na ponta da língua (Bubbline)

vinte e sete

Marceline

Marceline estava mexendo distraída no celular enquanto esperava o elevador chegar ao seu andar. Os últimos dias tinham sido uma montanha-russa de emoções para ela. Entre a empolgação da banda com o lançamento do novo álbum e as incertezas em seu coração, ela mal tinha tempo para processar tudo.

O elevador finalmente chegou e ela entrou, apertando o botão do térreo. Enquanto descia, ela revirava mentalmente sua lista de tarefas para o dia. Reunião com a banda, ensaio, entrevista para uma revista de música... A agenda de uma estrela em ascensão nunca estava vazia. E tudo o que ela queria era conseguir voltar no tempo para poder ter novamente aquele fim de semana incrível.

Ao sair do prédio, cumprimentou o porteiro com um aceno de cabeça e caminhou até seu carro estacionado na área coberta da garagem. Assim que saiu com o carro, vestiu seus óculos de sol, pois o sol da manhã brilhava forte, iluminando as ruas movimentadas da cidade. Uma típica segunda-feira.

Dirigindo em direção ao estúdio onde a banda costumava se reunir, Marceline não pôde deixar de sentir um arrepio de excitação. Afinal, hoje era o dia em que eles começariam a discutir os detalhes da tão esperada turnê nacional. Era um sonho tão antigo, que não parecia ser verdade que estava prestes a se tornar realidade.

Enquanto se aproximava do estúdio, ela observava as ruas conhecidas da cidade, os prédios altos e os letreiros luminosos das lojas. Aquela era a sua cidade, o seu lar, e ela se sentia grata por ter a oportunidade de compartilhar sua música com o mundo. Saindo da garagem de casa, alguns vídeos bestas nas redes sociais e caminhando direto para shows ao vivo. Não era o que todos os músicos do mundo gostariam que acontecesse?

Finalmente, ela chegou ao estúdio. Estacionando o carro,  respirou fundo e desceu, sentindo uma mistura de nervosismo e determinação. Ela sabia que tinha muito trabalho pela frente, mas estava pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse. Principalmente porque suas amigas estavam de volta da viagem.

- Olha só - uma voz feminina disse, assim que ela abriu a porta do estúdio - quem é vivo aparece, mesmo meia hora atrasada!

- Finn! - Marceline sorriu e foi em direção a mulher para lhe dar um abraço, daqueles que a levantava no ar em um aperto, já que a baterista era alguns bons centímetros mais baixa que ela.

Fionna, dentre todas, era a mais parecida fisicamente com Marceline, sem considerar a diferença de alturas. A pele era quase translucida de tão branca e seu cabelo tinha um corte no ombro, liso e com descoloração global muito bem hidratada. Seus olhos eram de um azul tão escuro que quase poderiam se passar por castanho, dependendo da luz do ambiente.

- Você emagreceu horrores! - Marcy riu, apertando a cintura da amiga.

- Tive uma intoxicação alimentar - ela fez uma careta - Maria foi a única que conseguiu sair ilesa, até minha mãe ficou mal.

E por falar em Maria, a baixista da Scream Queens passou pela mesma porta que Marceline tinha entrado e lhe deu um abraço apertado por trás. Maria sim, era a maior integrante entre elas, talvez sua altura chegasse perto de 1,80m. Mas nem por isso, ela deixava de ser tão estonteante de bonita quanto. O cabelo dela era comprido e castanho médio, com alguns cachos, além do corte Sidecut na lateral direita - com um adendo que na parte raspada tinha uma letra F, em homenagem a namorada. Simplesmente a última romântica. Se vestia com roupas exclusivamente masculinas, olhos tão escuros que pareciam serem pretos e tinha tantas sardas no rosto que nem ao menos formavam um padrão.

- Ouvi dizer que seu lado cadelinha  saiu da toca, Marcy, é verdade? - Maria perguntou dando uma risadinha.

Marceline deu um olhar atravessado para Isadora, que estava jogada em um pufe no canto da sala, mexendo no próprio celular.