Capítulo 5 - Conselhos

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"Vamos lá, Annabeth, não seja covarde! Não é vergonha nenhuma pedir ajuda a uma amiga. Quer dizer, a uma colega de acampamento. O máximo que ela pode fazer é rir da sua cara. Mas você não tem outra escolha!" Repetia esse pensamento em minha cabeça várias vezes enquanto me olhava no espelho naquela manhã de sábado. Percy havia me dito ontem que pensava em sair daqui logo após o almoço. Então eu precisava resolver aquilo logo. Não tinha tempo a perder.

Terminei de trançar o cabelo e ajeitei minha roupa. Minha mão involuntariamente deslizou sobre o broche que Percy me deu um pouco mais demoradamente. Já tinha virado um acessório permanente no meu 'look'. Eu olhei pra ele com carinho e sorri. Afinal de contas valeria a pena o meu esforço. Ele merecia que eu desse o meu melhor pra que aquilo saísse tão bem como ele imaginava que seria. Levantei da cadeira decidida e marchei rumo ao chalé de Ares.

Quando parei em frente àquele chalé, percebi que nunca tinha chegado nem perto de lá na vida. A construção era uma coisa bagunçada e agressiva. Nem ao menos consegui encontrar a campainha, se é que havia uma. Minha mente de arquiteta me dizia que algo estava errado no que eu estava vendo. Mas ao mesmo tempo eu sabia que o prédio a minha frente se encaixava perfeitamente aos seus moradores. Não precisei nem me preocupar em bater na porta ou tentar chamar Clarisse lá de fora. Ela passou por uma das janelas e sua cara foi de total espanto ao me ver parada ali na frente.

Segundos depois ela saiu de lá abrindo a porta com um golpe. Sua expressão era séria como sempre, mas dessa vez trazia algo de receio e dúvida. Ela parou bem em frente a mim e me encarou, depois me olhou de cima a baixo antes de falar.

- O que quer Anna? Por acaso perdeu alguma coisa por aqui?

- Não Clarisse. Eu só queria falar com você um instante, tem como?

- E você queria falar comigo sobre o que?

- É... – Vi que já havia alguns outros filhos de Ares que começavam a colocar as cabeças pra fora das janelas e das portas tentando ouvir o que falávamos – é tipo, particular, e muito importante. Será que podemos ir conversar num lugar mais tranquilo.

Ela olhou por cima do ombro e entendeu o que eu queria dizer ao ver os bisbilhoteiros que havia ali. Então fez um aceno com a cabeça concordando. Ela devia estar imaginando o quanto foi difícil pra eu ir até ali e dizer aquilo, então acho que de alguma forma, ela desconfiava que era algo importante. Esperava que ela não deixasse de achar isso depois que soubesse do que se tratava. Ela começou a andar e passou por mim deixando claro que era ela quem escolheria o melhor lugar pra conversarmos. Sem dizer mais nada eu a segui.

Caminhamos mais do que eu esperava, mas enfim ela parou quando alcançamos um descampado onde havia alguns aparelhos de exercícios que simulavam batalhas. Não havia ninguém ali àquela hora. Clarisse se limitou a parar no meio do local e virar-se pra mim. Ela cruzou os braços e ficou esperando eu dizer alguma coisa.

- É, então, o negócio é o seguinte... Eu queria te pedir, você sabe... – Consegui enrolar tudo e gaguejar em todas as a palavras.

- Qual seu problema? Desembucha logo garota, não tenho todo tempo do mundo pra você! – Ela me olhava como se eu fosse um bicho estranho, desses que a gente tem até pena porque não consegue nem entender o que ele é. Eu então tentei engolir toda aquela tensão e parecer a garota normal e confiante que sempre fui. Juntei todas as minhas forças e falei.

- Estou com um problema com o Percy e precisava conversar com alguma garota mais experiente nesse assunto de namoro do que eu. Pronto, falei! Ufa! – Essa última parte não era pra ter saído, mas eu fui tão no embalo pra não perder a coragem que acabou saindo. Clarisse ficou sem expressão por um momento e depois eu percebi que ela fazia força pra não rir – o que foi? Não tem graça!

Lembranças De Um VerãoWhere stories live. Discover now