08 CONVÊNIO

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Alguns degraus a cima e com a voz que o chamava tendo sessado, Volker sentiu alguém abraça-lo por trás. Uma voz doce e feminina lhe suplicava:

— Não vá meu filho... Porque desistir de tudo? O que ganhará com seu orgulho?

— Não quero ouvir sua voz... Você é a causa de todos esses problemas... — a frieza de Volker estava em seu ápice.

O fantasma de sua mãe flutuava na sua frente. Uma forma translucida de mulher com cabelos trançados e amor transbordante nos olhos de lápis-lazúli. 

— Não foi de mim que herdou essa fraqueza... Posso ser humana, mas fui uma princesa nobre. Eu nunca fugiria de minhas obrigações em troca dessa liberdade vazia... Volte, por que você sabe que deve proteger essa casa. Os tesouros de seu pai não devem cair nas mãos daqueles dragões, pois eles são seus agora. Todo o reino de Meradomum é seu território, vai permitir qu... — A fala dela foi interrompida pelo som dos dragões se libertando do gelo e eles estavam enfurecidos.

Em poucos instantes a forma materializada de seu pai passou por eles na escada.

— Rápido vou segurá-los!

Os dois dragões nem podiam acreditar no que estavam vendo.

— Merak?! Impossível... Então ainda está vivo?

— Essa é a valentia dos dragões, onde dois são necessários para atacar minha criança?

Assim começaram uma luta violenta. Enquanto isso Volker se aproximava do príncipe, deitado sobre a espada nas patas de Merak. O rosto de Abel estava pálio e quase congelado.

— Farei isso apenas para obter mais poder... — resmungou Volker antes de efetuar o juramento.

~ ~ ~

No salão circular a batalha não se dava por ataques mágicos. Merak destruía os outros dois com suas garras e dentes. Escamas prateadas caiam ao chão a cada tapa deferido pela luta selvagem daqueles monstros.

Então o quarto dragão fez sua entrada, era Volker na forma completa. Olhos vermelhos, altura e escamas de um dragão verdadeiro.

Os outros dois nem acreditavam que era ele, até que Merak o cumprimentou e o elogiou pela escolha dizendo o quanto estava orgulhoso do filho. Por fim disse que lhe daria muito mais poder, por fim a materialização de Merak se desfez e a energia deitou sobre Volker que ficou ainda maior que um dragão verdadeiro.

Com um sorriso maléfico colocou os outros dois em terror e sem proferir uma única palavra avançou sobre os invasores, destruindo-os.

~ ~ ~

Quando o príncipe acordou estava deitado em um luxuoso sofá de veludo vermelho e prata, semelhante ao trono de seu pai. Mas, ao contrario de seu palácio, que agora parecia humilde, cada móvel daquela sala era entalhado em pau-ferro e prata. O teto que foi a primeira coisa que viu, era ricamente trabalhado. Ele se sentou com dificuldade, pois ainda estava fraco. Admirando, na sua frente, à sala mais bem decorada que poderia imaginar. Os quadros pareciam imagens reais. Os tapetes almofadas e cortinas, todos em tecidos nobres.

— Tudo muito acima das riquezas dos reis humanos... — pensou Abel antes de ouvir seu próprio estomago roncar, então notou a abandeja de prata a sua frente com uma refeição de bife e legumes, bem preparada, cheirando a manteiga e especiarias.

O jovem engoliu saliva, enquanto pensava se aquilo era real ou seria uma armadilha. Logo seu estômago doeu de fome e o dilema ficou ainda mais difícil.

— Coma longo! — ordenou uma voz atrás dele. Era Volker sentando na cadeira de uma belíssima mesa e, calmamente, tomando uma xícara de chá.

Embora sua forma draconiana fosse completa e com olhos vermelhos, a sua forma humana não mudara, ele ainda possuía a mesma aparência e olhos azuis, ainda por cima estava em posse da espada em sua cintura.

Guerra e DragãoWhere stories live. Discover now