Crying in the club

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"Nota autora:
Essa história é toda em primeira pessoa, mas existe a versão de outra pessoa em cada cap. Já notou o título deles?

Esse continua onde o último parou.

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Ninguém fala sobre ir embora quando ainda se há amor.

Não ter dado certo não significa que o amor nunca existiu, só mostra que mudamos a ponto de não nos reconhecermos mais no outro. Não é um fracasso, é uma mudança.

Não há como apagar o cheiro do outro em nós, sempre haverá aquele aroma que nos transporta para algum momento, para alguém.

Se houve amor, sempre será amor. Ele só muda com o tempo, com nossas mudanças, com nossa história. A distância dos corpos amortece os sentimentos.

O amor que tive está na história que me mudou; as cicatrizes que tenho são lições que aprendi sangrando.

A vida as vezes muda as regras do jogo e joga os dados quando a gente não quer jogar, e eu não queria. Não queria que Ashley tivesse ido embora, não por ela, por mim. Isso me mudou.

Agora sou cautelosa, tenho medo de ser intensa, me jogar de cabeça e perecer na lama. Prefiro, muitas vezes, recuar alguns passos e pisar nos espinhos das rosas que eu mesma plantei.

Estou cansada de ser usada, cansada de ter medo que o outro vá embora, é mais fácil abandonar do que ser abandonada, nunca irei me orgulhar disso.

Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e peguei meu celular, a curiosidade batendo em mim.

Procurei pelo nome dela, ou melhor, o nome artístico da Ashley.

Vídeos de turnê, vídeos promocionais e fotos e mais fotos photoshipadas. Não senti nada, não consegui sentir nada. Era como uma estranha para mim, uma estranha que eu conhecia o sabor da boca, o latejar do corpo e o cheiro de shampoo dos cabelos. Será que ainda usa o mesmo shampoo? Se é uma estranha, por que estou procurando por ela?

Digitei o nome da Camila na pesquisa do Instagram, era uma estranha que eu conhecia. Não era uma surpresa que ela me seguia.

Me surpreendi pela quantidade de seguidores. Havia muitos vídeos, muito mesmo.

Os pingos dos meus cabelos caíram na tela do celular, quando fui secar curti um vídeo sem querer. Tirei a curtida, será que ela ainda conseguiria ver? Era um vídeo da Camila se divertindo em um supermercado com outra mulher. Uma vibe bem caótica, confesso que amei o gingado.

Outros vídeos vieram dela dançado, selfies de boné, danças com amigos, trends engraçadas e muitos, mas muitos vídeos dela caindo ou se assustando, não sei como ainda está viva.

Ri com vídeos dela espontânea, sem maquiagem, dançando em casa enquanto se preparava para dormir ou cozinhando ovos. Pulei os vídeos em que ela estava cantando em dueto com musicistas; ela disse que não sabia cantar, correto? Então protegi meus ouvidos. Parecia que ela criava uma letra em cima de músicas, ou seria cover? Optei por não arriscar.

E estava lá, um vídeo dela na praia dançando de um jeito muito latino, o que me recordou que ela era latina. Acho que o vídeo tinha 15 segundos ou menos, mas para mim pareceu demorar uma hora. Aquela música estava impregnada em meu ser devido as repetições que teve. Meus filhos nasceriam cantando "Dame tu cosita", tenho certeza.

Meu celular vibrou, dei um pulo na cama de susto, como um adolescente pego fazendo algo errado. Eu não estava fazendo nada errado, stalkear não é crime, eu acho.

Era um número estranho, atendi e uma voz masculina desconhecida falou meu nome.

- É a Lauren?

O tom era ríspido, respondi desconfiada que sim.

Intersex - a história  de LaurenTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang