Capítulo 23 - Você é de Outro Planeta

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Nataly/Lucy



— Thiago por favor se acalma — Digo fechando a porta do quarto para que Alex não nos ouvisse. — Olha pode parecer loucura, mas tenho uma explicação bem lógica para tudo isso, ok?

— Você tem uma arma. — Ele disse em estado de choque — Duas armas, na verdade. Não têm explicação lógica para isso.

— Olha! — Retirei a munição da arma e os coloquei em cima da mesinha — Eu não sou nem um monstro ou psicopata que rastreia todo mundo.

— Você vai me matar?

— Claro que não! — Tentei me aproximar dele sorrindo — Eu não tenho motivos para te matar.

— Por que está aqui? Você tem motivo para matar alguém? — Ele começara a ficar mais atrevido e já não recuava mais.

— Olha eu não posso dizer. — Mordi o lábio inferior.

— Então me dá um motivo para deixar meu amigo aqui e não te denunciar para as autoridades?

— Porque eu não quero machucar ninguém.

— Isso foi uma ameaça?

— Não, claro que não! — Pelo menos não era para soar como uma. — Olha o que eu posso te dizer é que vai ter que confiar em mim. Eu sou a proteção da Mary, do Alex e a sua.

— Proteção para o que? — Ele se sentou no chão ainda meio perdido naquela situação toda.

— Isso é confidencial. Não posso contar nada. — Sentei ao lado dele no chão ao lado da poltrona — Se eu te contar, vou comprometer a sua segurança.

— Como assim?

— Eu vou tentar te explicar sem muitos detalhes — Passei as mãos pelo rosto e respirei fundo —, mas vai ter que me prometer que ninguém vai saber, absolutamente ninguém.

— Tudo bem! — Ele sussurrou.

— Eu sou uma espécie de policial e essa é uma investigação, então eu estou me passando por aluna.

— Então é tudo uma mentira? Alex? — Ele olhou em meus olhos decepcionado. Odeio deixar as pessoas desta forma.

— Eu... — Respirei fundo novamente — Não sei te dizer. No começo era apenas trabalho, mas eu conheci vocês e eu gosto de estar com vocês e principalmente com o Alex.

— Então vai contar a verdade para ele?

— O que? — Ele estava maluco — Eu não posso. Você não entende, Alex corre risco de ser morto e eu sou a única que pode manter Alex a salvo e encontrar o bandido.

— Por que alguém iria querer mata-lo? — Porque ele nasceu.

— Ele é um bom garoto, não se preocupe, ele não fez nada para isso acontecer. — Toquei em sua mão esquerda e ele a retirou rapidamente.

— Então, por que? — Ele gritou.

— Não grita! — Sussurrei — Você vai ter que confiar em mim. — Disse me levantando e o ajudando a levantar — Agora me diga o que você veio fazer aqui?

— Mary perdeu um anel, e eu vim procurar.

— Claro! — Sorri — Eu encontrei o anel. Vamos! Eu o deixei lá na sala.

— Não pode fingir que isso aqui não aconteceu — Ele me encarou — E se pensa que eu vou mentir para alguém, você está muito enganada.

— Tem razão, por isso você vai levar a Mary para a casa dela e vai dizer que não está bem, o que não é mentira, e então você vai para casa, vai desligar seu celular e amanhã eu te encontro na lanchonete, que você sempre vai, próxima a sua casa.

— Andou me seguindo? — Ele disse horrorizado.

— Não, mas a Mary me disse que se um dia estivesse mal você estaria lá. — Isso era verdade.

— Como posso saber se é verdade?

— Por favor, Thiago! Apenas fique calado até amanhã e eu prometo que eu vou tentar te explicar o que está havendo.

— Eu não sei. — Acho que vou ter que tentar da maneira mais dura.

— Olha eu tenho uma arma, se eu quisesse poderia ter te ameaçado com ela, mas ao contrário disso e de todas as regras, que eu devo seguir neste tipo de acontecimento, eu estou te pedindo com educação que guarde este segredo. Por favor eu não me perdoaria se algo te acontecesse por abrir a sua boca. — Acho que soei desesperada o suficiente.

A quem eu estou enganando? Eu estou desesperada.

— Tudo bem! — Ele disse saindo do quarto e eu o segui trancando a maldita porta atrás de mim — Mas é bom meu amigo estar vivo amanhã, ou eu vou te denunciar.

— Como quiser. — Disse pegando o anel, que estava numa gaveta do aparador da sala, e entregando-o para ele. — Até amanhã Thiago. — Disse e ele saiu batendo a porta me deixando jogada ali sozinha no sofá.

Eu estou ferrada.

— Lucy? — Alex me chama saindo do quarto — Eu já terminei. — Sorriu para mim secando seus cabelos negros em uma toalha. — Está tudo bem? Está com uma cara estranha. — Ele me analisa.

— Sim! — Levantei indo até ele e beijando-o.

— Ouvi um barulho de porta batendo. Quem era? — Ele perguntou quando eu me joguei novamente no sofá.

— O Thiago. — Disse perdida em meus pensamentos.

— O que ele estava fazendo aqui? — Se sentou ao meu lado.

— O que? Quem? — Perguntei saindo do transe.

— O Thiago. — Disse o óbvio — Você está bem mesmo?

— Sim, apenas distraída. — Me ajeitei em seu colo — Thiago veio buscar o anel da Mary. Ela esqueceu no banheiro.

— Hum — Ele cheirou meu pescoço — Sabia que eu adoro seu cheiro?

— É mesmo? — Obrigada por mudar de assunto — E eu tenho cheiro de que?

— Orquídea.

— Orquídea?

— Sim — Ele me beijou —, mas não qualquer orquídea. Você tem cheiro da orquídea dourada de Kinabalu — Ele sorriu como se isso fizesse algum sentido.

— E o que seria isso?

— É uma das flores mais raras do mundo. — Quando foi que ele começou a entender tanto de botânica? — Essa orquídea está em extinção e só pode ser encontrada no parque nacional de Kinabalu que fica na ilha de Bornéu, lá na Malásia. Dizem que ela demora, uns quinze anos para nascer e florescer. E são quinze anos que valem a pena, pois suas pétalas são de uma beleza interminável. — Disse acariciando meu rosto — Assim como você.

— De que planeta você saiu? — Se eu estou incrivelmente derretida? Sim, estou.

— De um planeta onde te beijar é a minha necessidade básica para existir. — Por que ninguém me apresentou a ele antes disso tudo?

— Neste caso, não vamos deixar que você morra, certo?

S.W.A. 1 - As Mentiras De Uma VerdadeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora