𝐓𝐇𝐎𝐌𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐄𝐒𝐒𝐖𝐄𝐋𝐋, rastro de sangue

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𝐏𝐄𝐃𝐈𝐃𝐎 𝐏𝐎𝐑 @Morcego_de_Prythian

Ao entrar na sala de autópsia de Thomas, sou recebida pelo forte cheiro de produtos químicos que ajudam na conservação do corpo que vamos utilizar para o estudo de hoje. Depois de meses viajando e resolvendo crimes por todo o mundo, enfim decidimos voltar para Londres e fazer o que mais gostamos, abrir e estudar corpos. E nada além disso. Sem assassinos, sem polícia, apenas corpos.

Thomas, com sua habitual elegância e charme, estava totalmente imerso e com as mãos ocupadas com um fígado quando finalmente coloquei meu avental e as luvas. O brilho pálido da luz sobre os instrumentos cirúrgicos contrastava com a intensidade de seus olhos, focados em cada detalhe do corpo diante dele.

Olhando para ele agora, sentia que estava em casa novamente.

— Está atrasada — Thomas fez questão de evidenciar.

— Eu sei, senhor certinho.

Quando me aproximei da mesa, Thomas me deu espaço para dissecar o corpo enquanto relia as anotações meticulosas em seu caderno. Não importava onde estivesse, ele sempre levava seu caderno para todos os lugares.

— Você realmente ama o que faz, não é mesmo? — Thomas comentou, deslizando um fio de cabelo que caía sobre o meu rosto para trás da orelha.

— Você sabe que sim, é fascinante. Descobrir os mistérios do corpo humano, entender como tudo se encaixa. — Sorri, ainda concentrada na dissecação. — E sei que sente o mesmo que eu.

O ambiente frio e clínico da sala de autópsias não era exatamente o cenário romântico típico, mas ainda assim conseguimos formar uma conexão única. Conheci Thomas há três anos, e, desde então, estamos juntos. Mesmo com sua personalidade duvidosa e muitas vezes irritante, acabei me apaixonando por ele.

Tomando uma respiração profunda, ele interrompeu seu discurso sobre as características do fígado e se virou em minha direção. Nossos olhos se encontraram, e ele sorriu, um sorriso que continha muito nervosismo.

Isso era estranho.

Desde que o conheci, quase nunca vi Thomas nervoso ou fora de controle. Repentinamente, me senti curiosa demais. Era muito difícil decifrar as expressões e os sentimentos dele, mas, neste momento, ele parecia um livro aberto pronto para ser explorado.

Thomas olhou inquieto para uma das estantes de metal atrás de mim, mas quando fiz menção de olhar na mesma direção, ele rapidamente segurou meu rosto com uma das mãos e me fez encará-lo.

— Há um mistério que eu gostaria de desvendar hoje. — Ele suspirou, deixando seu caderno de lado.

— E qual seria esse mistério, Sr. Cresswell?

— Que tal olhar naquela estante?

Meus pés se moveram automaticamente, indo até a estante que ele estava observando com afinco apenas alguns minutos atrás. Olhei atentamente cada espaço, cada pote de vidro fechado, e não encontrei nada. As únicas coisas ali eram alguns órgãos que Thomas e eu retiramos e guardamos apenas uma semana antes. Não eram muitos, apenas dois corações, dois rins e um fígado, como aquele que segurei assim que cheguei na sala.

— O que, exatamente, estou procurando?

— Nada — ele riu — apenas precisava que você se distraísse por poucos minutos.

Uma pontada de irritação atingiu meu estômago, não acreditei que ele estava fazendo brincadeirinhas idiotas comigo novamente. Antes de me virar para ele, respirei fundo, me preparando para voltar ao corpo aberto na mesa de metal frio, onde meus utensílios ainda estavam posicionados. Assim que me virei, me deparei com ele, uma caixinha de veludo, e uma cena que nunca imaginei ver na vida.

Thomas não estava ajoelhado, mas a caixinha de veludo vermelho estava em suas mãos, um pouco acima do corpo no qual eu estava trabalhando. Dentro da caixinha, um anel delicado se destacava. A pedra central brilhava intensamente, enquanto o círculo dourado era intrincado com decorações um pouco esquisitas, mas ainda assim eram bonitas. Meu coração acelerou como nunca havia acelerado. Ele batia tão rápido que, por um segundo, cogitei abrir o meu peito para tentar compreender o que estava acontecendo ali dentro.

— Eu tenho estudado muitas coisas ao longo da minha vida, mas a coisa mais fascinante, a mais complexa e intrigante de todas, é você. Cada momento ao seu lado é como desvendar um mistério, e eu mal posso esperar para explorar todos os capítulos que o futuro reserva para nós. — Ele ficou em silêncio, e então eu o incentivei a continuar. — Eu não quero passar mais um dia sem ter a resposta para a pergunta que está no meu coração. Você aceita ser minha parceira vitalícia em todas as investigações e em todas as aventuras que a vida nos reservar?

— Você sempre encontra uma maneira única de me surpreender. — Eu sorri para ele, sentindo uma mistura de emoção e felicidade. — Sim, Thomas Cresswell, eu aceito. Aceito ser sua parceira em todas as investigações e em todas as aventuras que a vida nos reservar. Aceito ser sua esposa.

Ele sorriu abertamente, um sorriso que apenas acentuou sua beleza natural.

— Que bom que disse sim, futura Sra. Cresswell.

Assim que deu a volta na mesa, Thomas se aproximou e colocou o anel delicadamente em meu dedo, e em seguida trocamos um abraço apaixonado em meio ao laboratório, selando não apenas nosso compromisso, mas também mais um emocionante capítulo de nossas vidas que seria lembrado para sempre.

𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒, universo literário [EM REVISÃO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora