Capítulo 19

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"- Nós éramos amigos?

- Sim.

Olhando para aquela mulher de longos cabelos escuros e olhos cor de âmbar, estava com sua cabeça deitada em suas coxas, tendo seus cabelos escovados lentamente. Em sua frente um belo campo onde ao longe alguém cuidava das flores e tinha duas crianças correndo ao seu redor. No céu havia duas luas e dois sóis.

- Onde é aqui?

- Minha casa Harry.

- Porque estou aqui? - Ele se entregava aos carinhos da mulher, sentindo um algo tocar em seu rosto, como um leve tecido invisível.

- Eu estava com saudade.

- Saudade... - Harry olhou bem para o rosto daquela mulher, era tão familiar e ao mesmo tempo não se recordava - Éramos... porque éramos amigos, não somos mais?

- Você sempre será meu Harry, mas uma pequena parte de você fez algo muito terrível para mim, então eu precisei ajustar algumas coisas.

Harry sentou-se naquele chão macio e perfumado de flores - Eu lhe machuquei? - Apenas acenando com a cabeça, um nó se formou na garganta do mesmo.

- Não chore, já passou, foi a tanto... tempo? - Ela sorria como uma tarde de outono."

A sensação que alguém passara tempos acariciando seus cabelos estava ali. O relógio fazia seu "tic-tac", um sentimento estranho ganhava gosto em sua boca. Seu coração palpitava e gotas de suor se formavam em sua testa, seu corpo preso a cama, o desespero tomava conta de sua alma.

- Harry.

Draco puxava o moreno de costas contra o seu peito. Ofegava tanto que a súbita sensação de desmaio crescia como um leve ardor em seus ombros e um frio o acompanhando, fazendo seus olhos se revirarem.

- Shh... shh... - Draco segurava sua testa enquanto sussurrava em seu ouvido, com um braço envolto de si, sentia o toque dele, aos poucos seu coração se acalmava.

Respirando fundo segurou no braço do loiro e afundou sua cabeça contra ele.

- Estava tendo um pesadelo - Draco suspirava contra seu pescoço, dando leves beijos.

- Não... eu... - Se aconchegava - Eu estava com uma amiga.

- Uma amiga? Tem certeza que não era um sonho?

Harry tocou gentilmente em seu pulso - Tenho.

Draco o olhou por cima, Harry tinha o olhar longe. Puxando de volta para a cama, dormiram novamente.

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Tomando um pouco de chá em sua estufa, Verônica tinha seus pensamentos presos a uma pessoa do passado, ao qual revivia cada momento fragilizado em sua mente, a cada vez que olhava para aquele retrato no jornal, uma pontada de dor enraizava em seu peito.

"Sirius balançava Harry em seu colo, desajeitado, mas o garoto dormia como uma pedra.

- E não é que tem jeito? Pensei que só saberia cheirar e ficar deitado entorno.

- Ei, não é porque sou um animago que vou agir como um animal o tempo todo.

- E aquela caminha de cachorro ali no canto é o que? - Ergo uma sobrancelha.

- Detalhes.

Sirius colocou Harry no berço, Verônica se pôs ao seu lado observando o garoto.

- Verônica.

- Hum?

Suspirando pesado, Sirius a puxou para si, envolvendo sua cintura e segurando firmemente seu pescoço - Me diga uma única coisa, você se casaria comigo?

Verônica sentiu suas bochechas se aquecerem, ele viva brincando, mas algo no olhar dizia que aquele momento era sincero - E você iria mesmo me querer como sua esposa?

Apertando sua mão ainda mais na cintura dela, roçou seus lábios em seu pescoço, chegando perto de seu ouvido - Diga que se casaria comigo... por favor."

Quantas vezes ela se perdia ao contar as inúmeras vezes que Sirius brincou com seus sentimentos e quase a beijava, tudo deveria estar lá no fundo do baú, não poderia sair e tão pouco permitir que o mesmo sentimento voltasse, ele o havia retirado tudo.

Três batidas na porta, Remus voltava apenas para garantir que estava tudo certo, apenas um fim de semana com sua garota favorita - Esses olhos longe, venha cá.

- Remus... - Levantou seu olhar a ele e foi direto para seus braços.

- Pare de pensar tanto nisso... Harry está seguro, se de alguma forma Sirius entrar em Hogwarts...

- Ele vai entrar.

-Sim... ele vai - Afastou um pouco a ruiva e olhou direto para ela - Ele saberá pelos cochichos que Harry não estuda lá e tão pouco se sabe de seu paradeiro.

- Seguiu as instruções de Severus?

- Sim, Dumbledore não suspeita de nada, apenas disse que estaria atrás de um local para mim nas férias - Deu um leve beijo em sua testa - E Harry?

- Não me mandou nada, Karkaroff ficou a par da situação, ele se encarregou de achar um meio de nos comunicarmos.

Remus apenas acenou em concordância e foi para o quarto se deitar um pouco.

--

O desprezo e de lábios contraídos, Severus observava ao longe Harry, agia como qualquer outro adolescente, mas algo dentro de si era maligno e temia o momento que ressurgisse.

Seria aquele momento que deveria agir ou permanecer imóvel como fez nos últimos anos? A marca em seu braço coçava, ele sabia que logo "Lorde das Trevas" iria ressurgir, mas quando? Harry daria o bote? A profecia era clara, não poderia ser alterada, quando a hora chegasse, ele deveria saber qual lado ficar.

- Claro que está errado, olha aqui! A posição dessa runa tá de cabeça para baixo - Draco reclamava do pergaminho em mãos.

- Está nada, assim que deve ser.

- Ora Harry, o que há com seus miolos?

- Confia! - Deu seu sorriso maroto ao loiro que revirava os olhos.

Ao tentarem ler as runas, o pergaminho em suas mãos queimou tão rápido que suas sobrancelhas foram junto. Ambos se olharam incrédulos, Draco por sua vez ficou tão furioso que começou a correr atrás de Harry para lhe dar umas boas cacetadas com o restante do pergaminho, que sobrara apenas a madeira.

"He he he he" - Severus se assustou ao ouvir uma pequena risada ao seu lado, mas não havia ninguém ali.

--

- "Vamos Bichento, você sabe que é verdade, aquela imundice de rato é Peter!"

- "Meow"

- "Meow" Nada! Eu preciso da sua ajuda, por favor! Só assim posso ser livre novamente! Eu preciso ser livre!"

- "Meow, meeow?"

- "Sim... eu tenho alguém para quem voltar... por quem voltar."

Bichento piscava vagarosamente, seu rabo balançava de um lado para outro - "Meow!"

- "Perfeito! Faça ele sair de perto daquele garoto ruivo... só não irei o estraçalhar pois preciso dele vivo... filho da..."

- "MEOW!"

- "Desculpe"

Bichento saía de perto daquele cachorro de pelos pretos, que se escondia entre os arbustos da escola.

Querido Harry - Verônica EvansOnde as histórias ganham vida. Descobre agora