Capítulo 41 - Treinando

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Nataly


Após me impor no nosso primeiro, e fracassado, treino Alex simplesmente me deu as costas e saiu ignorando tudo o que eu havia falado, deixando-me sozinha durante horas naquela sala vazia. Isso se repetiu durante os três dias seguintes. Eu ia no horário marcado e ele nem se quer aparecia, então eu aproveitava para aperfeiçoar alguns golpes, o que me ajudavam a relaxar e perder um peso extra que eu vinha acumulando graças à gestação. No quarto dia cheguei uns vinte minutos atrasada em virtude de um enjoo matinal. E assim que entrei na sala, com uma cara de doente e uma toalha húmida pendurada no pescoço, me deparei com Alex sentado de costas para a porta.

— O que faz aqui? — Perguntei erguendo meu muro contra ele, enquanto tentava andar até o meio da sala, onde tinha um tatame cinza, com as pernas bambas.

— Te esperando. — Levantou me encarando — Temos um treino, certo? — Cruzou os braços.

— E desde quando você quer treinar? — Cruzei os braços, também, e dei dois passos para trás, mas agradeci por estarmos tendo um diálogo. — Principalmente comigo.

— Desde que a minha mãe me obrigou a vir ou me deixaria preso aqui até que tudo se resolvesse.

— Então entrou nessa para conseguir sair?! — O olhei sorrindo de canto.

— Faz diferença? — Disse indiferente a mim.

— Não. Não faz. — Respirei fundo jogando a toalha e meu celular em um dos cantos da sala — Tudo bem. Vamos treinar!

Ensinei alguns golpes novos de defesa e ataque para ele, como: Uppercut, golpe que visa acertar o queixo do oponente de baixo para cima, levando, possivelmente, a um nocaute; Kao Hon, Kao Yo e Kao Hiap, consistem em três diferentes tipos de joelhadas usadas apenas no Muay Thai que podem ser decisivas em um ataque; Blima Leachor/Beita/Manouj, uma queda para trás, usada no Krav Maga, com chutes e algumas alavancadas laterais. Mas também relembrei outros que ele já conhecia no mundo do judô como, por exemplo, o Kata Guruma e Ashi Gatame, tudo em uma mistura que gostávamos de fazer para que um agente sempre estivesse preparado para todos os tipos de luta, sem nenhuma inconveniência.

E embora estivéssemos em um combate corpo a corpo, parecíamos distantes um do outro. Ele não me olhava nos olhos e nem falava comigo, mas quando era para me atacar ele fazia com muito gosto. Algumas vezes ele demorava de obedecer ao meu "TAP, TAP", dois tapinhas dados no oponente para mostrar desistência, ou, no caso de um professor, a pausa de um golpe sendo aprendido, e isso demonstrava o quanto ele me odiava.

Por conta da gravidez eu estava um pouco relapsa nos movimentos, e no nosso terceiro treino, em um dos golpes que estávamos treinando, quando ele devia tentar me acertar com uma sequência de Jab e Cruzado — um soco deferido com a mão da frente, referente a sua base, no caso, Amidat Motzad (Base de combate no Krav Maga), com um soco de lateral deferido com a mão de trás referente a base — e eu me defender com um Shlosh Meot Shishim Maalot — uma defesa em 360° —, Alex conseguiu acertar meu abdômen antes que eu pudesse me defender. Não havia sido um soco muito forte, pois por algum motivo ele estava controlando mais a força do que nos dois primeiros dias, mas, rapidamente, eu fui para o chão levando a mão à barriga, por puro extinto de proteção, mas, também, porque doía um pouco. Fechei os olhos preocupada de que algo pudesse ter acontecido ao meu bebê.

— Você está bem? — Perguntou preocupado.

— Uhum! — Disse com a voz falha segurando a minha barriga e o encarando meio assustada — Acho melhor pararmos por aqui. — Deitei no tatame fechando os olhos novamente.

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeWhere stories live. Discover now