〖Capítulo-XXIV〗 Até que a morte nos separe.

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“A Dança/ Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam o fogo:
Amo-te como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e leva
Dentro de si, oculta a luz daquelas flores,
E graças a teu amor vive escuro em meu corpo
O  apertado aroma que ascendeu da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim deste modo em que não sou nem és
Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
Tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.” — Pablo Neruda.

Talvez o “começar algo” seja extremamente difícil, talvez o receio de não ser bom o bastante seja constante, talvez, mais uma vez, tenha deixado a ansiedade consumir seu serne, querer algo. Porventura, um amor e carinho que nunca teve quando jovem, seja um tremendo obstáculo.

Juras de amor nunca foi seu forte, mas assim como Yoongi falou, daria uma chance para si mesmo, uma chance para ser feliz e caso não desse certo, o destino seria o encarregado para que em uma próxima vida desse finalmente certo.

VRUU-VRUU...
— Amor? Seu celular tá tocando. — Jungkook fala tocando o braço de Jimin, mas o mesmo dormia profundamente, eram apenas 3 da manhã.

LIGAÇÃO EM ANDAMENTO:
(OMMA) — Jimin?
(JEON) — Jungkook! Em que posso ajudar, sogrinha?
(OMMA) — Me respeite garoto! Só conte a Jimin que o pai dele veio a óbito nesta madrugada.
(JEON) — O velório será quando?
(OMMA) — Será hoje, às 16:00 da tarde, mas Jimin não é bem-vindo, é culpa dele o pai dele estar morto.
(JEON) — Com todo respeito, a senhora é uma vagabunda do caralho, que nunca deu valor ao filho que tem. Esse homem deu de tudo pela empresa, por vocês e vocês foram infelizes nas atitudes direcionadas a ele.
(OMMA) — Não me dói você dizer isso, eu nunca quis Jimin como filho. Apenas o comunique que o pai dele morreu, a leitura do testamento será amanhã.
(JEON) — Ok.
LIGAÇÃO ENCERRADA.

— Amor? Estava falando com quem no meu telefone?
— Sua mãe.
— Aconteceu algo?
— Quer falar sobre isso agora ou quer dormir mais um pouco?
— Pode falar, amor.
— Seu pai faleceu hoje pela madrugada.
— … — Jimin sentiu um aperto em seu peito, a falta de ar apareceu, não entendia ao certo o que estava sentindo. Na sua última conversa com seu pai, desejou que ele morresse e seu desejo se tornou realidade. Não sentia pena, era o que ele merecia.
— Você está bem com essa notícia?
— Talvez um pouco abalado, mas eu desejei isso quando conversei com ele a última vez.
Jungkook entendia o sentimento de Jimin, sentiu o mesmo quando matou o Sam, por mais que ele fosse uma pessoa ruim na maior parte do tempo, criou Jungkook como filho. Jimin começou chorar tão de repente que pegou Jungkook de surpresa, o mesmo soluçava e o seu choro saía falhado.
— Eu só queria que ele me amasse, que tivesse sido o pai que vai nas apresentações da escola, ou me ensinado a andar de bicicleta, que fizesse coisas de pai e filho juntos... Eu não sinto um pingo de pena por ele ter morrido, mas poxa, eu dei metade da minha vida a ele, me dediquei na empresa e nunca recebi um abraço.

Jungkook entendeu que naquele momento, tudo o que Jimin precisava era ser ouvido e coberto de carinho. Estendeu seu braço até o loiro e o puxou para perto, selou seu corpo com um abraço quente e repleto de amor. Tudo o que desejava era que Jimin se sentisse feliz, que abrisse seu coração para a vida e se mostrasse para o mundo de corpo e alma.

– Eu estou aqui com você, meu amor, espero que tudo se acalme e fique bem... — Ele fala — Sua mãe disse que não quer ver você no velório, mas que irá acontecer às 16:00 da tarde e amanhã haverá a leitura do testamento.
— Incrível, eu sou filho dele e não posso ir ao velório! Pois eu não me importo, eu irei.
— Essa decisão é totalmente sua e se você realmente for... eu irei com você.
— Ok. — Jimin fala se virando para o lado e tenta dormir novamente.
O resto da manhã passou voando, mal havia conseguido dormir, se sentia exausto em um nível máster, o peso que havia em seus ombros era intenso.

ELO FUNESTOWhere stories live. Discover now