01 A VERDADE

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Imagens inspiradas nas obras de Joseph Zbukvic.

Dedico a meus pais. Seus nomes eternizados como casal.

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"Enquanto a lua cheia banhava minha couraça de prata fria, resolvi olhar aqueles humanos em meu território. Há poucos anos chegaram ali, mas já se multiplicavam como formigas."

As asas do dragão cortavam uma nuvem ao meio com sua envergadura de vinte metros. Ele amava voar, sentir o vento morno da noite agitar a camada fria de névoa que emanava de seu corpo com poder de gelo.

O vale entre rios abaixo possuía uma cidade tímida, protegida por montanhas e uma muralha cercadas de vários guardas sonolentos. Um deles, muito jovem com a armadura maior que seu copo, bocejava até levar um cascudo no elmo.

— Fique alerta fedelho!

— Sim Senhor! Mas... O que é aquilo no céu? — alarmado desembainhou a espada fitando a sombra dar um rasante ao redor da torre, em construção, na lateral de uma das montanhas.

— Não se preocupe é só o dragão Merak vindo pegar seus espólios desse ano. Assaph está segura enquanto o rei mantiver o acordo. — o discurso saiu num tom apreensivo, não tendo o efeito de acalmar o jovem que olhou aflito, embora guardasse sua espada.

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Um palácio rudimentar, construído em pedras amarelas tiradas das montanhas pálidas do local e telhado de madeira coberto por telhas de terracota vermelha, do barro fértil das margens dos rios. 

O dragão de prata pousou elegante com suas assa se fechando enquanto trotava até próximo de uma mesa de pau-ferro com colunas de argola elegantemente esculpidas e vincos que se assemelhavam a garras nos pés da mesa. Por cima um amontoado de livros com capas de couro e rolos de tecido fino, seda e brocados delicadamente bordados.

"O covarde Ziusundra chegou naquela banheira de madeira horrenda e novamente não vem me receber. A filha dele cresceu ao longo desses anos, agora cheira a fêmea madura. Não sei porque aquela formiguinha me desperta tanta ternura."

— Estamos muito felizes com sua visita Merak. Espero que esses presentes sejam do seu agrado — disse a frágil dama de vestido de seda azul se curvando enquanto era vigiada por cinco guardas a dois passos atrás.

O monstro não se importou com aquelas palavras e com sua garra enorme envolveu a mesa com todo o conteúdo, se virando para alçar voo.

— Espere! — implorou a mocinha dando passos corajosos em direção ao dragão e logo sentido o vento frio, que vinha da criatura, bagunçar as mechas loiras que tinha amarrado em trança. — Deve saber que Carkemis declarou guerra ao nosso reino. Aquele velho sádico ousa jogar até mesmo nossas crianças na fornalha...

— O próprio rei não vai a frente defender se povo? — a voz do monstro ecoou tempestuosa enquanto fitava uma janela do palácio, em que a cortina se fechou bruscamente.

Um dos guardas se aproximou da princesa tentando impedi-la de continuar o avanço. Todos receberam um olhar de desprezo do monstro antes dele virar e abrir as asas novamente.

Guerra e DragãoWhere stories live. Discover now