𝕊𝕖𝕤𝕤𝕖𝕟𝕥𝕒 𝕖 𝕢𝕦𝕒𝕥𝕣𝕠

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5 de janeiro 📍Mônaco

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5 de janeiro
📍Mônaco

Uma vez me falaram que eu ia sentir ansiedade quando estivesse chegando a hora da cathe nascer, porque eu já não ia me aguentar grávida.

Mas de verdade, agora que chegou está chegando a hora, eu sinto vontade de chorar. Não estou preparada pra deixar de ser só eu e ela..

—Não é normal isso, será que estou tendo uma depressão pós-parto sem ter passado pelo parto?— falei na ligação e escutei a gargalhada da Maya do outro lado.

—Liz, você não está com depressão pós-parto— ela disse tranquilamente. —Você está se tornando mãe, você só quer proteger sua cria. Você sente a necessidade de deixar ela longe de qualquer perigo, e sabe que dentro da sua barriga não existe nada de ruim.

—E o que eu faço pra isso sumir?— perguntei com ansiedade.

—Não vai sumir, você só tem que aceitar que não existe nada pra fazer— ela disse calma. —A sua família nunca vai deixar nada machucar ou magoar a cathe, todos vão proteger ela no mesmo nível que você. Você só precisa aceitar que todos vão fazer por ela, a mesma coisa você está fazendo durante esses meses.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, ouvindo apenas a respiração suave da Maya do outro lado da linha. Eu sabia que ela estava certa — ela sempre estava — mas isso não tornava as coisas mais fáceis. A ideia de que a Catherine não estaria mais o tempo todo comigo, literalmente dentro de mim, me deixava com um nó na garganta. Era como se o mundo inteiro estivesse prestes a ficar grande demais pra ela... e pequeno demais pra mim.

—É que... eu não sei explicar, Maya — sussurrei, com a voz embargada. —Sinto como se quando ela nascer, eu fosse perder uma parte de mim. Como se o meu corpo estivesse prestes a ficar vazio.

Ela suspirou do outro lado, e eu quase consegui imaginar o olhar sereno que ela fazia quando ia falar alguma coisa que me desmontava por dentro.

—Liz... o seu corpo pode até ficar vazio, mas o seu coração vai ficar cheio de um jeito que você ainda não entende — ela disse, com aquela voz mansa. —Você vai ver o rostinho dela e vai entender que nunca existiu vazio, só espaço sendo preparado.

Mordi o lábio inferior, tentando conter as lágrimas. Olhei em volta do quarto, onde as malas já estavam prontas, a bolsa da maternidade encostada no canto e o quartinho ao lado, com aquele cheirinho de novo, de começo. Tudo gritava "está chegando", e mesmo assim... eu me sentia perdida.

—Charles está tranquilo com tudo isso? — Maya perguntou, mudando o tom, tentando me distrair.

Dei uma risada sem graça.

𝔸𝕟𝕖𝕤𝕥𝕖𝕤𝕚𝕒 ● ℂ𝕙𝕒𝕣𝕝𝕖𝕤 𝕃𝕖𝕔𝕝𝕖𝕣𝕔Where stories live. Discover now