Capítulo Vinte e Quatro

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A carta

Bastou abrir os olhos e minha visão foi totalmente ofuscada pela luz do sol.  Minha audição foi despertando devagar. Ouvi canto de pássaros, seguido pelo soar do vento e uma respiração suave. Sarah ainda dormia  em meu peito, imersa num sono profundo. Diferente dos filmes de romance onde a donzela adormece e acorda exatamente da mesma forma, Sarah estava de boca aberta, com o cabelo bagunçado e parte de sua maquiagem havia se prendido na minha camiseta. Se isso não fosse o bastante, ela ainda estava sem uma das meias no pé. Alguns caras ao se deparar com aquela cena poderiam perder o encanto, mas eu não. Ter aquela garota toda bagunçada repousando no meu peito fazia com que eu me sentisse o homem mais sortudo de todo universo.

Permaneci acariciando a cabeça dela, apenas esperando que seus olhos se abrissem. Não sabia que horas eram, mas isso pouco importava. Era sábado, não tínhamos que ir para a universidade, mas olhando para o sol pelo teto de vidro e analisando sua posição, meus conhecimentos avançados de astronomia me revelavam que deveria ser entre nove e dez da manhã. Depois de alguns minutos ela finalmente começou a se mexer.  Seus olhos começaram a se abrir lentamente. Eu sempre amei ver o sol nascendo, mas diante daquela cena percebi que trocaria todas as oportunidades de ver o nascer do sol somente para poder ver os olhos dela se abrindo todas as manhãs.

-Bom dia -disse ela com a voz rouca-

Eu sorri.

-Bom dia moça dos olhos lindos.

Ela sorriu e espreguiçou.

-Só meus olhos devem estar lindos mesmo, porque de resto devo estar um bagaço.

Eu ri.

-Você tá rindo. Meu cabelo está um bagulho né ?

-Você sempre acorda dramática assim pelas manhãs?

-Não, geralmente eu nem ligo. Mas..- comecei a acariciar o rosto dela enquanto ela falava - ..você está aqui, e não para de olhar pra mim... e bem, você está acostumado a viver rodeado de garotas atraentes e..- ela começou a suspirar- Brandon isso não está ajudando.

-Você está incrível.

Ela olhou para baixo. Seu rosto estava vermelho. Mesmo assim pude notar que ela estava sorrindo.

-Está com fome?- perguntei-

-Mais faminta do que um Zumbi numa plantação de alface.

Ri.

-Que tal a gente descer e preparar um café da manhã?

-Você me leva no colo? Acho que minhas pernas ainda não acordaram.

-Esqueceu que estamos numa árvore? Vai ficar meio difícil te carregar no colo até la embaixo.

-Achei que você gostasse de desafios.

Encarei ela. Em pouco tempo ela já havia aprendido como me coagir a fazer o que ela queria.

-Tudo bem, você venceu. Eu te carrego

Coloquei ela nas minhas costas a levei até a porta. Prendi o cabo de segurança na cintura dela e outro na minha e em seguida desci carregando ela nas costas. Sarah não era pesada e meu condicionamento físico era bom o bastante para carrega-la com facilidade.

Chegamos na cozinha e ela desceu das minhas costas me agradecendo com um beijo no rosto. Ana estava de folga aquele dia, o que significava que o café da manhã teria de ser feito por nossa conta. Sarah riu quando me perguntou onde ficava o cereal e eu não soube responder. Disse que era uma vergonha não saber onde ficavam os objetos na minha própria casa, até que percebeu que era um desafio encontrar as coisas na cozinha pois segundo o feng shui de Ana, os cereais deveriam ficar ao lado das panelas chinesas e as torradas atrás dos pratos de sobremesa. Levamos mais tempo do que o normal para preparar a refeição, já que cada item estava em um local aleatório. No final até que foi divertido brincar de encontrar as coisas.

O CaraWhere stories live. Discover now