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Vargas.

Era o cão testando minha fé, tá ligado?

Tudo desandou, do nada.

Tava tudo tranquilo, e do NADA, a bagaceira tava feita.

Flashback on.

Tico: que nada pô, é só uma resenha. - falou pela milésima vez. - sua muié deve tá dormindo já. - encarei ele, olhando meu celular.

Eu: sei não pô, quero encrenca não. - neguei, respirando fundo.

Tico: papo pô, marca um dez, vou ficar chateado contigo. - apontou pra mim e eu cocei meu cavanhaque.

Eu: nem dez pô, vou marcar minuto mermo. - ele comemorou.

Fiquei só telando a felicidade daquele viado. Estranho demais. E eu, imaturo mermo. Não nego pô.

Chegamos na festa e tinha altos dondoca. De início nem dei moral não, a minha tava em casa e eu aqui em quengueiro.

A consciência pesou, irmão. Eu era um lixo mermo. Eu sabia que só de tá aqui sozinho, ia dá merda.

Fiquei na minha, esperei marcar um tempo e quando eu ia saindo alguém me segurou.

Olhei pra trás já puto, avistando uma morena até mais ou menos. Não chegava aos pés da Ágata, mas ela era mediana.

Xxx: Oi, você é o Vargas? - encarei ela, toda felizinha.

Se eu soubesse que essa porra ia me afundar, eu nem tinha vindo nesse caralho.

Flashback off.

Passei a mão pelo rosto, analisando a ferida na boca. Freitas era um pau no cu mermo.

Peguei meu celular, colocando pra chamar no número da Ágata.

"Esse número que você ligou, está fora de área de cobertura."

Era a milésima vez que repetia essa frase.

Meu sangue ferveu.

Onde essa mulher se meteu?

Respirei fundo e peguei um pino dentro da minha gaveta. Fiz umas carreira e enrolei o dinheiro. Cheirei tudo.

Fiquei travado mermo.

Altos pensamentos, altas loucuras, altas gritaria na minha mente.

Meu corpo não reagia ao meu comando, minha língua dormente, meu braço formigando.

Já tava alucinado, um sentimento estranho no pé. Uma sensação de ter sido um merda com minha mulher.

De não ter ficado com ela. De ter caído na farra.

"Otário, tem que se foder."

Minha mente gritava essa frase.

[..]

Amanheci caído no chão. Sem ninguém sequer se importar.

Se tivesse morrido, ia levar terra na cara sem dó.

Respirei fundo, sentindo meu corpo pulsando. Foi droga demais.

A ressaca moral era a pior. Eu me sentia um lixo mermo.

Fui andando devagar pro quarto, na esperança de encontrar ela ali, mas não tinha nada... Nada além das coisas que já haviam ali. Até as roupas ela carregou tudo.

Passei a mão no rosto, sentindo minha garganta travar. Caralho, meu chapa.

Levantei a cabeça negando, e adentrando no banheiro. Mudei a temperatura do chuveiro, colocando no frio e adentrei embaixo d'água.

Parecia que tava tirando todos os pecados, mas ao mesmo tempo, parecia me lembrar do quão imbecil eu era.

Não pensei duas vezes e dei um murro na parede.

Eu: CARALHOOOO. - gritei.

Era libertador, mas não era coisa nenhuma. Eu perdi... Perdi tudo que eu mais presava nessa vida. Por causa de quê? Por cair na lábia de ir em festinha.

Porra.

𝒰𝓂 𝒷𝓇𝒾𝓃𝒹ℯ 𝒶 𝓃ℴ𝓈.Onde histórias criam vida. Descubra agora