Capítulo Quatro

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                                                                Aprendendo a pedir desculpas 


Sabe aquele momento em que por um instante sua mente é transportada para outro lugar, uma outra dimensão e você mal sente seus pés no chão? Era exatamente assim que eu me sentia naquele momento. Estava completamente sem fala. Havia dito coisas horríveis para Sarah que agora me fuzilava com seus olhos penetrantes.


 -Só pode ser brincadeira...- Disse ela com um sorriso inconformado


Em meio ao caos que pairava entre os meus pensamentos tentei encontrar algum argumento para pedir desculpas pelo que havia dito, mas sem sucesso. Nunca havia sido bom em pedir desculpas. Minha inércia só fez com que ela ficasse ainda mais inconformada.


-Pode ficar tranquilo Senhor Brandon. Não irei cortar nenhuma de suas preciosas rosas, aliás não irei cortar nada que seja desse jardim. Pois estou recusando a oferta de emprego. Tenha um bom dia.

Somente quando ela passou por mim consegui retomar a consciência. Corri atrás dela e toquei seu ombro. 

 -Hey espera!

Ela parou mas permaneceu de costas para mim. Pude perceber ela respirando fundo antes de começar a retirar suas luvas. Finalmente Virou-se e pela primeira vez eu vi a tristeza nos olhos dela. Sinceramente, aquele olhar fez com que eu me sentisse o cara mais estúpido, grosseiro e hostil de todo universo. Como pude ter sido tão rude com ela?

-Me desculpe, por favor. Eu não queria, quer dizer eu não sabia, eu só - as palavras mal saiam da minha garganta que estava extremamente seca devido o nervosismo -é que essas rosas são importantes pra mim. 

 Ela continuou a me observar com o mesmo olhar de repúdio. Balançou a cabeça negativamente e cruzou os braços.


 -Sério? Essas rosas são tão importantes assim pra você Brand? tão importantes ao ponto de chamar uma pessoa de imbecil simplesmente por que ela queria cortar as folhas que estavam com larvas?


Fiquei paralisado. Como fui idiota. Ela estava apenas querendo cuidar das rosas. Deveria ter imaginado isso logo de cara. Afinal eu havia contratado um jardineiro  (ou jardineira nesse caso) para cuidar das plantas e não destruí-las. 


 -Não!Claro que não, eu só... quero dizer eu pensei que... - de repente as palavras simplesmente fugiram da minha cabeça. Disse a primeira coisa que me surgiu.-Se eu soubesse que fosse você jamais teria dito isso.


 Ela respirou fundo. 


 -Mas se fosse outra pessoa você teria gritado.Teria dado mais importância à essas rosas que nascem a cada três meses do que aos sentimentos de uma pessoa não é mesmo ? 


Ok. Aquele foi o pior sermão que já havia recebido na vida. Tentei contestar de alguma forma pois não gostava de ficar por baixo numa discussão, mas novamente sem sucesso. Ela estava certa. Se fosse qualquer outra pessoa ali eu teria gritado e certamente não teria me arrependido.Respirei fundo, mas Não consegui dizer nada.


-Olha Brand... está tudo bem ok? Não precisa pedir mais desculpas.- Ela retomou seu sorriso  e confesso que aquilo me tranquilizou um pouco - Acho que não daria certo mesmo, afinal você sabe...eu, você, nós dois... a universidade, enfim não daria certo. 


Eu não possuía mais argumentos, então concordei balançando a cabeça.


 -Bom, acho que já vou indo.


 E assim sem mais cerimônias se foi a garota mais incrível da face da terra levando consigo a única chance que tive de me aproximar dela.Quando entrei na cozinha Ana já veio disparando perguntas.

 -"Falo com Jadineiro?"


-Falei. 


 -"Ele ja começo?"


-Não. Ela foi embora.


- "Ela? Era Jadinera?"


 -Sim.


 -Por que foi embora? 


-Por que eu sou um babaca. - O tom da minha voz entregava minha indignação. Ana lentamente foi se aproximando de mim. Lá vinha ela de novo querer me confortar. Ela provavelmente havia escutado minha conversa com Sarah com sua audição de ninja. 


 -"você não é babaca. É homi bom. Apenas cabeça dula, e colação dulo" 

-disse colocando a mão no meu peito.Não era a primeira vez que ana me chamava de cabeça dura. 

 -Que seja. 

Apanhei o engradado de diet cola e fui pro meu quarto.

O CaraOnde histórias criam vida. Descubra agora