Girassol

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Estou tomando café preto sem açúcar e bem forte, decido deixar a caneca do balcão e abrir o envelope que veio de Grove Springs a alguns dias e tem me encarado desde então.

Leio meio por cima e é uma ótima notícia, darei meu último cheque de pensão para minha ex esposa, já que ela entrou com o pedido de casamento com seu novo marido. Que sejam felizes.

Isso me deixa com muito bom humor, ainda me sentia preso a ela por conta disso, mas já que ela irá se casar de novo me sinto verdadeiramente livre. Tiro uma foto da carta e mando para o grupo que respondem na mesma hora.

Miles: Finalmente ela arrumou outro pra encher o saco. Liberdade!!!

Ben: Vamos para Las Vegas torrar todo esse dinheiro extra!!!!!

Alan: Isso não, mas talvez possamos passar no Aurora mais tarde, por minha conta!

Ben: 🍻

Miles: Eu topo!

Depois de anos divorciado, é um alívio não ter mais que pagar pensão, o elo finalmente foi quebrado e não tenho que ter mais nenhum contato com ela, agora posso seguir em frente, quando dou por mim estou dirigindo para o hotel da senhora Walter, estacionando na frente e saio do carro, mas antes de entrar, paro. Não sei se ela está aqui ou se já foi, resolvo enviar uma mensagem para Maria.

Alan: Maria?

Maria: Oi, Alan, tudo bem?

Alan: Você já foi embora?

Maria: Ainda não. Estou fazendo checkout do hotel neste momento.

Alan: Você vai ir de carro ou de avião?

Maria: Avião.

Alan: Posso te levar ao aeroporto?

Vejo três bolinhas se mexendo na tela e então elas param, meu coração dispara, ela vai dizer não? Ela acha que estou dando encima dela? Isso é flerte? Não, né? Só estou oferecendo carona e uma chance de ver ela de novo, tudo platônico, com certeza.

Maria: Pode passar no hotel para me pegar?

Alan: Estou aqui na frente, te esperando.

Ótimo, ela ainda não foi, e me sinto aliviado quando ela sai do hotel sorrindo quando me vê, ela me analisa discretamente, de cima a baixo, o que me faz sorrir, ora ora, talvez as coisas não sejam tão platônicas quanto eu pensava. Ela vem até mim, e abro a porta do passageiro para ela.

— Oi. — ela diz.

— Oi. — respondo com um pequeno sorriso. — Podemos ir?

— Sim, detetive. — responde ela em tom de brincadeira, estendo a mão e alcanço a alça de sua mochila que ela deixa que eu carregue e coloque no banco de trás, foi um ato tão simples, mas pareceu algo rotineiro, como se sempre fizéssemos isso.

Começo a dirigir rumo ao aeroporto, ela parece melhor, seus olhos não estão vermelhos e nem inchados, acho que não chorou recentemente.

— Então, agora você está sóbria? — pergunto brincando.

— Sim, 100% sóbria. Aquela foi a primeira e última vez que bebi na vida. Obrigada pelos remédios.

— Não foi nada.

— E obrigada por cuidar de mim, de se preocupar, por não me deixar sozinha, por tudo na verdade. — ela diz reconhecendo o pouco que pude fazer para tentar fazer com que se sinta melhor, vejo de relance ela respirar fundo e passar as mãos nas coxas, eu a deixo nervosa? Não sei o que pensar a respeito o que me deixa sem graça.

Sempre foi ela - DuskwoodOnde as histórias ganham vida. Descobre agora