Âmbar #VegasPete

Adeus, Vegas?

(...)

Vegas saltou em frente aos amigos e aos curiosos. 

O primeiro pensamento que cruzou a mente de Pete foi que o salto aconteceu no mesmo lugar em que a senhora Theerapanyakul se jogou anos antes. O mundo de Saengthan ficou manchado pelas dores antigas e novas. Ele gelou ao ver aquilo.

Pete fez tanto para evitar o pior, mas quando tudo enfim tornou-se público, ele estava de novo preso nas imundícies de Cherry e sua família e deixou Vegas passar por isso sozinho. Não tem como não pensar diferente: o seu amado realmente não suportou e preferiu partir sozinho, coberto de uma culpa que não é dele.

Enquanto se aproxima do maldito lugar de onde seu Vegas se jogou, ele sente a culpa voltar-se para si. Khun Gun e seu pai exigiram milhares de vezes que ele contasse a verdade, mas por temer esse final, ele tinha se calado e sofrido toda sua dor em silêncio. Os sentimentos de momentos antes agora o consome. Como ele pode viver depois disso. Seu primeiro pensamento foi repetir o mesmo gesto. Ele não merece viver. E foi pensando assim que ele tentou se aproximar da grade da ponte. Punn gritou o nome de Syn e o coração de pai se misturou com o amor por Vegas, confundindo-o. O filho ama o tio e saber que o pai preferiu a morte a continuar com ele iria marcá-lo para sempre, como a partida da mamãe Theerapanyakul tinha marcado Vegas. Seu coração ficou dividido e por um instante a dor da perda de seu amado foi maior e ele voltou a se aproximar da grade.

Punn e os guarda-costas o agarraram e Pete gritava perdido em sua dor, surdo de tudo o mais. Seu mundo em ruínas. O corpo tremendo em um sofrimento que ele acreditava ser impossível. Tudo o que ele sente é muito maior do que ele imaginou enquanto vinham em direção ao horrendo lugar.

Enquanto isso...

Vegas se deixou ser abraçado pela grandeza daquele espaço até então desconhecido. No primeiro momento o tombo o fez perder o equilíbrio e o controle sobre sua respiração dentro de toda aquela água, mas, segundos depois, ele teve a ilusão de ver a mãe chamá-lo e seguiu a sombra que a presença da mulher deixava em seu caminho aquático. Ele deixou o corpo descer devagar, sentindo como se o espaço fosse algo estranhamente conhecido, uma hidrosfera quente e protetora, como o útero de sua mãezinha. A sombra feminina ia em frente, firme e forte, as bolhas subindo atrás dela.