Capítulo 20

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- Algumas semanas depois em Hogwarts -

Remus segurava sua cabeça enquanto de joelhos molhava o chão com suas lagrimas, estava a ponto de matar a quem chamara por tanto tempo de irmão. Mesmo que sua história fosse a mais plausível, como poderia provar?

- Remus... - Estendia sua mão calejada e ossuda no ombro do homem.

- Não me toque! - Berrou naquela casa caindo aos pedaços.

Sirius cansado, sentou-se na cama velha e enferrujada, não se lembrava qual era a sensação de ter lagrimas escorrendo por sua face - Por favor... se você não acreditasse o mínimo que seja, já teria me matado.

- Essa não é a questão, como eu vou confiar em você?! Que provas pode me dar?

- Aquele cara amassada, da garota de cabelos volumosos e dentes grandes, ele vai trazer Peter até aqui.

- Fala da Senhorita Granger? - Olhando de soslaio, apenas respirou fundo - Quando?

- Logo... pedi para ser hoje, precisava que fosse hoje, por conta da sua lua - Viu os olhos de seu amigo se encherem de lagrimas - Toda lua eu lembrava, dozes anos Moony, doze anos rezando para qualquer um pelo meu único amigo.

Seus músculos se contraíram, o ódio que se mantivera em cada fibra se esvaía. Puxou Sirius a um abraço que lhe retirava o ar, repetido para si 'meu amigo, meu precioso amigo', em seu peito a culpa queimava por ter duvidado, ter lhe abandonado.

- Essa noite meu tormento acaba - Apertou Remus com força, apesar de não ser muita devido ao seu estado.

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Um pouco além das três da manhã guinchos agudos e desesperados eram ouvidos subindo a escada, o gato de cara amassada e pelagem laranja trazia em sua boca, mordendo firmemente em seu pescoço.

Jogando o rato ferido no pé de Sirius, miou alto e foi embora - Obrigado meu amigo - Segurou a varinha de Remus contra a cabeça do roedor - Filho de uma puta.

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Harry estava sozinho na biblioteca, debruçado sob a mesa, li cada um daqueles livros grossos sob magia das trevas, era tão fácil, compreendia o porquê muitos buscavam o poder por esses meios.

"Horcrux..." - O brilho de seus olhos e o sorriso que levemente surgia em seus lábios.

"Criado por Herpo, o sujo, essa magia considerada profana, visa prolongar a alma daquele que a recorre a ela, porém aqui o digo a quem prosseguir, uma vez feita, nem o céu e nem o inferno lhe aceitará" - Bobagem... - "Horcrux, ou ao melhor dizer, uma troca com a morte, lhe pede uma única coisa, uma alma pura, em troca, a própria morte despedaça a alma de quem solicita e a põem dentro de algum objeto de desejo, por assim, mesmo que seu corpo seja destruído, sua alma permanece viva, apenas pela espera de um novo hospedeiro"

O corpo de Harry se arrepia por inteiro, era tão deliciosa a imagem de viver para sempre. Em seus devaneios, se imaginava sendo dono de tudo, vivendo ao lado de sua mãe para sempre, nunca mais sentindo medo, nunca mais com os fantasmas da solidão.

"Para sua formação, basta escolher uma alma pura, cujo o amor ainda se sobre sai em sua tristeza, não utilize magia, suas mãos devem ser cobertas do sangue inocente"

Seu coração doeu, mas seria necessário, nada ficaria entre ele e seu futuro de paz.

Sua mão alisava o pequeno anel que ganhara de Draco nas férias, ele tinha sentimentos por Draco, o pouparia por hora. Guardando o livro, andou calmamente para fora da biblioteca, sua primeira vitima estaria sozinha, gostaria de ao menos ter uma ultima conversa antes de profana-la.

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[[Frédéric Chopin: Nocturne in E-Flat Major, Op.9, No.2 by Vadim Chaimovich]]

O suave soar do piano, de suas teclas pressionadas com precisão, Hilda tocava com tanto amor e pesar aquela melodia que lhe lembrara de seu amado Harry, como gostaria de estar com ele, como o amava, como a saudade em seu peito ressoava como um punhal sendo usado como o guia de um violino desafinado.

As pequenas mãos de Harry se juntaram em um dueto, a neve que caia com tanta leveza, o vento que batia nas janelas, a noite estava tão bela. Como apenas um, ambos se entendiam naquele mar de solitude de Hilda, onde permitia que Harry navegasse e observasse.

O leve sorriso que dava ao garoto, seus olhos cheios de amor, agraciada pelo destino em ter seu irmão de volta, mesmo que fosse apenas sua aparência, já lhe bastava e aquecia seu peito.

Aquele pequeno floco de neve que entrou de alguma maneira, descia lentamente entre ambos, fazendo que seus olhos se encontrassem - Harry... - Um ardor que logo se transformara em dor latente, mas não conseguia gritar, apenas expressar lágrimas.

Segurando seu corpo para que não caísse, Harry afundava mais ainda o punhal em seu peito, deixou a cabeça de Hilda cair em seu colo, vendo seus olhos perderem o brilho.

"Uma alma" - A morte sorria, erguendo aquela mão ossuda para Harry, o garoto pôs o anel que ganhara de Draco em cima dela.

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Andor segurava o corpo de Hilda que fora encontrado sob o piano, seus gritos e suplicas para que a mesma voltasse eram em vão, beijava seu rosto já banhado em lágrimas, os professores não conseguiam o tirar de perto do corpo frio da garota, deixando uma carta, já não suportava mais a dor da solidão. As gêmeas Halfrida e Brynja, se seguravam uma na outra, escondendo suas faces a dor de perder alguém que acima de tudo, tinham uma admiração.

Harry se aproximou junto de Draco, sua respiração ficou presa na garganta, enquanto seus olhos se encheram de dor e remorso, não poderia voltar a trás.

Naquele dia, Durmstrang estava silenciosa, apenas o crepitar das tochas se fazia presente.

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Verônica terminava de arrumar a casa, estava entediada, pensara quanto tempo mais iria viver ali daquela forma, quantas semanas até fazer algum movimento? tudo estava sem rumo, Dumbledore bagunçara sua vida de forma tão absurda que vacilou em pensar o que aconteceria se apenas cedesse Harry a ele, mas logo se puniu, Harry era seu, seu único filho.

O badalar agudo do sino a retirou de transe, quem poderia ser? Remus se viesse, seria somente ao final de semana, a loja já não funcionava, preferia manter a maior descrição.

- Você... - Suas pernas falharam, sua pele logo empalideceu, todos os planos que fizera caso ele fosse ali, nenhum vinha em sua mente - Maldito... Maldito!

Partiu para cima daquele homem que um dia acabou com sua felicidade, segurando forte em seu pescoço, o esganaria, mal podia o ver pelo volume de lagrimas de seus olhos.

- Minha Verônica... - Sirius retirava com facilidade a mão da mulher de seu pescoço enquanto a envolvia - Minha... - Seus olhos se enchiam de lagrimas.

- Maldito! Porco! Porque você apenas não morre! - Gritava a plenos pulmões.

- Porque eu precisava voltar! Eu precisava de você!

- Para terminar o que fez? Então me mate! Harry estará a salvo mesmo! - Tentou morder ele no ombro.

- Verônica para! Me escuta! - A mulher se debatia contra ele com todas suas forças, aos soluços Sirius a apertou contra si - Me escuta... por favor...

A traição de seus sentimentos a deixou vulnerável, seu corpo se amolecia aos seus toques, quantas e quantas noites não sonhara com ele e se culpava. Fungando, Verônica lhe fitou.

- Nunca fui eu... eu nunca trair James, eu nunca matei Lily... Eu posso provar para você... eu provei minha inocência... - Sirius respirava contra seu rosto, doze anos de desejo, quatro mil e trezentos e oitenta e três dias sonhando com sua vingança e seu amor - Peter, sempre foi ele a nos trair, foi ele que revelou o paradeiro de James e Lily, foi ele que entregou a 'você-sabe-quem'... Eu... - Segurando seu rosto, Sirius beijou cada parte docemente antes de olhar para seus lábios - Dozes anos desejando o dia que eu pudesse ter você.

Querido Harry - Verônica EvansWhere stories live. Discover now