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- Amor, a gente vai virar! - Gargalhei, enquanto os dois balançavam na rede tal qual duas crianças.
- Meu sonho, tá? A rede rodopiando igual no pica pau.
- Realidade: A rede abrindo, eu quebrando o nariz e você o dente.
- Ia me amar com um faltando?
- Se me amasse com o nariz torto...
- Fácil. - Fizemos nosso toque, rindo.
- Ceci e Jude sumiram, né?
- Ela disse que ia levar ele lá naquela praia que curte, que é deserta. Inclusive, a gente podia fazer o mesmo, né?
- E pegar eles no flagra? Dispenso. - Ele gargalhou.
- Não, garota. Ir dar um rolé pela cidade. Pessoal nem vai sentir nossa falta, quando começa a tocar música do tempo deles, já sabe. - Ri.
- Pior que é. Bora então. - Ele parou a rede com o pé e nós subimos pro quarto.
Ele desceu antes e eu coloquei um vestidinho, com chinelo, descendo e entrando no buggy.
- Mentira que tu tem medo de dirigir isso ainda? - Soltei, vendo que na metade do caminho em diante, sua mão começou a suar.
- Odeio, tô indo só pra não ir a pé. Uma lataria minúscula dessas.
- Para, me sinto num clipe com os cabelos ao vento. Ô amor, aqui não é aquela rua que ficava a casa que a tia Aline alugava antigamente?
- Que tinha aquela varanda maneira, né? É essa mesmo.
- Mas tu sabe que ela é sem saída, né? - Ele não respondeu, só segurou o riso, parando exatamente em frente a casa que ficávamos. - Ué? - Ele pegou a mochila no banco de trás que eu nem tinha reparado e me deu a mão, me ajudando a descer.
- Tava pensando nessa casa desde antes quando chegamos, pedi o contato pra tia e por coincidência, tava livre hoje. Pensei, por que não? - O olhei risonha, abrindo a porta e tendo uma sensação de nostalgia gostosa.
- A gente foi feliz pra caramba aqui, né?
- Muito, vivemos demais. Do seu primeiro eu te amo, até o dia que tirou minha pureza. - Gargalhei.
- Para, tu que veio cheio de graça, decorou a casa e tudo.
- Pior que foi mermo. Bolei o maior plano com a Ceci, primeiro pra ela conseguir tirar geral de casa pra eu montar as coisas e a gente ficar a sós, depois, pra você voltar sozinha antes de geral. Pior que nem lembro como decorei, tu lembra?
- Como se fosse ontem, fiquei toda bobinha. - Ri. - Tu decorou lá fora com um piquenique pra gente ver o por do sol, com noventa mil rosas, não dava nem pra ver o piso, pavão que só. - Ele gargalhou.
