Capítulo 24

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Faltavam apenas dois dias para a festa do meu aniversário e da Júlia, eu comemoraria mais um ano de vida bem no dia da festa e a Juju comemoraria dois dias depois. Sim, quando eu completei 8 anos, ganhei de presente uma irmãzinha que naquela época achava que tinha a maior cara de joelho da história dos bebês, minha mãe não gostou nenhum pouco quando o Mateus a lhe perguntou se a neném ficaria feia o resto da vida.

Ah, como era bom relembrar esses tempos, minha mãe dizia que quase ficou louca com três moleques e uma bebê recém-nascida em casa. Ela dizia que quando nós três sossegávamos, a Jú começava a chorar dando trabalho, não me recordo muito disso, mas lembro que minha mãe ficou muito estranha naquela época, ela sempre brincava conosco, mas com o passar dos dias, mesmo a Júlia crescendo minha mãe se isolou, obviamente que hoje em dia eu percebo que talvez minha mãe tivesse tido uma pequena depressão pós-parto, mas ainda bem que durou poucos meses, acho que mesmo a doença querendo ganhá-la o amor que emanava em minha casa era forte o suficiente para afastar qualquer tipo de depressão.

Meu pai sempre foi meu herói, e me recordo que mesmo trabalhando duro em seu escritório, que ainda era bem pequeno, se fazia presente em todas as ocasiões, nossa mesa de jantar sempre teve todos os lugares ocupados pelo clã dos Antunes Albuquerque, nunca vi meu pai faltar em nenhuma refeição. Ele fazia o que podia para ajudar minha mãe e nós crescemos com esse exemplo, por sermos os três mais velhos, meu pai sempre nos ensinou que deveríamos ajudar nossa mãe com a bebê e nós crescidos como já éramos entendíamos nossas responsabilidades.

Mateus e eu sempre fomos os protetores, porém quem me ajudava na organização da casa era o Gustavo, apesar de pequeno ele sempre foi meu companheiro, onde eu estava o Gu estava junto, então ele escolheu essa tarefa, enquanto nossa mãe descansava, nós dois fazíamos o que conseguíamos para manter a casa em ordem. O Mateus era o que mais se aproximava da Juju, ele era o único de nós três que tinha coragem de trocar suas fraldas, acho que por ele ser mais velho, talvez ele se sentisse nessa obrigação, e vou dizer uma coisa: Mateus era corajoso! Porque o que a Júlia fazia com a comida era de se ter pena dos pobres coitados que a trocavam.

Volto das minhas recordações, eu não poderia ter nascido em família melhor, apesar de tudo o que passamos, porque também brigamos muito nessa vida, ainda sim sabíamos que podíamos contar um com o outro e eu não escondia o orgulho que tinha dos meus irmãos e dos meus pais.

Enquanto eu tentava me concentrar no trabalho, o que aparentemente estava sendo em vão, afinal minhas recordações estavam todas à tona, admito que eu estou nostálgico hoje. Assim que percebi que não conseguiria fazer nada, inclinei-me em minha cadeira e fiquei pensando em minha Ana que estava tão feliz e empolgada com a festa, não pude deixar de agradecer pela existência dela em minha vida também. Depois que ela chegou eu não sabia mais o que era tristeza e nem solidão, mal me lembrava do nosso passado, a única coisa que meus olhos enxergavam era o futuro maravilhoso que eu teria ao seu lado. E num estalo me veio à mente fazer uma pequena surpresa para minha mulher, minha namorada, minha amiga, minha amante e meu tudo, a festa era minha, mas ela também ganharia um pequeno presente e só torci para que o que eu estava pensando desse certo, afinal eu só teria dois dias para fazê-lo. Imediatamente liguei para o Gustavo e pedi o telefone daquele nosso professor de adolescência que nos ensinou a tocar violão. Pois é, eu havia feito aulas durante esse período, mas com o tempo acabei abandonando esse hobby, meu irmão quis saber o motivo, mas fui muito evasivo e o deixei curioso.

Quando o mestre Kina atendeu ao meu pedido de forma tão solícita, não consegui manter a empolgação do momento, marcamos de nos encontrar em seu estúdio, o mesmo que durante três anos foi meu refúgio, onde apenas escutava as bandas que eu mais gostava. Olhei para o relógio e ainda faltavam duas horas para ir até lá, então resolvi tentar me concentrar na finalização de um relatório que eu enviaria para o projeto do supermercado.

Saí do estúdio bem tarde, é claro que liguei para Ana lhe avisando o motivo do meu atraso, bem, não disse exatamente onde me encontrava apenas a informei que estava com um velho amigo conversando um pouco em seu estúdio, mas não forneci mais detalhes, ainda bem que ela não estava no seu modo curioso e jornalístico senão me encheria de perguntas.

Quando cheguei em casa, minha pequena cochilava no sofá, agachei-me ao seu lado e a fitei por alguns instantes, a cada dia que passava ela estava mais linda e eu mais apaixonado, se é que poderia ter jeito de intensificar aquele amor, acariciei seus cabelos e então a peguei no colo e caminhei até o nosso quarto, a depositei sob a cama e em seguida a cobri com um lençol que estava a seus pés. Fui até o banheiro, tomei um banho rápido, me enrolei em uma toalha e segui para a cozinha, eu não havia comido nada desde a hora do almoço.

Enquanto eu preparava um sanduíche para mim, fiquei repassando na minha cabeça a surpresa que faria para Ana. Eu ainda tinha mais um dia para planejar como seria, a ideia não saia deminha cabeça e pela primeira vez desde que essa história de festa de aniversário começou, eu estava realmente empolgado e ansioso por ela.

Retornei ao banheiro, escovei meus dentes e então me preparei pra dormir, abri a porta do nosso quarto, ele estava inundado pela luz da lua, achei aquela cena tão perfeita, minha Ana deitada, dormindo, sendo banhada pela claridade, fiquei recostado à porta, apenas admirando esse momento. Foi então que ela se remexeu na cama e abriu seus lindos olhos que me fitavam de forma intensa, sendo hipnotizado por eles, iniciei o trajeto até nossa cama, eu ainda estava com a toalha, mas senti que naquele momento a peça não tinha mais uso nenhum, retirei-a de minha cintura e parei junto à cama, onde Ana me observava, ela ainda usava sua regata e um micro short e entendendo meu apelo apenas pelo meu olhar, ela autorizou meus próximos movimentos, ela sentou-se na cama e eu me posicionei em sua frente de joelhos, onde minhas pernas ficavam do lado de seus quadris.

Sem pedir licença, beijei sua boca de maneira intensa e veloz, eu sentia a necessidade que meu corpo tinha e da mesma forma ela também. Retirei sua regata e não perdi tempo desabotoando seu sutiã, minhas mãos percorreram o seu corpo e recaíram sobre seu pequeno short, que já estava sendo desabotoado também, retirei-o junto com sua calcinha. Ali estava a mulher que eu amava, toda, só pra mim, entregue ao mesmo desejo que eu sentia e depois de alguns meses, resolvemos com nossos olhares que estávamos prontos para deixar mais um obstáculo para trás, nos rendemos à ânsia de estarmos em comunhão com nossas almas, e quando a penetrei sem nenhum tipo de barreira e senti todo o seu calor, só pude me render àquela sensação maravilhosa de ter minha mulher sob mim, tão excitada e tão emocionada quanto eu.

Nossos corpos eram um só, bem como nossa alma e o nosso coração, e a partir daquele instante eu sabia que o que eu sentia ali, naquele momento, não se comparava a nada do que vivi. Tudo foi tão intenso e carregado de paixão e tesão que nossos corpos adiavam o máximo que podiam para aquela sensação perdurar a noite toda, mas como tudo o que é bom, necessita de uma hora para acabar e quando eu senti que gozaria, imaginei que Ana gostaria que eu retirasse e quando fiz menção disso, ela me deteve, olhou no fundo dos meus olhos e me disse:

— Eu tô preparada! O que tiver de ser, será!

Dito isto entramos em combustão e logo nossos corpos se renderam a onda de prazer e excitação. Desabei sobre ela, ainda com a respiração ofegante e senti suas mãos em meus cabelos, quando me levantei um pouco para observá-la, ela disse:

— Com você eu me sinto segura, sei que nossa hora vai chegar, mas não será agora, estou me prevenindo e quando entrarmos em um acordo deixarei de tomar as pílulas e vamos praticar até a hora que seremos abençoados.

Assenti e beijei sua testa.

— Gostei dessa parte de praticar até lá.

Ela riu e eu a acompanhei, quando me retirei dela, sentei-me na cama e logo ela veio pelas minhas costas, me abraçou e disse:

— Eu te amo, Guilherme Antunes Albuquerque. Você sempre ocupou meus sonhos, antes mesmo de te conhecer, acho que eu já te amo desde vidas passadas e acredito que te amarei pelas próximas que virão.

Não consegui me conter e beijei-a novamente ansiando pelo seu corpo, era inevitável. Nossas almas precisavam daquele contato para ter certeza que, o que vivíamos era real e que perduraria para todo o sempre.

Dona Dos Meus OlhosDove le storie prendono vita. Scoprilo ora