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Enzo Martins

Depois de deixar a Cecília em casa, resolvi assistir um documentário que achei maneiro e nem percebi quando dormi, só acordei no outro dia com o meu despertador sem entender nada.

Vi que tinha umas mil mensagens do Felipe e eu ri sozinho meio que já sabendo do que se tratava.


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Felipe viado 🦌

       Felipe viado 🦌: Porra mano 19h15
       Felipe viado 🦌: Eu sei que vacilei cntg, mas tb não precisa me deixar sozinho no meio de todo mundo parecendo um sem amigos né viado
       Felipe viado 🦌: Cadê tu, parceiro 19h23
       Felipe viado 🦌: Cadê tu porraaaaa 19h31
       Felipe viado 🦌: Caralho arrombado 19h35
       Felipe viado 🦌: To vendo a Amanda bem ali
       Felipe viado 🦌: Se ela vier na minha direção, eu me mato
       Felipe viado 🦌: Aposto que isso é coisa tua
       Você: De nada, irmão ✌🏻 7h23h
       Você: Tu nem merecia esse meu favor dps do que aprontou cmg
       Você: Mas sou humilde e gosto de fazer caridades

      Fui pro banheiro fazer minhas coisas matinais imaginando as suposições do que poderia ter rolado entre os dois pombinhos no Outback ontem.

     Espero de verdade que esses dois se resolvam 100% pra ver se o Felipe toma algum jeito, pareço pai do moleque.

     Falando em pai, quando desci pra tomar café vi o carro do meu na garagem. Ele deve ter voltado de madrugada, não sei dizer.

     Tomei café voado, subi pra escovar os dentes e levei a Lara pra escola pra poder ir pra faculdade.

     Assim que estacionei, já vesti meu jaleco porque hoje é dia de aula prática.

    Mais uma vez chego no laboratório e o Felipe já tá lá, moleque nem deve ter dormido.

— Tu me paga. - Ele disse me olhando, mas como usamos máscara, eu não consegui presumir se ele tava sorrindo ou não.

— Tu que tá me devendo até a próxima vida e mete essa. - Respondi enquanto colocava minhas luvas.

— Porra, vai perguntar como foi lá não? - Ele disse depois de eu passar uns três minutos sem falar mais nada, me arrancando uma risada.

— To esperando tu falar alguma coisa, ué. - Respondi tentando me concentrar na mistura que estávamos fazendo pra usar como molde.

— Moleque, deu bom cabuloso esse seu plano de merda. - Ele falou provavelmente com um sorrisão por baixo da máscara — Consegui ter uma conversa sincera com a Amanda e até ficamos na hora de se despedir, pô.

— É isso aí, parceiro. Espero que dê tudo certo pra Amanda te colocar na linha, porque tá precisando. - Fui sincero e ouvi a risada baixa dele.

— Duvido. - Respondeu baixo, concentrado.

— Meu pau no teu ouvido. - Falei automaticamente, no mesmo tom que ele.

— Meu ouvido não escutou, pau no cu de quem falou. - Me respondeu e eu contorci de rir junto com ele, percebendo que esse puto tem alguns neurônios parecidos com os meus — Te amo, moleque. - Veio com declarações pra cima de mim.

— Sai daqui, viado. Foi só uma risada juntos, não emociona não. - Falei parando de rir na hora e ele me chutou.

[...]


Fomos liberados pro intervalo e fomos andando até onde era a lanchonete.

Fechei a cara assim que vi de longe um colega de turma conversando com a Cecília, babando nela.

— Caralho, viado. Ali não é o Fábio conversando com a Cecília? - Felipe perguntou me olhando com os olhos arregalados.

— Sei lá, porra. Vai lá perguntar se é ele. - Falei sem paciência e o Felipe levantou as mãos como forma de rendição — Vem encher meu saco não.

Fui andando na frente, deixando o Felipe pra trás, e fui até a lanchonete comprar um sanduíche natural que eu gostava pra caralho.

Sentei numa mesa que tava livre e o Felipe veio logo atrás com o gatorade dele, sem falar nada só me olhando.

— Fala, Felipe. Prefiro que tu fale alguma coisa do que fique me olhando com essa sua cara. - Falei respirando fundo.

— Eu só acho que você deveria meter uma porrada no Fábio, maluco tá dando ideia na tua mina. - Respondeu sugestivo, como quem não quer nada.

— A Cecília não é minha mina. Ficamos mas não temos nada sério, ela pode ficar de papinho com quem ela quiser. - Tentei dizer de uma maneira convincente sem olhar pra ele.

— Vem com essa pra cima de mim não, caralho. Eu sei que você fica só com a Cecília, então ela é sua mina sim. - Falou bravo — Já que não quer bater nele, bora sabotar a misturinha dele da aula prática pelo menos.

— Não, Felipe. Tu tem quantos anos, parceiro? - Perguntei balançando a cabeça indignado — A Cecília tá vindo com a Amanda, cala a porra da sua boca agora. - Falei disfarçando e ele fez o mesmo.

     A Amanda cumprimentou o Felipe e depois veio me cumprimentar, a Cecília fez o mesmo que ela.

— Do que vocês estavam falando? - A Amanda perguntou do nada tomando um gole do gatorade do Felipe e eu lancei um olhar mortal pra ele pensar duas vezes na respostinha dele.

— Sobre a aula prática de hoje. - Respondeu rápido me fazendo relaxar o semblante, agradecendo mentalmente por isso.

     Ficamos ali conversando, na verdade os três, porque da minha boca não saia uma palavra.

    O Felipe saiu andando com a Amanda, filho da puta maldito do caralho, fazendo eu e a Cecília ficarmos sozinhos.

— Você viu que nosso plano deu certo? - Cecília perguntou toda feliz quebrando o silêncio e eu apenas balancei a cabeça concordando olhando pra um ponto qualquer — Tá tudo bem?

— Tá, ué. Por que não estaria? - Perguntei olhando diretamente pra ela, que me olhou confusa.

— Sei lá, eu que te pergunto. Tá todo esquisito. - Foi sincera, me estranhando.

— To suave. - Respondi seco e ela respirou fundo.

— Já que você diz, quem sou eu pra discordar. - Falou forçando um sorriso — Tchau, vou pra aula.

    Veio se despedir de mim e eu permaneci do jeito que eu tava, apenas concordando com a cabeça.

    Ela me olhou por uns 2 segundos e saiu do meu campo de visão.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora