir, ficou observando Jimin dormindo até o nascer do sol, temia que algo acontecesse.
Logo pela manhã, Jungkook levantou e preparou o café da manhã, acordou Jimin e tomaram café da manhã juntos. Jimin tomou alguns remédios para dor e disse:
— Me leva na casa do meu pai?
— Levo sim, vá se arrumar enquanto eu limpo aqui.
Enquanto Jungkook arrumava a mesa do café e lavava os pratos, sente seu celular vibrar em seu bolso, quando o pega, vê uma mensagem do Chefe Sam e fica pálido ao ler.

MENSAGEM ON:
“Lembre-se que: Tudo que você sabe, foi eu que ensinei.
📎-Anexo em vídeo …
Me encontre no porto 97, dentro de 1h, ou sua querida mãe morrerá.”
MENSAGEM VISUALIZADA.

— Droga. — Fala dando um soco na pia.
— Estou pronto Jungkook, está tudo bem?
— Está sim, só vou pegar minha arma e já vamos. — Jungkook fala indo em direção ao quarto, logo em seguida, sai colocando uma arma em sua cintura.
— Por que precisa de uma arma?
— Enquanto você estiver resolvendo as coisas com o seu pai, eu precisarei ir resolver uns problemas. — Fala indo em direção a porta da rua e fazendo um sinal para Jimin lhe seguir. — Venha.
Já dentro do carro, Jimin observa as expressões de Jungkook. O mesmo estava pensativo e aparentava estar preocupado, sua mão apertava o volante com força e seus olhos cerravam a rua. Jungkook transmitia raiva.
— O que houve Jungkook? — Jimin pergunta, quebrando o silêncio que havia no carro.
— Não precisa se preocupar, ok? Vou te deixar em seu pai, resolva tudo o que tem para resolver, fale tudo e não sinta medo. — Jungkook fala colocando a mão gelada na perna de Jimin e virando o quarteirão que dava para a casa do pai de Jimin.
— Por que parece que está se despedindo?
— Não estou me despedindo, só faça isso, lembre-se que te amo. — Jungkook fala estacionando o carro. — Por mais que seus sentimentos por mim estejam feridos.
Jimin assente com a cabeça e se curva para dá um abraço em Jungkook, sente o mesmo colocar algo em seu bolso, mas não fala nada. O abraça fortemente, sentindo um aperto em seu peito.
— Tome cuidado. — Diz Jimin descendo do carro e indo em direção a casa de seu pai.
Assim que parou na frente da casa, recordou de algumas lembranças que teve ali, os dias que passou sozinho com a empregada, grande parte da sua infância foi vazia e sem cor, os poucos momentos que fora feliz, conseguia contar nos dedos.
“Vamos lá Jimin, seja corajoso! Lembre-se do que Jungkook disse: Não sinta medo e fale tudo” pensa Jimin, aflito por uma fração de segundos.
Tomou coragem e entrou dentro de casa, não sabia se podia chamar aquele lugar de casa, pois nunca foi um real abrigo de afeto e carinho que uma criança merecia.
— Olá, mãe! Como vocês estão?
— O que está fazendo aqui?
— Preciso falar com papai.
— Ele está no quarto, não o incomode muito, ele piorou depois da cirurgia.
Jimin acena com a cabeça e vai em direção ao quarto de seu pai. Ao chegar lá, bate na porta e em seguida entra.
Seu pai aparentava estar bem mal, por um momento,  não sentiu pena alguma da situação, talvez se fosse a uns meses atrás, estaria sofrendo em seu quarto, se perguntando se podia fazer algo para que ele melhorasse logo. Jimin foi um jovem retraído, guardava todas as lembranças das vezes no qual apanhou até sangrar ou quando viu seu pai batendo em Yoongi, quando o mesmo tentou intervir que ele o batesse mais, se lembra de quando viu sua mãe apanhando do seu pai e simplesmente aceitou. Eram tantas lembranças dolorosas que foram marcadas em sua memória.
— Papai?
— O que você está fazendo aqui?
— Por que é tão frio comigo?
— Veio aqui me perguntar isso? Se for isso, faça o favor de ir embora daqui.
— Sabe, eu estou cansado disso, desse tratamento de merda. Recentemente, encontrei seu filho Jonghaw!
— Que filho, garoto?
— O filho no qual você abandonou e matou a mãe, eu achava que você não era tão ruim assim.
— Do que você está falando? — Jonghaw pergunta encarando Jimin, procurando firmeza em suas palavras.
— Não se faça de desentendido, você sabe muito bem de quem estou falando. — Fala andando até a janela do quarto e abrindo a cortina. — Você é realmente um homem sem caráter, não admite nem o próprio erro.
— Eu ainda sou seu pai e você me deve respeito. — Jonghaw fala, sentindo o deboche de Jimin — Mas eu não o abandonei, ele está morto! — Estava desacreditado.
— Você nunca amou a mamãe, não é? Ela sabe desse caso que você teve, o filho que teve?
— Quer que eu seja sincero?
— Sim.
— Casei com sua mãe por amor no início, era algo lindo, mas se desgastou, nem eu e nem ela lutamos para continuar de verdade. — Jonghaw respira fundo e continua — Eu a amei, mas aí eu comecei a ir em casas de apostas... cassinos, para ser mais exato. Em uma dessas idas e vindas... — Seu coração apertava, contar isso para Jimin feria todos os seus princípios, mas continuou. — ... eu conheci uma linda moça, sua pele era linda e jovem, seus lábios me encantavam, eu me apaixonei de novo, dormi com ela e comecei a ter uma segunda vida.
— Já que estava gostando de outra, por que não terminou com mamãe? — Jimin pergunta indignado.
— Sua mãe foi meu grande amor quando eu era mais jovem, eu não sabia como destruir o coração dela. — fala se recordando — Bom, a linda moça engravidou, eu disse que ajudaria cuidar da criança, afinal, era meu primeiro filho. A mãe de Jinwoo foi meu verdadeiro e último amor, que infelizmente morreu, junto ao meu querido filho, por conta de uma falha minha.
— Eu não consigo acreditar. Por isso me odeia, por achar que o seu primeiro filho havia morrido?
— Havia morrido?
— Jinwoo não está morto, mas tentou me matar por que acha que você matou a mãe dele.
— Eu jamais teria matado a pessoa que mais me fez feliz, eu ia pagar a dívida que eu devia aquele dia, seria em um encontro no cassino. — Em seu semblante triste, havia respingos de sua alma egoísta.— Ela achou que eu fosse deixar sua mãe, mas quando eu pensei em pedir o divórcio, sua mãe engravidou de você e eu não tive forças para deixá-los.
— Eu deveria sentir pena da sua situação atual, mas acho que você merece tudo o que está passando. — Jimin fala com seus olhos cheios de lágrimas. — Acabei de contar que quase fui morto e você simplesmente ignorou esse fato.
— No dia que recebi a notícia que ela e Jinwoo haviam morrido, eu desabei… eu nunca quis que isso acontecesse.
— Engraçado, todas as vezes que lhe entreguei o bilhete de “dia dos pais” na escola, eu não me recordo de você indo em umas das apresentações. — Jimin fala sentindo todos os acontecimentos em seu peito — Ou de quando fiquei doente e você não veio me ver.
— Eu não te odeio, filho, a verdade é que eu nunca quis você como filho. Sua mãe tem culpa por achar que parei de amá-la quando ela engravidou de você, mas a verdade é que eu já não a amava a muito tempo. — Jonghaw fala, tossindo sangue.
— Tudo o que eu sempre quis foi o amor de vocês, tudo o que eu desejava era um pai e uma mãe, que me dessem amor e carinho, não só dinheiro, abrigo e comida. — Jimin fala em prantos.
— Talvez em uma próxima vida você tenha tudo o que deseja.
Como era possível alguém ser tão frio, como era possível? Doía muito tudo isso, era doloroso de mais ouvir que seu pai nunca o desejou, mas estava cansado demais para discutir, passou sua vida toda tentando provar que era o filho perfeito, quando a culpa de não ter recebido o amor dos pais não fora sua.
A exaustão corria em seus ombros e então, decidiu falar tudo o que estava engasgado em sua garganta.
— Sabe papai... durante muito tempo, me importei com o que pensava sobre mim, mas hoje não me importo mais, quero que saiba que sou gay. — Jimin fala— Gay com todas as letras e com muito orgulho, não me importo nem um pouco de você não aceitar e cá entre nós, eu carrego toda aquela empresa nas costas.
— Você é tão atrevido, você realmente nunca foi o filho que eu quis, eu nunca quis um filho gay, modelo e que não sabe fazer as coisas certas.
— Pode falar o que quiser, não me atinge mais! Sou tudo o que sou com muito orgulho e sinceramente, espero que você morra.
— Saía daqui, seu moleque, não volte nunca mais, você não é bem-vindo aqui. — Fala apontando para porta.
— Espero que você morra e lembre-se que todo amor que eu tinha por você morreu, Jonghaw!
Jimin saiu do quarto e bateu a porta com muita força, aonde assustou sua mãe que estava no corredor, ele havia tirado um peso enorme de suas costas com essa conversa e sabia que agora não precisava mais se esconder para ninguém.
— Filho, por que tanta agressividade?
— Mamãe, eu te amo muito e fico muito triste pelo casamento de merda que você teve que levar com um cara que nem te ama.
Sua mãe arregalou os olhos assustada com a fala de Jimin, aquele não era o filho que ela conhecia.
— Pois é mãe e outra, pra não perder o assunto quente, eu sou gay e aquele cara que você viu no meu quarto aquele dia é meu homem.
— Jimin, eu não estou te reconhecendo.
— Tudo bem, eu apenas quero o respeito da sua parte — Jimin respondeu entrando em seu antigo quarto.
— Filho, aconteceu alguma coisa que você quer me contar? — Sua mãe pergunta sentando na cama.
— Mamãe, aconteceu tanta coisa e eu sempre me culpei, quase morri por irresponsabilidade do cara que eu considerava como pai, fui sequestrado duas vezes por erros do passado dele, que ele nunca assumiu.
— Do que você está falando, Jimin? Eu não estou te entendendo.
— Seu marido, ele fez muita merda no passado e uma delas é ter outro filho, mas isso você tem que conversar com ele, pois eu não quero mais esse problema pra mim.
— Vamos conversar nós três, podemos nos entender e ficar bem novamente filho, somos uma família. — Diz sua mãe com a voz trêmula.
— Ficar bem novamente? Família? Para de querer colocar panos quentes mãe, nunca estivemos bem! Vocês nunca cuidaram de mim, nunca foram em uma apresentação de escola, nunca passamos momentos felizes em família, vocês nunca me abraçavam ou diziam “eu te amo, filho”.
— Meu filho, se acalma!
— Não me mande ficar calmo, tenho todo direito de estar com raiva! Te falei que quase morri por merdas do seu marido e você não se preocupou nem um pouquinho!
— Desc... — Tenta dizer, porém Jimin á interrompe.
— Não me peça desculpas, vou embora, porque não sou bem-vindo nessa merda de casa aonde todos fingem estarem bem e felizes, mas na verdade ninguém nunca se amou aqui, apenas eu amei vocês! — Jimin fala em um tom seco e sai do quarto com os olhos cheios de lágrimas.
Ao sair do quarto, sente uma dor imensa em seu peito, um ciclo foi fechado hoje e não se arrependia de tamanho ato, não se arrependeu de nenhuma de suas palavras proclamadas em alto e bom som.  Decidiu então voltar para a casa de Hobi, enfiou a mão em seu bolso e sentiu o pedaço de um pequeno papel, pegou e leu, recordou do momento em que abraçou Jungkook dentro do carro, ele havia colocado aquele papel ali e havia um aviso:
“Jimin, por favor, siga essas orientações assim que ler esse bilhete:
Vá para a casa de Hobi, pegue a chave da porta dos fundos, de baixo das pedrinhas do vaso de planta, do lado esquerdo da porta. Assim que entrar na casa, desarme o alarme que fica atrás da porta da cozinha, com a senha 0016.
Preciso que você vá ao quarto do Hobi, encontre o cofre e abra-o com a senha 1502, lá dentro haverá uma arma, pegue ela e certifique de que esteja carregada.
Me encontre no porto 97, fui me encontrar com o Chefe Sam, mamãe está em perigo!”
—Que porra Jungkook, eu sabia que você estava estranho e não era atoa! — Jimin fala em um tom alto sem perceber, sinalizou para o primeiro taxi que viu, adentrou colocando o cinto e disse:
— Corra o mais rápido possível senhor.
O motorista acenou com a cabeça e foi o mais rápido que podia, passou alguns sinais vermelhos e logo estavam em frente a casa de Hobi, Jimin sentiu um nervosismo intenso.
– Senhor, você poderia me esperar? Preciso ir para outro local depois daqui.
— Posso esperar sim.
Jimin saiu do carro e correu para a casa de Hobi, abriu a porta e seguiu as instruções de Jungkook. Ao julgar pelo tempo que estava conversando com seu pai, temia que fosse tarde demais. Entrou na casa, desarmou o alarme e seguiu para o quarto de Hobi.
Não fazia a mínima idéia de onde estava o cofre, abriu o guarda roupa e olhou dentro dele, não achou, olhou atrás do espelho e lá também não estava.
“Aonde assassinos escondem seus cofres?” Pensou, se sentando na cama e ficando de frente a um quadro que ficava em frente a cama de Hobi, era uma pintura de Van Gogh, o famoso “Noite Estrelada”. Se levantou, percebendo que nele aparentava ter um pequeno relevo, tirou o quadro da parede e lá estava ele, o bendito cofre.
Abriu-lhe com a senha que foi fornecido, dentro havia 5 armas e 50mil em dinheiro, pegou duas armas e verificou se estavam carregadas, colocou ambas em sua cintura e seguiu para o táxi, passou o endereço do local para o motorista e pediu-lhe para ir o mais rápido possível novamente.
— Moço, preciso que dirija o mais rápido possível, meu amor pode estar entre a vida e a morte.
— Se segure, senhor.

ELO FUNESTOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora