Capítulo 9 - Recepção

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Cassandra nos conduziu ao andar superior do Palácio. Depois de subir as escadas andamos por um longo corredor que me pareceu interminável. Não sei se porque o lugar era realmente imenso, ou porque eu estava cada vez mais tensa. Com que cara eu ia olhar para o pai de Percy que era só o Deus dos Mares? O que eu ia dizer? Normalmente eu não me intimidava com a presença de nenhum Deus. Mas dessa vez era diferente. E se Tritão tinha conseguido fazer a cabeça de Poseidon e ele agora achava que eu era uma "ameaça" para seu "reino"? Como um inimigo infiltrado. Era melhor nem pensar naquilo.

Cassandra enfim parou de andar quando chegou a frente a uma imensa porta dupla de topo arredondado. Ao lado havia um desses teclados onde você deveria digitar uma senha de segurança pra conseguir destrancar a porta. A mulher-lula não só fez isso como também colocou as digitais de sua mão humanoide e teve as retinas lidas, para que a porta fosse aberta. Não dava nem pra acreditar que um Palácio tão rústico tinha um sistema de segurança tão moderno e aparentemente humano. Ela então se virou para nós e disse:

- Esperrrrrem aqui fora até serrrrrem anunciados – e entrou no grande salão que se estendia porta adentro. Eu e Percy nos olhamos com cara de "Mas o que?" e ele não conteve o riso.

- Dá pra acrrrrrreditar em tanta frescura? Da última vez que viemos aqui não tinha nada disso, não é Tyson? – Falou Percy imitando o sotaque ligeiramente francês da criatura.

- Percy tem razão. Castelo do papai estava bombardeado e destruído – Ele falou com tristeza. Percy não havia se referido a isso, mas achou melhor não tentar explicar ao irmão.

- Eles devem ter reforçado a segurança por aqui depois que quase tudo foi destruído na Guerra dos Titãs – Lembrei Percy para que ele parasse de zombar da situação. Apesar de eu achar graça, preferia não provocar Poseidon nem nenhum de seus 'funcionários'.

- Senhor Percy Jackson, Senhora Annabeth Chase e Senhor Tyson o Ciclope!

Entramos os três juntos no salão, com Percy um pouco a nossa frente. Como eu havia imaginado, o lugar era imenso, como todo o resto. Havia um longo tapete verde situado bem no meio do recinto. No final ele subia alguns degraus até encontrar-se com o trono de Poseidon. E lá estava ele, da mesma forma que eu havia visto em meu sonho. Aparência humana, roupas simples e meio gastas de pescador, expressão serena. E aquele brilho verde nos olhos que não havia perdido intensidade alguma ao ser herdado por Percy.

Percebi que haviam mais dois tronos posicionados em ambos os lados dele. O de tamanho intermediário deveria ser de Anfitrine, esposa de Poseidon. O menor deles provavelmente era de Tritão. Ambos estavam vazios. Preferia ficar sem saber se eles estavam muito ocupados para aquele encontro "familiar", como disse Tyson, ou se simplesmente não quiseram se dar ao trabalho de comparecer. Já era bem difícil enfrentar o sogro, eu dispensava a sogra e o genro por enquanto.

Poseidon se levantou de seu trono e, em seus mais de 3 metros de altura, veio caminhando até nós. Felizmente ele diminuiu gradativamente de tamanho até ficar da altura de um humano normal. Ele se dirigiu primeiro a Percy e lhe deu um forte abraço.

- Percy, quanto tempo filho! – Depois fez o mesmo com Tyson, e não pareceu nenhum pouco desconfortável com o forte aperto do Ciclope – E você Tyson, cresceu mais alguns centímetros ou é impressão minha? – A pergunta do Deus fez as bochechas de Tyson ficarem rosa e ele colocou as mãos na frente da boca, escondendo um sorriso.

Enfim o Rei dos Mares se dirigiu a mim. Ele deu um sorriso bem sutil e me estendeu a mão cordialmente. Eu, que estava em estado de choque ou algo assim, demorei mais tempo do que o normal pra apertar sua mão retribuindo o cumprimento.

- E você é Annabeth Chase. Creio que não tivemos a oportunidade de sermos formalmente apresentados das últimas vezes. Muito prazer!

- O pa pa prazer é todo meu, senhor – senhor? É assim que a gente deve se dirigir a um Deus? De repente eu virara um tremendo fracasso em pronomes de tratamento. Vossa divindade soaria muito exagerado? Parei de viajar em pensamentos idiotas e resolvi prestar atenção pra não fazer papel de boba.

Lembranças De Um VerãoWhere stories live. Discover now