𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.

56

Ágata.

Os dias se passaram, depois daquele baile no Jacarezinho, nunca mais vi ou ouvi falar do Vargas.

Evito ao máximo andar pelo morro pra não ter que trombar com ele.

Não vou falar que superei, porque isso não é verdade. Todos os dias eu sinto como se faltasse um pedacinho de mim.

É muito ruim se sentir assim.

Eu estava trabalhando em uma loja de perfumes importados no shopping. Não era o que eu esperava, mas foi o que apareceu.

Terminei de arrumar minha bolsa, me despedi das "colegas" de trabalho e sai dali.

Antes de ir embora, passei no MC e pedi uma casquinha. Paguei e fiquei aguardando.

Logo me entregaram, e eu sai dali.

Sem querer, me esbarro em alguém.

Eu: aí que merda. - resmunguei brava. - olha por onde anda, cara. - levantei a cabeça de cara fechada.

Hugo: a não, cara. - riu fraco. - minha camiseta novinha.

Eu: se prestasse atenção, não tinha acontecido isso. - revirei os olhos. - tô mais preocupada com minha casquinha do que com essa blusa tua.

Hugo: vamo lá pô, eu pago outro. - encarei ele.

Concordei e o mesmo foi até a atendente e fez o pedido, pagou e voltou com a casquinha.

Eu: fez mais que obrigação. - o mesmo me olhou e deu uma risada.

Hugo: desaforada demais pô. - dei de ombros. - e aí, tu vai voltar pra rocinha agora? - encarei ele. - relaxa, tô só perguntando.

Eu: não precisa de carona. - fui direta e o mesmo ergueu a sobrancelha. - tô fugindo de confusão, meu amigo.

Hugo: e eu trago confusão é? - falou interessado no assunto.

Eu: talvez. - ri fraco.

Meu celular começou a tocar. Peguei o mesmo e até estranhei quando vi o nome dele no visor.

Bloqueei o celular e fiquei com o mesmo na mão, logo começou a tocar de novo.

Ihhh.

Eu: o que? - respirei fundo.

Vargas: tu tá aonde? - falou com a voz gostosa.

Eu: no serviço, Vargas. - falei óbvia e ele bufou.

Vargas: tô falando sério. - encarei Hugo, que me olhava curioso e neguei. - tu já bateu o ponto que eu tô ligado.

Eu: qual é a sua, cara? - falei nervosa. - tu sai da minha bota, viu? Tu me deixa, se não eu vou quebrar teu carro todinho. - ameacei o mesmo.

Ele ia me responder, mas eu desliguei o celular na cara dele.

Hugo me olhava divertido.

Mereço mesmo viu.

Eu: fica na paz aí, que eu vou-me indo. - peguei na mão dele, despedindo.

Hugo: quero ver quando eu vou ter a sorte de poder sair contigo. - encarei o mesmo, dissimulado.

Eu: no dia do são nunca. - eu ri e ele negou. - tchau, Hugo.

Hugo: pô Ágata. - bufou e eu dei de ombros.

Nem dei estia e sai dali voada.

Quando eu cheguei na entrada do shopping, eu vi o carro dele ali. Umas duas motos e outro carro perto dele.

Ele tava encostado no mesmo.

Encarei ele, negando com a cabeça.

O que ele pensa que tá fazendo?

Eu: cara? - falei desentendida.

Vargas: qual foi pô? Posso te buscar não? - falou todo cínico, resmunguei ficando calada.

Eu: qual o momento que você não entendeu, que a gente não tem mais nada? - falei óbvia. - você só tá lascando com a situação toda.

Vargas: eu sinto a sua falta, Ágata. - suspirou, me puxando pela cintura. - porra, eu nem fiz nada e tô pagando por um caralho que tá machucando. - colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

Eu: se tivesse pensado, não teria acontecido nada disso. - encarei ele, enquanto o mesmo apertava de leve minha cintura. - na primeira ligação daquela piranha, tu já foi atrás.

Vargas: quando é que você vai acreditar em mim? - me encarou. - Tody que ligou, falando que aquele caralho queria falar comigo. Eu nem ia entrar pô, ela implorou e ainda veio me dando um whisky.

Eu: não quero saber, Renan. - falei baixo, bem séria. - tu acha que eu sou obrigada a saber de transa tua? Nam.

Vargas: que transa o que, Ágata? - fechou a cara, ficando sério. - eu sou é sujeito homem, pô. Tá achando que vou agir na pilantragem contigo? Me respeita pô.

Eu: então pronto. - falei exausta.

Vargas: vamo ficar desse jeito mermo? Por causa daquela garota? - respirou fundo e eu concordei. - tu se liga nesse doce teu pô, eu vou cansar e quando isso acontecer, não adianta vim de lero pro meu lado.