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A sala de ultrassom tinha um silêncio estranho. Era aquele tipo de silêncio que só existia em momentos importantes, cheio de expectativa e emoção, mas ainda assim calmante. Eu estava deitada na maca, a barriga exposta e lambuzada com o gel frio, enquanto Jude segurava minha mão tão forte que eu quase não sentia os dedos.
O olhei, dando risada e ele olhou pras nossas mãos.
— Foi mal, foi mal. — Beijou meus dedos, mas voltou a fixar os olhos no monitor, como se pudesse forçá-lo a acender mais rápido. — Só... quero ter certeza de que ela está bem. — Se explicou, quando percebeu que eu ainda ria.
— Jude, já fizemos uns mil ultrassons. Ela está ótima.
Ele abriu a boca para retrucar, mas a Rosa entrou na sala antes que pudesse dizer qualquer coisa, ligando os equipamentos e virando pra gente.
— Vamos dar uma olhada em como a pequena Kali está hoje? — perguntou, espalhando o gel com cuidado pela minha barriga.
— Por favor, vamos.— Respondi e Jude me olhou como quem diz "Olha só... A bonitona não estava rindo??". Mas quando o monitor finalmente acendeu, o coração de ambos parou por um segundo.
A imagem foi se formando lentamente, e o que era pra ser um ultrassom cinzento, só com o contorno do seu corpo, deu lugar a um ultrassom 3D, com um rostinho de verdade.
— Meu Deus... — Jude murmurou, aproximando-se da tela como se não acreditasse no que via, mas sem deixar de segurar minha mão.
— Ela... Ela é linda. — Sorri, sentindo minhas lágrimas caírem.
— Quis fazer uma surpresinha pra vocês. — Ela sorriu, ao ver nossa reação.
— A melhor das surpresas... Amor, ela tá dormindo igualzinho você. — Fiz um biquinho.
A diva dormia tranquilamente, com a mãozinha no rosto. Claro que não dava pra ver perfeitamente, mas era o suficiente pra reparar nos seus traços. O nariz bem redondinho, e a boquinha, por Deus, a boquinha.
Era carnudinha e definida igual a do Jude, e agora está a o dobro, já que ela fazia um biquinho.
— Esse beicinho... ela já está planejando como vai nos convencer de tudo, tenho certeza — Jude disse, rindo.
— Isso é definitivamente seu lado genético. —Ele fingiu ofensa, enquanto eu segurava o riso.
— Meu lado? Cecilia, essa carinha fofa é todinha você.
— Tá, eu aceito a carinha, mas a boca é todinha sua.
Ele inclinou a cabeça, analisando como se fosse um cientista.
— É, realmente... Mas tirando isso? É você. Eu já posso imaginar ela fazendo aquele olhar bravo igualzinho ao seu, meu Deus ela vai me ter na mão.