O Cara

Capítulo Setenta e Um

Aonde quer que você vá
(Wherever You Will Go)

Eu estava imóvel. Bem na minha frente estava ele, o futuro marido da mulher com quem eu desejava me casar. Ele me encarava nos olhos como um caçador sanguinário examinando sua presa. Ele não disse nenhuma palavra, certamente estava esperando que eu falasse primeiro e explicasse o que estava fazendo ali. Ele virou sua cabeça para me encarar de outro ângulo. Seus olhos agora estavam ainda menos amigáveis. Mesmo sendo fuzilado pelo olhar de Rick, permaneci com meu semblante completamente calculista, sem ser intimidado e encarando-o na mesma proporção de inimizade. O que estava em jogo entre nós me manteve frio o suficiente para permanecer firme naquele confronto de olhares. Ele deu um passo em minha direção. Certamente sabia que eu estava ali para tentar acabar com aquele casamento. Depois de mais alguns segundos nos encarando ele por fim deu um sorriso, o que foi o suficiente para me deixar desconfiado.

-Espera aí. -Ele apontou para mim e franziu os olhos- Brandon Fletcher?- Perguntou ele.

Eu senti algo diferente no tom da sua voz, era como se ele estivesse preocupado.

-O próprio. - Disse com firmeza, ainda mantendo meu olhar sério.

Ele então mudou completamente sua expressão enfurecida para um rosto aliviado com um sorriso amigável. Foi como se num piscar de olhos ele tivesse se tornado outra pessoa, completamente o oposto da primeira.

-Caramba, que bom que você veio cara! Disse ele- vindo em minha direção e estendendo a mão para mim. Eu a apertei com certa desconfiança dando um leve e falso sorriso.

-Sarah estava bem chateada hoje de manhã, tentei descobrir o motivo da tristeza dela e cheguei a conclusão de que foi porque ela achou que você não viria. Sei que sua presença nesse dia tão importante era essencial para ela. Ela vai ficar mais animada quando descobrir que você veio. -Ele riu.- Ela me falou tudo sobre você.

Engoli seco. Se Sarah realmente havia contado tudo a Rick certamente ele iria querer me matar em seu próximo ato a fim de evitar que eu desse mais um passo em direção ao lugar onde ela estava. Ele abriu seu terno e colocou a mão no bolso. Mantive minha postura de ataque, pronto para me defender do que quer que fosse. Se ele realmente fosse sacar uma arma ou algo do tipo eu estava preparado para a briga. Cerrei meus punhos e me preparei para o pior.

Antes que eu pudesse agir com qualquer tentativa de defesa, hesitei, pois seu movimento brusco foi apenas para retirar um lenço do bolso e passá-lo em sua testa que estava transpirando por conta do calor.

-É mesmo?- Perguntei, dando a ideia de estender a conversa. 

-Sim,-Ele riu colocando o lenço de volta no bolso no interior do terno- Inclusive, ela me contou que você foi o primeiro melhor amigo dela na adolescência e que acabou rolando um lance entre vocês a alguns anos atrás antes dela partir para o Canadá mas que não deu muito certo, e no final das contas ambos saíram muito machucados.

Dei um sorriso curto e concordei com a cabeça, mas eu sabia que algo ali estava muito errado. Sarah não havia contado a verdadeira história para Rick. Aliás, ela havia invertido completamente toda a história. Eu sabia perfeitamente que eu não havia sido o primeiro melhor amigo dela, esse papel havia tido como protagonista o insuportável do Saymon e além disso, não havíamos tido apenas um lance como Rick havia mencionado, nós havíamos vivido uma história de amor, uma linda, verdadeira e trágica história de amor.

Ele apanhou uma pequena pedra num vaso de flores que ficava na varanda e a atirou com força no lago que ficava próximo a casa.

-Sabe Brand.- Ele hesitou.- Posso te chamar de Brand?