Capítulo 48 - Enredo

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Desastre. Essa palavra define bem a minha tentativa de acertar as coisas com Percy. No começo parecia que estávamos indo bem. Mas no fim das contas acabamos pior do que havíamos começado.

Depois que ele me encontrou na área dos chalés, fomos até o refeitório almoçar. Ficamos em silêncio a maior parte do tempo. Nos comportávamos como se nada tivesse acontecido, mas ao mesmo tempo, ambos saibam que aquilo era só fachada. Sabíamos que ainda estávamos ressentidos um com o outro. E sabíamos que cedo ou tarde teríamos que resolver esse assunto. Terminamos nossa refeição e eu sugeri que fossemos até a praia dar uma volta. Percy pareceu gostar da ideia, pois aceitou sem titubear. Ele segurou minha mão e juntos fomos caminhando até lá. Tirei minhas sandálias e as segurei na mão para poder caminhar descalça sobre a areia. Andamos por cerca de cem metros beirando o mar até que paramos e nos sentamos virados na direção do oceano.

- Recebi uma mensagem de íris do Tyson ontem à noite – disse Percy para quebrar o gelo. Eu instantaneamente fiquei aliviada de ele estar me contando aquilo. Eu não queria ter que dizer que já tinha ficado sabendo daquilo tudo através de um sonho.

- E o que ele te disse? – perguntei fingindo estar curiosa para saber.

- Disse que meu pai quer que eu ajude com a reconstrução de seu reino depois que terminarmos as atividades aqui no acampamento – ele fez uma pausa para conferir qual seria minha reação. Tentei parecer surpresa e ao mesmo tempo calma.

- E você vai? – perguntei sem hesitar. Não sabia se ele tivera tempo suficiente para pensar naquilo, mas eu estava realmente ansiosa para saber. Sua resposta talvez definisse o rumo de nossas vidas daqui para frente.

- Ainda não sei – respondeu ele inseguro – Tenho que pensar melhor. Sobre todas aquelas coisas que você disse de que talvez nossos planos futuros não estivessem assim tão sincronizados – ele respirou fundo e depois continuou – Devo admitir que talvez você tenha razão sobre isso. Por que por um momento eu pensei que poderia aceitar essa proposta de Poseidon e ir viver um tempo por lá...

- Percy, se for isso que você quiser, eu vou entender – coloquei minha mão sobre a dele que estava repousada sobre sua perna. No mesmo instante ele me olhou e sorriu – Eu não vou gostar de ter que ficar longe de você tanto tempo, claro. Mas posso aguentar isso e muito mais se for o que te fará feliz...

- É ai que está o problema, Annie. Eu não tenho certeza se quero ir ao fundo do mar e dar uma de "o filho do Deus dos Mares que quer uma parcela do reino". Por que no fundo eu acho que é isso que meu pai quer. Que eu assuma uma posição de importância por lá. Se não ele simplesmente chamaria um de seus milhões de servos para fazer esse trabalho. Eu sei que ele tem outras intensões lá para mim. E eu realmente não sei se é isso que eu quero. Ainda não tenho certeza do que quero fazer para o resto da vida. Minha única certeza nesse momento é você. Só o que sei é que eu te amo e que quero ficar do seu lado sempre.

- Sabe que eu sinto o mesmo, não é? – ele concordou com a cabeça enquanto virava a palma de sua mão para cima para poder segurar a minha que estava sobre ela – Mas você também sabe que um dia terá que resolver o que quer fazer. Vai ter que dar uma resposta a Poseidon. Vai ter que se dedicar a alguma profissão. Estudar, trabalhar, etc...

- Pra que a pressa? A gente nem sabe se estaremos vivos amanha – ele mudou o tom de sua voz assumindo uma postura mais defensiva – Com essa vida louca de semideuses que levamos você acha mesmo que vai sobrar tempo para pensar nisso? Coisas mundanas como estudo e trabalho não tem importância para quem tem que lutar pela sobrevivência todos os dias.

- Percy, eu não acho que seja assim tão complicado – argumentei – Já não estamos vivendo tempos tão difíceis para os semideuses. É possível sim que consigamos construir uma vida normal, com tarefas e rotinas normais de qualquer ser humano.

Lembranças De Um VerãoWhere stories live. Discover now