A Garota Da Janela Ao Lado
Enquanto dirigia, Sarah permaneceu o caminho todo olhando pela janela. Depois de um tempo notei ela olhava para o sol. Assim como eu, Sarah também era fascinada por astros e estrelas. Com uma das mãos no queixo e a boca aberta, ela esboçava uma expressão bem engraçada. Deixei escapar uma risada. Foi o suficiente para ela despertar do transe.-O que foi?
Disfarcei.
-Nada.
-Tá, pode rir. Eu sei que fico com cara de louca quando estou olhando para um ponto fixo.
-Olha, se todos os loucos tem essa carinha, um manicômio repleto de psicopatas deve ser o lugar com as pessoas mais lindas do mundo.
Ela sorriu.
-Ah, que romântico. Tá, foi um pouco assustador pela parte dos psicopatas, mas ainda sim, romântico.- Ela riu - Ainda falta muito pra gente chegar nesse lugar secreto?
Cruzei a esquina e parei o carro.
-Acabamos de chegar.
***
Depois que Sarah entrou na minha vida as coisas começaram a acontecer de maneira tão intensa que até então não havíamos tido tempo suficiente para conversar a respeito da nossa relação. Mesmo que de forma tímida, já havíamos confessado o que sentíamos um pelo outro e até mesmo conversado sobre nosso interesse em ter filhos. Sentia, no entanto, que ainda precisávamos nos conhecer de uma forma mais profunda. Por essa razão decidi levá-la até aquele local.
Caminhamos até a entrada do Parque Hudson. Um lugar que eu costumava ir com frequência nos dias em que precisava espairecer ou refletir sobre minhas escolhas. A não ser por algumas pessoas passeando com seus cachorros ou fazendo caminhada o parque estava vazio. A luz do fim de tarde se dispersava por entre as arvores e refletia nas folhas secas e alaranjadas de outono espalhadas pelo chão. Caminhamos até um lugar onde existia uma faixa escrito:
''NÃO ULTRAPASSE - ZONA RESTRITA''
Me abaixei e passei por baixo dela e Sarah sem questionar fez o mesmo. Eu via nos pequenos atos dela a confirmação de que ela era a garota certa pra mim. Pela primeira vez em muitos anos, havia encontrado uma garota que confiava em mim. Que não tinha medo de quebrar algumas regras e sentir a adrenalina pulsando em suas veias.
O sol já estava prestes a se pôr no horizonte. Sarah e eu caminhamos em silencio de mãos dadas, prestando atenção em cada detalhe visual e sonoro que a natureza nos proporcionava. Por fim, chegamos na Ponte Hudson, uma velha ponte se madeira que unia os dois lados do parque por cima do lago. Sarah puxou minha blusa.
-Porque essa área é isolada?
-Essa é Ponte Hudson. Em 1990 ocorreu um acidente aqui. Depois disso isolaram esse lugar como memorial em homenagem a vítima.
Os passos dela cessaram.
-Foi algo muito horrível?
-Para falar a verdade foi algo bem bonito. Pelo menos pra mim.
Ela pareceu confusa.
-Vem comigo eu vou explicar.
Caminhamos até o centro da ponte e nos apoiamos nela para ver o pôr do sol. O vento soprava fazendo o cabelo dela flutuar como se estivesse em câmera lenta. Era o momento perfeito para contar a história de amor mais linda que eu conhecia.
Em 1990 um casal de idosos estava passeando nessa ponte. Seus nomes eram Jeremy e Helena Hudson. Eles haviam se conhecido quando ainda eram apenas crianças. Suas casas ficavam uma bem ao lado da outra, mas seus pais eram inimigos, por conta de desavenças que tiveram durante a infância. Na casa onde Jeremy morava, havia uma janela que sempre vivia trancada com um cadeado, para que nunca fosse aberta. Certo dia enquanto brincava no sótão, Jeremy encontrou uma chave. Ele a usou para abrir a janela, e foi então que a viu pela primeira vez.
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O Cara
RomanceBrandon Fletcher é herdeiro de uma enorme fortuna. Além de um excelente quarterback e viver em uma mansão rodeado por carros de luxo, festas e garotas lindas, também possui uma aparência invejável. Se isso não fosse o bastante, ainda é extremamente...