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Aiden Bekave

04:30 da manhã

  Já estávamos em casa, depois de um longo banho e alguns pedidos de desculpa, Angel dormiu rapidamente. Mas... Eu não conseguia, eu não podia.

  Precisava ficar acordado, cuidando dela, a protegendo! Como pude deixar isso acontecer com ela? Como pude deixar ela ser levada bem diante de mim? De baixo do meu nariz?
 
  Angel me contou cada detalhe do que aconteceu com ela, e enquanto eu escutava, eu desejava voltar ao passado e ter matado ele no primeiro segundo que ele cruzou meu caminho.
  A culpa é minha, eu o deixei livre, várias e várias vezes! Eu deixei que ele saisse impune de tudo, todas as vezes que ameaçou minha vida e a dos meus amigos.

- Amor? - Angel murmura sonolenta se agarrando ao meu corpo.

- Oi? - Respondo apenas para não deixar ela falando sozinha.

  Só que eu não queria, eu estava envergonhado, eu não queria falar ou olhar para ela. Eu falhei, eu errei. Eu não cumpri a única maldita promessa que fiz a ela.

  Deixar ela em segurança.

- Ainda está acordado? O que aconteceu? - Angel se força a sentar na cama e eu engulo em seco, evitando a olhar - Quer uma ajuda para relaxar? - Ela leva sua mão até minha coxa, subindo devagar.

  Só que não estou afim, não consigo pensar nisso agora. Seguro sua mão, impedindo que ela continue. Dessa vez, sexo não vai resolver as coisas.

- Você está bem? - Angel me olha confusa, acho que para ela, eu nunca recusaria uma oportunidade de transar.

   E para isso ter acontecido, algo muito grave está rolando.

- Só...descansa, pode dormir, está tudo bem - Falo sentando na cama e passando as mãos no meu cabelo, o jogando para trás.

- Não parece que está tudo bem. Você está se cobrando outra vez? - Ela pergunta e eu me levanto da cama.

  Não estou afim de falar sobre isso, de falar sobre meu erro.

  Pego um baseado já bolado na carteira de cigarro, deixei guardado ali para emergência. Acendo e vou até a janela, fico observando a lua, evitando olhar para a garota.

- Para com isso, olha para mim - Ela pede e eu respiro fundo, dou mais um trago e abaixo a cabeça, ainda de costas para ela - Para de infantilidade, não me trate assim! - Ela diz nervosa e eu solto uma leve risada amarga.

- Você não entende - Me viro, mas ainda evito seus olhos.

- Qualquer um comete erros, é normal, acontece...e... - Ela tenta continuar, só que é impedida por minha risada enquanto a fumaça escapa pelo meu nariz e boca.

- Eu não sou qualquer um, eu não sou um ser humano comum e patético. Eu sou a droga de um demônio! Quando vai entender isso? Eu tenho uma aparência horrível, eu faço coisas que ninguém teria explicação. Eu... - Bufo frustrado e me viro outra vez para a janela, me apoio nela e abaixo a cabeça por um tempo - Eu deveria proteger você, ele não deveria nem ter chegado perto da nossa casa. Eu tenho força e poderes exatamente para isso, para ser melhor que qualquer um, e a porra de um humano conseguiu me passar a perna facilmente - Falo amargurado.

𝑴𝒚 𝑸𝒖𝒆𝒆𝒏 𝒐𝒇 𝑯𝒆𝒍𝒍 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora