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Ágata.

Eu não tinha um pingo de reação. Sério.

Minha cabeça tinha um vão que não pensava em nada.

Vargas tava super sério.

Eu queria o que? Foder sem camisinha e ganhar uma BMW?

Fechei os olhos, tentando raciocinar, mas eu estava em negação, isso era óbvio.

Vargas: agora podemos conversar? - falou sério e sua voz pairou no ar. Abri os olhos devagar, vendo ele ali na minha frente.

Seu semblante era de preocupação, tava explícito.

Eu: agora? - ele concordou. E eu dei de ombros. - é sobre a gravidez?

Vargas: você vai ter que sair do morro? - ergui a sobrancelha. - a gente ainda não sabe quem era a pessoa que fez a pilantragem contigo, pô. E eu não vou deixar você dando mole lá dentro.

Eu: cara, o que aconteceu nem foi na favela. - falei óbvia. Ele tava escondendo algo. - o que você tá escondendo? - ele negou. - eu te conheço o suficiente pra saber que você tá mentindo. Eu não vou sair de porcaria nenhuma. - falei séria.

Vargas: me escuta pelo menos uma vez, caralho. - falou super sério, fazendo um climão instalar sob nós. - eu tô falando pelo bem de vocês dois.

Eu: e eu tô falando sério. - ele respirou fundo. - eu vou ficar na minha casa, você queira ou não.

Vargas: vai ser desse jeito? - apontou pra mim. - eu também tenho direito de escolha pô, tu tá carregando uma cria minha.

Eu: falou certo, ainda nem nasceu, quem manda em mim sou eu. - ele me encarou, mandou um jóia e saiu dali.

Que loucura foi essa?

[..]

Já tinha passado horas e ele nem tinha aparecido. Ficou putinho mesmo.

Eu não vou largar minha vida pq ele quer, não é assim que a banda toca.

Ninguém me fala o que tá acontecendo e eu já não quero saber mais.

Levantei a coberta, avistando a barriga que não havia nenhum sinal de que eu estaria carregando um serzinho.

Logo me peguei pensando em como eu levaria minha vida de agora em diante.

Suspirei. Vacilei pô, tanto de métodos contraceptivos, e eu nem sequer fiz esforço pra não ter um filho agora.

Minha garganta travou, eu não seria uma boa mãe. Que inferno, eu mal sei cuidar de mim.

Mal descobri a bendita gravidez e já briguei com o palhaço do genitor.

Talvez seja hormônios né? Mas eu não queria ter brigado com ele.

Lágrimas quentes rolaram, são tantos pensamentos intrusos que mal dava pra raciocinar.

A porta se abriu, mostrando Ingrid toda sorridente. Limpei as lágrimas rapidamente e fiquei encarando ela adentrando no quarto.

Didi: porque tava chorando? - disse na lata. E eu neguei.

Eric: aí Queen, nós te conhecemos. - deu de ombros, colocando a bolsa em um pequeno móvel que havia ali.

Eu: não é nada. - falei baixo e eles me olharam. - eu vou ficar aqui mais quantos dias?

Didi: acho que amanhã já vai tá liberada. - sorriu. - e esse neném? Aí amiga, estou tão feliz por vocês.

Eu: eu ainda não tô entendendo isso, sabe? - suspirei. - parece que eu levei um balde d'água gelada na cabeça. - eles se entreolharam. - ainda por cima, discuti com Vargas.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora