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Cecília Albuquerque

A gente já tinha rodado a casa toda e nada de achar o Felipe, o Enzo já tava ficando muito puto.

— Já liguei pra ele 7 vezes e nada desse filho da puta me atender. - Falou bravo — Na moral, mudo meu nome se eu continuar sendo amigo dele depois de hoje.

— Calma, a gente vai conseguir achar ele em algum momento. - Tentei acalmar ele — O único lugar que não procuramos foi dentro dos quartos. - Falei fazendo careta, conseguindo arrancar uma risada dele.

— Nem fudendo que eu entro nesses quartos aí. - Falou fazendo cara de nojo.

— Muito menos eu. - Falei me sentando em um banquinho encostado na parede — Enzo, aquele ali não é o Felipe? - Apontei pra um menino que virava um litro de vodka na boca, com um monte de gente em volta aplaudindo e incentivando.

— É ele, pô. Reconheço de longe esse viado. - Falou indo na direção que eu apontei e eu corri atrás dele na mesma hora.

— Enzoooo. - Felipe gritou comemorando quando viu ele — Esse aqui é o meu super irmão do peito, rapaziada. - Falou totalmente embolado se apoiando na parede pra não cair.

— Super irmão do peito o caralho, vamo logo. - O Enzo disse sério passando o braço do Felipe ao redor do pescoço dele, ajudando o bebinho a andar.

— Ah não, mas aqui tá resenha demais, pô. - Felipe tentou argumentar — Não quero ir embora.

— Cala a porra da boca, você não tem que querer nada. - O Enzo respondeu o Felipe e eu segurei a risada pela resposta — Bêbado não tem local de fala.

— Até você veio atrás de mim, loira. - Felipe falou comigo assim que notou a minha presença — Eu realmente devo ser muito importante.

— Se não fosse importante, não estaríamos aqui em plena 3h30 da manhã né, Felipe. - Falei ajudando o Enzo a levar ele.

— Caralho, eu amo muito vocês, na moral. - Felipe gritou jogando a cabeça pra trás.

— Se continuar com essa viadagem, eu te deixo jogado aqui no chão. - O Enzo ameaçou e o Felipe fingiu que trancou a boca.

— Nossa cara, mas você também só se enfia em festa lotada em. - Falei pela dificuldade que tava de chegar até a porta com o horror de pessoas dentro de uma mini casa.

Depois de uns três minutos tentando sair da casa, finalmente conseguimos.

O Enzo colocou o Felipe dentro do carro e prendeu o cinto nele, que resmungou alguma coisa, mas nem demos atenção.

Entrei no banco de passageiro e o Enzo no banco do motorista, dando partida com o carro em seguida.

— Onde você vai deixar ele? - Perguntei pro Enzo.

— Em alguma caçamba de lixo qualquer. - Falou sério e eu olhei pra ele na mesma hora assustada — To brincando, pô. Eu jamais seria capaz disso.

— Sei não, viu. - Falei desconfiada — Eu que não duvidaria disso.

— Vou deixar ele na casa dele, o André que se vire. - Respondeu a pergunta que eu tinha feito e eu concordei com a cabeça.

— Vocês tão falando de mim como se eu não tivesse aqui. - Felipe falou com voz de morto no banco de trás e a gente só ignorou mesmo.

Chegamos na casa do Felipe e o Enzo desceu do carro ligando pro irmão do Felipe, que saiu de dentro da casa em alguns minutos.

— Aqui ó. - Enzo apontou pro Felipe — Tava doidão em uma festa que nem ele sabia onde era e ainda deixou o carro dele lá no show.

— E aí, Ceci. - O André simplesmente ignorou o Enzo e sorriu pra mim.

— Tu ouviu o que eu falei? - O Enzo perguntou cruzando os braços e fechando a cara.

— Ouvi, pô. - Voltou a atenção pro Enzo — Vou cuidar dele, pode deixar. - Falou pegando o Felipe de dentro do carro com ajuda do Enzo — Só não vou conseguir ir buscar o carro.

— Eu pego lá. - O Enzo disse mexendo no bolso da calça do Felipe e pegando a chave do carro — Daqui uns minutos trago aqui. - Falou e o André concordou arrastando o Felipe pra dentro da casa.

— Essa madrugada tá sendo foda viu. - O Enzo disse bufando ligando o carro e eu só concordei.


Chegando no local onde tinha acontecido o show, só tinha o carro do Felipe no estacionamento.

— Como vamos fazer? - Perguntei assim que o Enzo estacionou perto do carro do Felipe.

— Eu levo o carro dele e tu leva o meu. - Sugeriu e eu balancei a cabeça — Aí eu vou na frente e você me segue.

— Tá bom. - Falei soltando o cinto e descendo do carro, vendo ele fazer o mesmo.

— Aqui. - Me entregou a chave do carro e me deu um selinho antes de sair.

Entrei no carro do Enzo, só que agora no banco do motorista e fui seguindo atrás dele.

Chegamos na casa do Felipe, o André abriu o portão e o Enzo estacionou na garagem. Ele falou alguma coisa pro André antes de vir na minha direção.

Desci do carro e entreguei a chave pra ele, trocando de lugar novamente.

— 4h da manhã já. - Falei olhando as horas no meu celular e o Enzo ligou o carro indo em direção à minha casa.

— Se isso é aventura, não quero me aventurar nunca mais. - Falou sincero e eu gargalhei — Na moral, tu vai ver se eu não vou esculhambar o Felipe amanhã.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora