Capítulo 15

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Capítulo 15 

Acordei um pouco desnorteado, lembro que na noite passada, após a pizza, ao vinho e as risadas, havíamos transado novamente, embora eu acredito que esse termo não seja adequado ao que fizemos, nossa frequência havia se tornado mais lenta, nossos corpos se adoravam de forma que parecia que nossas almas se encaixavam junto com o encaixe dos nossos corpos, no momento eu tentava atender o que aquilo tudo significava e era como se alguém soprasse a resposta em meu ouvido: Ela era a minha metade

Durante muito tempo eu tentava entender como as pessoas conseguiam manter certo relacionamento, eu via pelo meu com a Cris que aquilo nunca daria certo e mesmo assim me permiti levar até as últimas consequências, mas acredito que o destino sabia que ao meu lado não era Cris que se encaixava em meu quebra-cabeça e sim a Ana, ela é do jeito que eu sempre sonhei, e apesar de termos pouco tempo juntos, algo dentro de mim diz que é certo! Que Ana me pertence e eu a ela.

Volto à realidade e vejo que Ana não está na cama, por alguns instantes o desespero toma conta de mim, olho no relógio e vejo que são 6 horas da manhã. Será que ela partiu durante a madrugada? Penso e levanto como um louco para procurá-la, vou até o banheiro e está vazio. Aproveito e lavo o rosto, talvez seja um sonho e assim que noto que é real, vou até a sala, a sacada está aberta e não me recordo de ter aberto a porta da sacada, então caminho até lá e encontro Ana em pé enrolada no lençol, quieta, observando o nascer do Sol.

Fico parado a observando, ela ainda não notou minha presença ali e assim que o primeiro raio de Sol nos iluminou, Ana diz:

— Bom dia Sol! – e abriu um sorriso

Estou totalmente admirado por sua atitude, ela disse bom dia ao Sol? E quando eu percebo, ela está me olhando, faço meu melhor olhar de “fui pego no flagra”

Vou até ela e dou um beijo no topo de sua cabeça, a abraço e digo:

— Bom dia minha querida!

— Bom dia meu querido! - e me encara .

— O que foi? – digo curioso

— Você deve estar me achando louca por dar Bom dia ao Sol né?

— Louca não, mas fiquei confuso, você faz isso sempre? – pergunto

— Todos os dias – ela responde de forma natural

— Por quê? – insisto

— Não sei, acho que sou grande admiradora do Sol, enquanto uns admiram a Lua, por ela ser cheia, ou estar próximo da Terra e assim a vemos tão grande. Eu prefiro exaltar o Sol, porque todos os dias ele está lá, brilhando mesmo em dias nublados, se houver uma brecha, percebemos seus raios atravessando o que era cinza. Aprendi a viver como o Sol, mesmo em dias de chuva ou nublados, eu não podia deixar a luz que eu carrego comigo se apagar, e mesmo que o mundo não dê valor a isso eu dou. A vida sempre vai nos dar motivos para não brilhar e precisamos provar para ela dia após dia que a luz que nos ilumina sempre será mais forte do que a nuvem que nos persegue.

Fiquei sem palavras diante dessa sua fala. Já não era a primeira vez que ela falava sobre a escolha de ser feliz diante das circunstâncias e agora ela usa o Sol para me dar mais uma lição.

Novamente a abracei e perguntei se eu poderia também dizer bom dia ao Sol, ela parecendo uma menina, disse que sim e nos direcionou onde os raios já estavam surgindo, meio sem graça, por achar aquilo ainda um pouco estranho, disse bom dia ao astro cósmico e quando olhei para o lado Ana sorria de orgulho. Sim! Aquela mulher ainda tinha muito que me ensinar.

Já se passavam das 6h30 e eu não tinha mais sono e Ana disse que sempre acordava cedo, portanto resolvemos tomar café da manhã. Juntos preparamos o café, Ana fez ovos mexidos e eu arrumava a pia para nos servir de mesa, de novo fiz uma anotação gigante em minha memória que eu precisava comprar alguns móveis, não queria ter que repetir essa cena novamente.

Por sorte Ana não parecia se importar com a simplicidade do meu apê, tomamos nosso café, decidimos que ficaríamos mais um pouco em minha casa e eu a levaria de volta para a casa de sua prima depois do almoço.

Tomamos banho e depois estávamos deitados em minha cama, eu estava encarando o teto e Ana estava deitada de lado com sua perna jogada em cima das minhas, ela estava de olho fechado e eu não sabia se estava dormindo ou não, suspirei pelo pensamento que tinha acabado de me ocorrer e Ana disse:

— Eu sei o que está te incomodando

— Pensei que estivesse dormindo – falei um pouco rouco

— Não, só estava pensando e acho que eu tenho a resposta para o seu pensamento.

— E o que eu estava pensando senhorita Ana Clara?

— No Gustavo e em como ele vai reagir ao saber que nós dois estamos juntos.

— Uau!!! Você é vidente ou o que? – perguntei achando graça.

— Não sou nada, apenas acho que consigo desvendar um pouco dos seus segredos.

Fiquei sem saber o que dizer e ela prosseguiu:

— E se nós dois contássemos para o seu irmão? Ele provavelmente está confundindo os sentimentos e se ele nos ver juntos, talvez ele nos entenda.

— Não sei Ana, não queria te envolver.

— Mas eu já estou envolvida, lembra-se? Envolvida por você e não vou te deixar sozinho nessa. Arrume um tempo com o Gustavo e vamos juntos falar com ele.

— Tem certeza disso? – perguntei

— Absoluta – ela disse séria

— Então tá bom. – Então comecei a acariciá-la — Ana Clara, conte-me mais sobre você estar envolvida por mim? – fiquei sobre ela e começamos a rir.

— Ah Guilherme, eu sempre quis um Chris Hemsworth!!! E agora que eu te encontrei eu acho que não vou te largar mais – ela caiu na gargalhada.

— Hum, Chris Hemsworth é? To vendo que ser simplesmente o Guilherme não vai me render nada!

— É aí que você se engana Gui, por ser você, é que a cada dia que passa me envolvo mais.

Dito isso ela me beijou e logo os nossos corpos atenderam ao pedido de nossas almas, estávamos juntos novamente.

Dona Dos Meus OlhosWhere stories live. Discover now