Capítulo 9

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Capítulo 9

Por um momento pensei em desligar, mas que porcaria de homem eu seria se fizesse isso? Então tomei fôlego e iniciei nossa conversa:

— Ana Clara? Oi é o Guilherme, da estação, tudo bem?

— Ah sim, olá Guilherme to bem sim e você? – sua voz estava um pouco baixa.

— Estou bem. Estava pensando se poderíamos tomar aquele chopp ainda hoje, acabou de acontecer algo sensacional comigo e gostaria de comemorar – disse alegremente.

— Humm, hoje? Acho melhor não! – sua  voz vacilou um pouco.

— Ah Ana Clara, já não somos estranhos mais, sei que deve estar cansada por conta da viagem, mas será coisa rápida, uma comemoração entre amigos.

Senti ela pensativa ao telefone e finalmente ela deu sua resposta:

— Ok Guilherme, mas não quero chegar muito tarde, amanhã mesmo quero começar a procurar emprego.

Com um sorriso vitorioso em meus lábios não contive um soquinho no volante do carro.

— Tudo bem Ana Clara, passo pra te pegar onde?

— É melhor nos encontrarmos lá – ela disse num tom desconfiado.

— Ah qual é? Sério mesmo que você ainda está achando que sou um psicopata ou sequestrador? – disse frustrado.

— Não Guilherme, não é isso, só acho melhor eu ir de táxi mesmo.

Ok, era melhor eu não pressioná-la tanto senão eu iria assustá-la, combinei com ela em um barzinho de um amigo meu que ficava próximo ao centro, só torci para que ela não morasse tão longe senão pagaria uma fortuna de táxi. Combinamos então que às 19 h estaríamos lá, ainda eram 17h30 e resolvi que voltaria para casa para tomar um banho.

Liguei o rádio e tocava Move Together de James Bay

Home now, end of the night

It's colder to turn on your side

And I know you're up in two hours

We didn't get tonight, we don't have tomorrow

So don't ruin now

Prestando atenção na letra, percebi que se encaixava tanto naquele momento, aumentei o volume e fiquei absorto naquela voz e violão, num trânsito caótico como o de São Paulo, a única coisa que pode me relaxar é uma boa música.

Movem-se juntos era isso que eu pensava em relação a essa história.

Cheguei em casa e após um bom banho parei em frente ao espelho e alcancei o aparelho de barbear, estava incomodado com aquele bando de pelos em meu rosto, não que me deixava feio, afinal hoje em dia as mulheres preferem a tal barba por fazer, o que pra mim é ótimo pois passava dias sem fazê-la, tinha uma preguiça que não cabia em mim. Alguns minutos eu já estava com aquela cara de menino novamente, incrível como barba faz a diferença!

Ao sair do banheiro rumei ao meu quarto e enquanto eu vestia a cueca e uma calça jeans mais desbotada e colocava meu tênis All Star  preto velho de guerra, olhei para a variação de camisas pretas que eu tinha em meu guarda- roupas, não, não era porque na minha adolescência e vida adulta sempre gostei de rock, eu sempre usei preto, até em virada de ano novo, acho que se eu tiver umas 10 camisas coloridas são muito, e todas elas foram presentes de minha mãe que sempre me dizia que eu devia sair do luto, mas na verdade não era luto era só o meu gosto para camisas pretas.

Dona Dos Meus OlhosHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin