Capítulo 5 - O Almoço

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Nataly/Lucy


Quando Alex me convidou para o almoço em sua casa, eu levantei as mãos para o céu e agradeci. Mais cedo Katia havia me contado sua ideia e para dar certo eu teria de dar meu jeito para estar neste almoço. É claro que eu aceitei o convite dele, mas antes tive que fazer um charminho, aliás, é a mãe dele né! Ele havia ficado de me buscar ao meio dia e já eram 11h37min e eu ainda estava de roupão em frente ao meu guarda-roupa sem saber o que vestir. Meu telefone toca, corro para atender, só espero que não seja o Alex dizendo que decidiu vir mais cedo. Olho para a tela e vejo o nome de Kátia, respiro aliviada e atendo.

— Pronto. Nataly falando.

— Ele acabou de sair daqui, já está pronta?

— Não! — Falei com voz de choro — Eu ainda não sei o que usar. — Jogo-me na cama que está com um amontoado de roupas. Ouço uma risada do outro lado da linha.

— Hoje você tem que estar mais meiga. Deixe-me ver. Hum — Fala pensativa — Use aquele vestido rosa de seda rodadinho — Ouço vozes ao fundo que acredito serem de Mary e Thiago — Tenho que desligar, tchau.

Ela desligou na minha cara! Tudo bem que tinha mais gente ali e que supostamente não nos conhecemos ainda, mas ela poderia esperar por uma resposta, e se esse vestido não está aqui, eu vou com o que? Meu Deus! Eu estou agindo como se estivesse indo para um primeiro encontro — O qual eu nunca tive, não de verdade — Tenho que parar com isso.

Levanto e caminho até o armário pegando o vestido que está pendurado em um cabide — Sorte a minha, senão eu teria que passá-lo — Ele parece mais com a "Lucy" do que comigo, pois é muito meigo, e de meigo a Nataly aqui não tem nada. Termino de me arrumar bem a tempo de ouvir a campainha tocar. Pego minha bolsa, vou em direção a sala e paro no corredor, respiro fundo e obrigo-me a caminhar até a porta. A campainha toca novamente, então, abro a porta, me deparo com um Alex lindo e cheiroso, numa calça jeans, apertada nos lugares certos, e uma blusa de manga cumprida. Ele daria um ótimo agente. Tem um porte físico maravilhoso e é um gato, fora que é inteligente. Pena que não sabe lutar. Ele exibe aquele sorriso magnifico para mim, que retribuo da melhor forma.

— Pontual. — Falo aceitando a mão que ele me estende.

— Eu tento. — Diz me conduzindo para fora do apartamento.

Tranco a porta e seguimos para o elevador. O prédio é bem moderno, mas não muito chique, já que não posso chamar muita atenção. Seguimos em direção a portaria e vejo um carro diferente — Que lembra muito os carros padrões da S.W.A. — estacionado em frente à calçada. Alex aperta o botão para destravá-lo.

Esse devia ser o carro da mamãe. Um estilo que eu gostava bastante. Não era uma entendedora de carros nata, mas eu era apaixonada por eles. E se tem uma coisa que a S.W.A. sabe fazer é desfrutar dos melhores carros. A nossa oficina era um dos meus passa tempo preferido desde criança.

Chegamos a sua casa depois de uns vinte minutos, me deparo com a mesa do jardim bem-posta, Mary sentada no balanço enquanto conversava com Thiago — que estava ajudando Kátia com os pratos. Assim que nos viu, Mary, com seus gestos "super." discretos, caminhou em nossa direção — Tudo bem, ela correu feito uma Gazela saltitante — chamando a atenção de todos para nós. Assim que nos olha Kátia mostra um sorriso verdadeiro em seu rosto.

E agora começa o fingimento coletivo.

Mentir sobre gostar de alguém — Ou seja, ser falsa — não passa nem perto desse tipo de situação. Quando sou somente eu mentindo é mais fácil do que quando envolve duas ou mais agentes, que é quando tudo fica mais perigoso, pois pode haver alguma contradição em suas falas, fora que, eu me sinto horrível sabendo que estou mentindo e alguém ali sabe disso.

— Olha quem chegou! — Kátia diz estendendo os braços em minha direção.

Espera aí! Já entramos na parte das apresentações? Digo um simples "Olá" retribuindo o abraço meio sem graça.

— Você deve ser a Lucy. — Ela continua a insistir um diálogo comigo — Você está linda! — Fala me analisando com um sorriso no rosto, na verdade, eu sei que ela só estava checando se eu segui as ordens, nada explicativas, para minha vestimenta.

— Obrigada, Senhora Bernoulli! — Falo começando a entrar no personagem.

— Nada de senhora, somente Kátia, por favor! — Fala sorrindo, e eu aceno concordando.

Sentamos à mesa e engatamos um assunto sobre a faculdade que se transformou em uma conversa sobre mim. Como isso pode ser possível? Eu também não sei. Eu sabia que essa espécie de interrogatório, disfarçado de conversa, ia acontecer mais cedo ou mais tarde, pois Kátia havia me explicado o quão era importante a sua aprovação em uma amizade ou namoro paro seu filho.

Ao final do almoço comecei a recolher os pratos da mesa com a ajuda de Mary, quando percebemos que Kátia e Alex demorariam mais que os dez minutos passados para voltar ao jardim. Sabia que ela o tinha chamado lá dentro com o objetivo de falar sobre mim da melhor forma possível. O almoço tinha sido uma maravilha, sem nenhum acidente da minha parte — Já disse o quanto eu sou desastrada? — Nada quebrado, ninguém irritado comigo. Mas, como eu sou adepta da lei de Murphy — Que caso alguém desconheça a Lei diz que "Se algo pode dar errado, vai dar errado — não poderia comemorar antes de estar sã e salva no meu suposto apartamento.

Quando eu estava indo, tranquilamente, adentrar aquela casa esbarrei em Alex, que foi rápido para me agarrar antes que eu caísse de bunda no chão, mas não rápido suficiente para agarrar os pobres pratos, prediletos, de Kátia, que saíram voando. Com um reflexo maravilhoso, de anos de treinamento, consegui agarrar um dos seis pratos que caiu próximo de mim e consegui ver Kátia fazer o mesmo, infelizmente foi somente com o dobro da quantidade de pratos que eu conseguira pegar — o que significa três pratos estraçalhados na varando de sua casa.

Merda! Eu falei que tudo pode acontecer comigo, sou muito estabanada. Eu sei que Katia nesse momento quer minha cabeça como os pratos quebrados, afinal este é o conjunto de pratos preferido dela, minha mãe dera para ela em alguma comemoração especial, e acabei de destruir uma das lembranças de família dela. Me endireito e me preparo para pedir perdão de joelhos, quando ela pega o prato da minha mão e começa a falar:

— Por que vocês não sobem enquanto eu limpo essa bagunça? — Prevejo que ficarei por um bom tempo treinando os iniciantes, que é o pior trabalho que se pode ter na S.W.A., usado normalmente como punição para agentes burros, que nem eu, que cometem as piores burradas na vida.

— Desculpa, Kátia! Eu prometo que vou pagar... — digo enquanto todos os outros nos olham confusos.

— Não se preocupe querida, eu sei que não foi de propósito, está tudo bem! São apenas pratos, pratos que podem ser repostos. — Eu quase acreditei que ela realmente não estava brava até ela dizer "são apenas pratos", porque eu sei que não são apenas pratos. Ela, assim como eu, guarda todas as lembranças da minha mãe com o maior carinho e cuidado, e os pratos estavam inclusos desta lista. Antes que eu possa dizer mais alguma coisa Alex me puxa para dentro de casa, mas ainda consigo captar um olhar triste de Kátia. Merda. Eu a deixei mal, é como se parte do espírito de mamãe estivesse nos objetos, que trazem lembranças de um tempo bom e distante, e acabei de matar uma parte.

Estávamos a mais de uma hora conversando no quarto de Alex, e eu já tinha perdido as contas de quantas vezes eu havia pedido desculpas a ele, pelos pratos. E ele sempre, calmamente, dizia que estava tudo bem, que sua mãe não estava brava. Ele pelo menos acreditava nisso — O que é bom, eu não preciso de mais alguém ali sabendo que Kátia vai me matar.


Espero que tenham gostado.

Até o próximo capítulo. Ah, e comentem votem e compartilhem 

Beijos, Luisa 

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora