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Enzo Martins

— Eu não quero ir pra escola. - A Lara falou de pijama rolando pela cama.

— Hoje é o último dia da semana de ir pra escola, pequena. - Falei destampando ela da coberta — Já é sexta.

— Mas eu não quero. - Falou fazendo birra com um bicão.

— Mas não tem que querer, Lara. Tem que ir. - Falei um pouco mais firme porque se não ela me enrolava o dia todo — Vou terminar de me arrumar e quando eu voltar quero te ver pronta. E é pra obedecer a Flávia.

Voltei pro meu quarto pra realmente terminar de me arrumar e pegar minhas coisas pra ir pra facul.

Quando passei no quarto da Lara, ela já tava arrumada, com a mochila nas costas e de cara feia pra mim.

Não quero nem imaginar o que eu vou passar quando ela crescer e tiver tpm.

— Vamos. - Falei pegando a chave do carro e ela saiu pisando duro com os braços cruzados.

Olhei pra Flávia e neguei com a cabeça, fazendo ela rir.

— Filho, que bom te ver aqui ainda. Quero falar com você. - Meu pai falou descendo as escadas.

— O quê? - Perguntei olhando pra ele um pouco agoniado pelo atraso.

— Nesse fim de semana vou pra Fortaleza dar uma palestra e tava pensando em levar você e a sua irmã. - Ele falou pegando minha irmã no colo.

— Viajar, papai? - Ela perguntou empolgada e eu sorri vendo a cena.

— Sim, viajar. - Falou apertando o nariz dela.

— Não vou conseguir ir. - Falei coçando a barba — Semana que vem vai ser aquele batidão de semana de provas que você conhece e ainda combinei com o Felipe de estudarmos juntos domingo.

— Semana que vem já começa as provas? - Perguntou e eu assenti — Tá certo. Vou levar só sua irmã, então. - Falou e eu concordei.

— Vamo, Lara. Já to atrasado. - Falei olhando as horas no meu relógio e a Lara desceu do colo do meu pai.

Nos despedimos dele e fomos até o carro. Deixei ela na escola e fui voando pra faculdade, meio que literalmente.

   Quase bati o carro umas três vezes e ri lembrando da Cecília fazendo isso no primeiro dia de aula.

   Estacionei em qualquer vaga e corri pro meu campus.

Entrei na sala e o Fábio logo me encarou, ignorei ele e sentei lá no fundo onde eu costumava sempre sentar com o Felipe.

Por sinal, vi que o Felipe ainda não tinha chegado e mandei mensagem pra ele.



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Felipe viado 🦌

      Você: Cadê tu fdp? 7h49
      Você: Tá achando que é disney aqui?
      Felipe viado 🦌: To chegando porra 7h54
Felipe viado 🦌: Disney com certeza não é
Felipe viado 🦌: Tá mais pra inferno essa buceta de faculdade
Felipe viado 🦌: Fala comigo não que hj acordei puto
Você: Que medo pô 😰


Parei de encher o saco do Felipe assim que o professor entrou na sala e me concentrei totalmente em cada palavra dita por ele.

Uns 10 minutos depois o Felipe chega, sentando do meu lado igual todo dia.


— Preciso te falar um bagulho. - Ele disse baixo e eu olhei de cara feia pra ele apontando pro professor — É sério, pô.

— Fala rápido. - Falei concentrado copiando o que o professor escrevia no quadro.

— Acabei de ver o Fábio conversando com a Cecília lá na entrada. - Ele realmente falou rápido.

    Assim que ele terminou essa frase eu larguei a caneta e levantei a cabeça vendo que o Fábio não tava na sala.

— Esse maluco tá tirando uma comigo, não é possível. - Falei levantando e saindo pela porta.

    Quando eu passei pelo corredor vi ele voltando pra sala com aquela cara de sonso dele.

— Tu tá realmente querendo mexer comigo, né. - Falei parando na frente dele.

— O teu amiguinho já foi fazer fofoca? - O Fábio debochou rindo.

— Já, já veio fazer fofoca de tu atrás da mina dos outros. - Respondi em tom de deboche me igualando ao dele.

— Mina dos outros? - Riu — Não vejo aliança nenhuma no dedo dela.

— Independente, parceiro. - Falei firme — Tu não tem que ver nada, quem tem que saber de alguma coisa é eu e ela.

— Eu só falei com a mina, tu tá vindo surtar atoa pra cima de mim. - Disse se fazendo — Não tenho culpa da minha presença te ameaçar.

— Tua presença não me ameaça, é só essa tua cara de pau que me enjoa. - Falei indiferente apontando pra ele — Tu pode tentar o quanto quiser, mas já te aviso que a Cecília não vai dar abertura pra você.

Nem escutei o que ele tentou responder e deixei ele sozinho. Voltei pra sala e senti ele voltando logo atrás de mim.

— Por que a cara dele não tá com um roxo no olho direito? - O Felipe perguntou quando sentei de volta.

— Porque eu ainda não to maluco. - Falei voltando a copiar o que perdi.

— Porra, tava esperando mó treta. - Felipe resmungou e eu neguei com a cabeça.

Aquela PessoaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora