18 AGONIA

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Um humano minúsculo comparado com aquele monstro, fez a ponta da espada deslizar sobre as placa do rosto do dragão até cravar entre as escamas e nesse ponto toda a face monstruosa foi congelada.

Equilibrando-se no gelo o príncipe teve dificuldade em retirar sua espada. Mas foi um erro puxa-la. Com a rachadura criada todo o gelo começou a quebrar.

Abel escorregou e se segurou a muralha que antes protegia seus homens. O dragão se sacudiu despedaçando o apoio nos pés do príncipe. Caído no chão quase foi esmagado pelas garras do monstro que desceram sobre ele. 

Abel desviou rolando para o lado e logo se levantando, mas da pisada da criatura brotaram estacas de gelo que atingiram as pernas do príncipe e congelaram a espada.

Abel segurou a dor, mas ouviu o uivo aflito do dragão que tombou a face. No mesmo instante o gelo nas pernas e espada do príncipe recuaram.

Arregalando os olhos ele não conseguia acreditar.

— Volker!? 

Mas não houve resposta. O dragão rosnou de dor e avançou com seus dentes.

Abel bramiu sua espada que gerou um arco azul no ar e se chocou contra os dentes da criatura. O monstro fechou a mandíbula e recuou.

Maravilhado com o ataque novo e vendo que fez efeito, o príncipe cortou o ar mais duas vezes, enviando esse arco azul contra o pescoço e peito da criatura.

— Volker!? É você!? 

O dragão não respondeu, mas agitou as asas e a força do vento desequilibrou o príncipe.

Com um joelho no chão e o braço protegendo os olhos Abel percebeu tarde de mais que era um alvo fácil e o dragão usou seu soprou frio congelando-o. Mas no meio do sopro o dragão se engasgou e tombou a face se contorcendo de dor. Abel se salvou com o corpo parcialmente congelado.

Tentou se erguer, contudo tombou, respirando ofegante com seu nariz e lábios roxos de frio.

— F-fu-ja... — resmungou o dragão.

— Então é você mesmo Volker?... — quis saber o príncipe se esforçando para ficar de pé.

O dragão não respondeu e tentou soprar frio novamente. Abel cravou a espada no chão para se apoiar e também criar uma barreira.

Quando o sopro acabou ele desfez a barreira e usou todas as suas forças em uma rajada de estacas de gelo. As estacas se propagaram pequenas em linha reta, quando se aproximaram do peito do dragão se tornaram gigantescas. Atingido num lugar crítico o monstro se ergueu nas pernas traseiras para evitar um dano maior. Vendo o peito exposto Abel lançou três arcos azul no ar atingindo-o.

Tombando para a lateral a criatura começou a pronunciar palavras mágicas e uma enorme tempestade começou a se formar. Imediatamente pedras de granizo caíram atingindo o príncipe que se refugiou no que sobrou da muralha.

Sentindo a água fria da chuva corre em seu corpo Abel tentou novamente.

— Volker, se for você, ordeno que pare agora! — as palavras de Abel tiveram um efeito inesperado. O dragão ficou descontrolado, fazendo brotar estacas, destruindo tudo a sua frente e urrando uma mistura de raiva e lamento.

A chuva e o granizo não se concentrava mais, apenas sobre Abel. A tempestade estava crescendo e as pedras tilintavam sobre as escamas do dragão.

Ao longe os soldados assistiam a tempestade que se formara. Ian não se conteve.

— Vou voltar e ajudar o príncipe!

— Ficou louco? — um dos oficiais tentou impedi-lo.

— Só vai atrapalha-lo — gritaram os oficiais de Mernes o agarrando.

No campo de batalha o dragão finalmente se acalmou. Respirava ofegante sob a chuva e entre estacas. Abel permaneceu escondido atrás do gelo observando o momento certo para um golpe.

Surpreendentemente a tempestade começou a regredir ao mesmo tempo o tamanho do dragão diminuiu até desaparecer entre as estacas.

O príncipe saiu de seu esconderijo e correu entre as torres de gelo até avistar a forma humana.

— Volker... — sussurrou Abel sem acreditar.

Ele tossia sangue, uma de suas mãos estava sobre o peito. Mas percebendo a aproximação Volker atirou lanças de gelo. O príncipe as destruiu no ar usando a espada.

— Ordeno que pare Volker!

As ordens só causaram fúria nele que avançou de mãos vazias e Abel então percebeu que seus olhos não se tornaram azuis, mas estavam vermelhos sangue, emanando uma magia estranha. 

Assustado teve que lançar uma rajada congelante transformando aquela forma humana em estatua.

Os olhos vermelhos se destacavam, mas todo o rosto de Volker estava maquiavélico. O príncipe estava triste e confuso.

— Que expressão é essa Volker? O que aconteceu com você?...

Com a adrenalina diminuindo ele sentiu seu corpo esfriar novamente e teve que afastar as mãos para aquece-las.

— Volker... Sai dai e me conte o que aconteceu... — suplicou Abel com os olhos enchendo de lágrimas.

Finalmente notou uma mudança na cor dos olhos de Volker que gradualmente foram se tornando azuis. Imediatamente Abel golpeou o gelo com a espada e ele se desfez.

O príncipe teve que segura-lo em seus braços e o chamou várias vezes, mas ele estava desacordado e não pode responder. Mais uma vez Abel o carregou nas costas.

~ ~ ~

Nessa altura Ian não podia esperar mais.

— A tempestade se desfez! Fiquem aqui eu verei o que aconteceu!

Assim ele correu sozinho sobre as pedras de gelo até encontrar Abel arrastando Volker entre as torres de gelo. A alegria do príncipe foi enorme ao vê-lo.

— Aqui! Que bom que veio Ian, preciso de ajuda para tira-lo daqui... — as palavras soaram fracas porque o príncipe estava exausto pálido e roxo de frio.

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Guerra e DragãoWhere stories live. Discover now