Capítulo cinquenta e um

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Diane POV

Tinha medo do que Louis pudesse dizer ou como podia reagir quando eu lhe confessasse os meus sentimentos.

Estava a preparar-me mentalmente para este momento desde o princípio. Ainda assim, não estava pronta.

Tinha construído um precioso castelo em que o meu eu interior vivia calmamente com um protótipo do meu Louis perfeito: Um Louis que não tinha namorada, que era unicamente meu. Mas a muralha que rodeava este e o protegia estava a ser ameaçada pela realidade e, se esta fosse atacada, tanto a muralha como o castelo caíam e eu ficava sem nada. Mas, como podia ficar sem algo que verdadeiramente nunca tive?

Notava os meus olhos a transbordarem de água. Não queria chorar, não naquele momento.

- Ane, quero falar sobre nós mas não te vejo muito feliz com essa ideia. Se preferires podemos falar dentro de um mês, quando voltar... Mas por favor, não chores. - Diz passando a mão pela nuca, inquieto.

Quase me esquecia que ele tinha que ir embora outra vez. Outro mês sem o ver. Outro mês de agonia.

Inspirei fortemente pelo nariz. Sequei o canto dos meus olhos com os dedos.

- Não, vamos falar agora. Como disseste, há que deixar as coisas claras de uma vez por todas.

Ele assentiu.

Caminhei de volta para a cozinha e sentei-me numa das cadeiras que havia numa das laterais da mesa. Louis sentou-se numa cadeira à minha frente.

À minha frente apresentava-se uma parede branca com a palavra "realidade" grafitada nela. Ia contra aquela parede em breve. Só esperava que o golpe não me magoasse demasiado.

- Ane...

- Quero começar eu, se não te importas. - Interrompi. Assentiu de novo.

Fechei os olhos, respirei fundo e soltei o ar novamente. Abri os olhos. Louis focava toda a sua atenção em mim.

Quando estás prestes a representar o teu papel numa obra teatral e sais de cena parece que a luz dos focos penetra na tua pele e te queima desde dentro. Observas o público, o qual, espera expectante que pronuncies qualquer palavra. Os seus olhos analisam ao detalhe os teus movimentos, como se não quisessem perder nada, como se quisessem encontrar o mais mínimo defeito para te criticar. Por uns segundo é como se a tua alma abandonasse o corpo que habita e a tua mente ficasse em branco. A única coisa que pensas é "terra, traz-me de volta". Era assim mais ou menos que me sentia eu naquele momento.

- Estou confusa. - Admiti primeiramente. - Tu confundes-me. Por um momento parece que só me queres foder e nada mais que isso. Depois, quando estamos na intimidade, sinto que não é assim, que realmente me queres, e digo isto porque vejo a maneira em que tu sorris sempre que o teu sorriso embate no meu. Dou-me conta do quanto gostas de estar comigo, sim, porque ias estar aqui e não com a tua namorada? Se unicamente te interessasse o sexo a única coisa que farias era isso, foder, e ir embora. Mas não o fazes. Tu ficas aqui, ao meu lado. Essas horas que partilhamos juntos são perfeitas. Ao menos para mim são... Mas então tu desapareces repentinamente e não dás sinais de vida como fizeste neste mês. Lembras-te de quando me ligaste ás tantas da noite? Estou certa de que se não estivesses bêbado nunca me terias ligado. Louis, eu passo mal com esta merda. Estas idas e voltas. Odeio ver como primeiro te comportas como se eu fosse a única na tua vida e no segundo depois estás atrás da tua namorada... Essa é outra... Já não se trata só de ti e de mim, Eleanor sem saber também está metida no meio disto, já te ocorreu pensar o quanto ela vai sofrer se souber o que fazes nas suas costas? - Tapei a cara com as mãos, suspirei fortemente. - Nem se quer sei porque fico tão compadecia com ela... Louis, eu... - Em vez de ter um nó na garganta eu tinha toda uma frota de barcos encalhada na traqueia. - Eu amo-te... Amo-te e ver-te com outra magoa-me, mesmo muito... Tudo isto me magoa e sabes o pior? Não quero que nada disto acabe porque, fodasse, estou apaixonada por ti, Louis! Ainda que passe dias a chorar por tua culpa e sinta um imenso desejo em bater-te, não tenho forças para abandonar o estúpido jogo em que me fizeste participar. - Não podia aguentar mais, a pressão era demasiada. Tinha-me perdido e apesar de não o estar a fazer, necessitava, queria chorar. E assim o fiz, chorei.

Secrets (Portuguese Version)Where stories live. Discover now