Easy

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As vezes cometemos erros porque temos medo de errar, ou de ser machucado. Não seria mais fácil simplesmente aceitar o outro? De tornar a relação mais fácil entre duas pessoas?

Mas aí me recordo que já fui "mais leve" nos relacionamentos, já confiei mais. E isso me trouxe machucados que até hoje não cicatrizaram.
O amor é um lugar extremamente solitário quando só um ama, não quero mais amar, não quero mais sentir toda aquela dor de novo. Não vou assistir a um filme de drama que sei que vou chorar no final.

Já amei e sofri, criarei imunidade contra o amor. Será como catapora ou caxumba, não serei mais vítima dele.



Subimos as escadas do prédio, sem eu saber o motivo minhas mãos estavam suando enquanto ela abria a porta.
Fixei meus olhos na grande quantidade de chaveiros de pelúcia que ela tinha, me perguntando como ela conseguia achar a chave no meio daquilo.

— Possivelmente minha irmã estará na sala assistindo TV, vamos pro meu quarto direto, ok?

Apenas concordei com a cabeça e entrei, ela fechou a porta atrás de mim fazendo um barulho alto, que me fez pular de susto.

— Desculpa, se não fechar assim ela não fecha. — Camila confidenciou timidamente.

Uma cabeça apontou do sofá. — E aí, Kaki? Como foi a noite?

Camila bufou e colocou a chave sobre a mesa. — Um desastre como sempre.

— Que merda, hein. Ei Lauren! — Ela me cumprimentou balançando a mão com força.

Acenei de volta, mas timidamente. Camila foi em direção ao quarto, eu a segui.

— Já vai pra cama? — A voz da Ally parecia desapontada.

— Estaremos no meu quarto, boa noite, pequena.

Pequena? Elas eram praticamente do mesmo tamanho.

— Noite, deixei chocoargo e red velvet pra você na cozinha.

— Você sabia que te amo? — Camila mandou um beijo pra ela.

— Não me ama o suficiente pra eu ser sua irmã favorita, então não.

Fingiu emburrar e eu sorri. Camila pegou uma caixinha na cozinha e fomos para o quarto.

Sentei na cama e a observei mexendo no guarda roupa. Ela me entregou uma blusa e um short.

— Acho que vai te servir. Vou no banheiro trocar de roupa.

Gostei muito da privacidade. Troquei de roupa e deitei debaixo do cobertor a esperando. Camila voltou pouco depois e se deitou na cama comigo, me entregando o controle da TV.

— Eu só tenho amazon, pode escolher o que quiser.

Eu não estava no clima para séries, após algum tempo rodando o menu, me virei para Camila, ela olhava a tv, mas sua mente estava longe.

— Tá tudo bem?

Ela me sorriu. — Tá sim.

Ficamos em silêncio, coloquei no Young Sheldon, nem sei porque, não assisti a série que ele veio. Fiquei entediada e me virei para Camila que me olhou surpresa.

— Seus amigos te tratam sempre daquele jeito?

— Nem sempre. Chiara e eu sempre brigamos. E o Honey estava de mal humor, mas as vezes ele meio que se cansa de mim. — Ela mordeu o lábio inferior, parecia ansiosa.

— Você não deveria ter que aturar isso.

— Acho que já estou acostumada.

Virei completamente para ela, a encarando, ela fez o mesmo. — Por que está acostumada?

— Fui muito intimidada no colégio, a professora de tênis até me usava como exemplo do que não fazer. Acho que trouxe isso pra vida.

— Te entendo. Mas se você não se sente bem perto deles, você não precisa ficar perto deles.

— Meio difícil. — Ela levantou uma sobrancelha e fez um biquinho. — Eu trabalho com eles.

— Sim, eu sei. Mas você pode se manter distante, não aceitar convites e deixar claro quando não gostou de uma brincadeira.

— Mas nem sempre eles são diretos, as vezes falam algo e depois, tipo, falam "tô brincando".

— Só responder "então seja mais engraçado".

— Mas aí eu estarei sendo rude, eles podem ficar magoados, sabe?

Passei a mão no cabelo dela. — Você está ficando magoada. E você não precisa ser amiga de todos. Quem é amigo de todos não é amigo de ninguém.

Ela roçou o rosto em minha mão. — Tenho medo de ficar sozinha.

— Você só ficará sozinha se quiser. Pelo que vi, a sua irmã ali na sala gosta muito de você.

— E o Tony também.

Mordi minha língua para não falar como ele "gosta dela". Conheço bem aquele olhar.

— E eu tenho você. — Ela sorriu com aqueles dentinhos um pouco tortos — Você também é minha amiga e, tipo, tá aqui hoje comigo e me defendeu lá.

— Volto a dizer: seus amigos são idiotas. — Olhei para o nada por alguns segundos— Pera... o nome do seu amigo é Honey (mel) mesmo?

— Acho que sim. Todos chamam ele assim, até nas apresentações. — Camila sorriu para si mesma — Ele se sentiu intimidado por você.

— Posso ser intimidadora as vezes. — Me virei de repente, prendendo Camila debaixo de mim e falei brincando. — Cala a boca.

Camila engoliu a seco. — Faça me calar.

Abaixei a cabeça e rocei os lábios nos lábios dela.

— Isso é tudo que você tem? — Ela falou provocativamente.

A beijei com intensidade, ficamos alguns segundos assim, um beijo molhado, quente, com sede e vontade. Tentei sair, mas ela se soltou e segurou minha nuca, sorri e aprofundamos o beijo novamente.

Ela afrouxou o aperto para tentar tirar minha blusa, me sentei e a tirei, ela fez o mesmo com a dela. Quando voltei, ataquei o pescoço dela e ela gemeu, peguei o controle da TV e aumentei o som, não queria causar uma má impressão a irmã dela... de novo. Por que ela tinha que estar sempre em casa?

Senti ela puxando meu short, fiz o mesmo com o dela e não foi uma novidade perceber a calcinha vermelha bem provocativa que ela usava. Aquilo não era calcinha de dormir, e não deveria ser tirada antes de ser apreciada.

Fui dando beijinhos pelo caminho até chegar naquela renda vermelha, fui simulando um oral por sobre o tecido.

— Porra, não provoca.

Voltei e a segurei pelo pescoço, a trazendo para um beijo rápido. — Eu faço o que eu quiser, você é minha.

Voltei a renda vermelha e a afastei de lado, ela estava completamente molhada, muito quente. Retirei a calcinha e fiz o que tanto queria a semanas. A devorei com vontade, Camila gemia alto, se contorcia na cama e puxava os lençóis.
Os gemidos dela preencheram o quarto, acredito que tenha abafado o som da série, mas minha concentração estava na respiração agitada dela, em ver ela abrindo e fechando a boca, franzindo as sobrancelhas e lutando para ficar quieta.

Ver ela tremendo quando chegou o orgasmo foi o ápice para mim. Queria tanto isso mais vezes.

Ela me puxou para um beijo e tentou tirar minha box feminina, segurei sua mão.
— Acho que você precisa de um tempo, deve estar sensível agora.

— Acho que consigo. Já fizemos isso antes. — Tentou tirar novamente segurando o meu cós, mas tirei sua mão.

— Eu estou um pouco cansada e pela sua carinha de sono, você deve estar exausta.

Ela sorriu e puxou o cobertor se cobrindo. — Obrigada. Tô morta mesmo.

Levantei e vesti a blusa e short. Sentei na ponta da cama e mandei uma mensagem avisando a Dinah meu paradeiro. Senti braços me abraçando.

— Você vai dormir aqui hoje?

Sorri. — Eu disse que ficaria.

— Só me certificando.

Entendi o receio dela, eu a abandonei antes, naquele mesmo quarto até.

Voltei para a cama e me cobri junto a ela. Ela passou um braço por minha cintura.

— Lauren, você acha que alguém nos ouviu?

— Possivelmente o quarteirão todo.

Ela engasgou e me olhou assustada.

— To brincando, relaxa Camz. — Dei um beijo na cabeça dela. — Acho que deu tudo certo.

— Você quer Donuts? O red velvet é meu preferido, fica com o chocoargo.

— Como você consegue comer isso e manter esse corpo?

Ela riu. — Ao menos as mortes súbitas que tenho na dança estão dando resultados.

A observei pegar a caixinha e devorar o donut. — Estão dando resultados sim. Você está uma delícia.

Ela riu com a boca vermelha pela cobertura do doce. A observei comer, ela me deu para experimentar, era cítrico, lembrava limão e frutas vermelhas, o preferido dela tinha um gosto tão estranho.

Coloquei uma mecha do seu cabelo para trás da orelha. — Como conseguiu essa cicatriz no queixo?

Camila pegou o outro donuts. — Quando eu era criança eu saí do banho e achei que seria uma ideia incrível pular corda com a toalha. No primeiro pulo fui de cara no chão.

Não aguentei e ri alto, Camila me acompanhou no riso e me entregou o donuts. — Experimenta, acho que você vai gostar.

Fiz carinha de nojo propositadamente e dei uma mordida com Camila ainda segurando o donut. Acho que mordi um pedaço do céu, porque era perfeito.

— Tem certeza que você não quer? — Perguntei com a boca cheia de chocolate.

— Tenho.

— Então por que sua irmã comprou?

— Acho que tipo, é pra você. Pra... — ela corou — Acho que é pra repor as energias.

Fui promovida a tomate. — Então sua irmã sabe que... — apontei entre eu e ela.

— O marido dela e ela já nos escutaram antes.

— O Tony já ouviu? — Esse eu queria muito que tivesse escutado.

Ela enrugou o nariz.— Acredito que não, tipo, ele trabalha a noite e dorme no sofá ali na sala quando chega de manhã. Sempre fizemos a noite, então...

De repente me deu uma vontade fazer amor com a Camila naquele sofá. Respirei fundo e afastei os pensamentos. — Posso te pegar no sábado? Pro Natal.

Camila sorriu e lambeu os dedos vermelhos do creme. — Claro. Vou estar te esperando. — Sorriu largo.

— Sabia que amo esses dentinhos seu.

Ela corou e sorriu tímida. — Sempre odiei, eles são meio tortos.

— É uma das coisas que acho mais linda em você.

— Acho que gosto deles agora.

Fui beijá-la e ela se esquivou. — Que foi?

— Eu sou alérgica a nozes. Nesse donut aí tem nozes na cobertura.

Levantei a sobrancelha surpresa. — Então me empresta uma escova de dente? Quero te beijar antes de dormimos.

Ela sorriu, um sorriso que fez meu corpo aquecer. — Claro. O que você quiser.


Droga!

Tomara que esse frio no meu estomago seja o donuts e tomara que meu coração acelerado seja uma taquicardia.

Droga!

Não posso estar me apaixonando!

Intersex - a história  de LaurenOnde histórias criam vida. Descubra agora