Capítulo 4

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Capítulo 4

Olhei para ela com o meu melhor sorriso no rosto e disse:

— Quer se sentar? – apontei a cadeira a minha frente

Ela ficou me encarando por alguns segundos, parecia que estava em um conflito interno por essa simples pergunta. Ela permanecia calada e eu já estava começando a me preocupar achando que eu havia dado corda a uma louca de rodoviária. Ao que pareceu uma eternidade ela finalmente se moveu, puxou a cadeira e sentou- se puxando sua mala para mais perto dela.

“Caralho, só falta dento dessa mala ter uma bomba, que ela vai acionar aqui na minha frente” pensei exasperado por essa ideia.

Ela continuou me fitando, algo parecia estar diferente daquela sujeitinha mau caráter que conversei agora a pouco. Em seus olhos azuis como esmeralda, sim agora eu conseguia fazer uma breve análise do seu rosto, olhos pequenos e nariz arrebitado e uma boca tão pequena em formato de coração com um gloss rosa que lhe dava um ar clean, enfim, em seus olhos algo parecia errado e por um momento achei que ela choraria na minha frente, então, antes de pensar em fazer qualquer pergunta, ela se precipitou:

— Bem....Hã...Desculpe-me pela estupidez de outra hora, acho que me assustei em te ver.

— Ok! Obrigada por dizer que assusto as pessoas – disse num tom suave.

Ela começou a rir e Meu Deus que som era aquele? Ela poderia só rir e eu ficaria feliz.

 — Não seu bobo! Ops desculpa te chamar de bobo. Você não assusta as pessoas, você só assustou uma mera garota que estava com medo de ser abordada por um louco qualquer.

— Não sei se isso é um motivo de alívio, mas vou deixar isso de lado – respondi.

E iniciei a nossa conversa:

— Então, acho melhor começarmos tudo de novo, que tal? – perguntei

— Ótimo! Não quero que fique com a minha primeira impressão. Sabe aquele ditado? A primeira impressão é a que fica? Não me encaixo muito nela.

— Ah é? E por que você diz isso? – fiquei curioso

— A se ver pela forma que eu te tratei antes, posso te garantir que não sou essa mal criada que você está pensando! -  ela disse toda cheia de si.

— E como você sabe que era justamente o que eu estava pensando  sobre você?

— Simples. Se eu estivesse em seu lugar eu pensaria a mesma coisa! – ela riu novamente, só que dessa vez a duração foi menor.

            Ok! Tenho que admitir, ela era lindíssima, uma voz meiga e um sorriso que já tinha me cativado, mas isso não seria o suficiente para desvinculá-la a imagem de garota chata.

            — Eu cheguei pouco antes de você chegar aqui na estação, vim de outra cidade e estou um pouco assustada, por isso minha primeira reação foi ser estúpida – ela disse mesmo sem eu pedir nenhuma explicação.

— Entendo, acho que de certa forma você fez bem. Nunca sabemos as verdadeiras intenções das pessoas.

— Pois é – ela disse

— Mas por que resolveu vir conversar comigo e esclarecer esse mal entendido? – perguntei curioso por sua resposta

— Bem, depois que você se sentou aqui e começou e mexer em seu celular eu fiquei te observando, alguém que tem o celular com a capa do logotipo de Metallica não deve ser má pessoa – ela riu novamente.

Eu obviamente ri muito dessa sua observação e quando me acalmei um pouco lhe perguntei:

— E você por acaso gosta de Metallica?

— É a minha banda favorita!!! – ela respondeu empolgada

Uau!!! Quem diria que uma coisinha meiga daquela, gostava de heavy metal? Me surpreendi com essa descoberta, mas percebi que o principal eu ainda não sabia, seu nome!

E curioso lhe perguntei:

— Então Metallica Girl, como você se chama?

Ela me olhou com um olhar atrevido e por um instante achei que ela começaria com aquela coisa de adivinha. Mas se ela pensava em fazer isso, logo desistiu e em seguida me deu a resposta:

—  Ana Clara.

Vou ser sincero, adorava esse nome, era tão feminino, tão angelical e logo a Metallica Girl tinha esse nome!

— E o seu nome? – ela me perguntou

— Guilherme – respondi estendendo lhe a mão.

E quando nossas mãos se tocaram nesse breve contato, percebi que alguma coisa tinha saído do eixo.

Dona Dos Meus OlhosWhere stories live. Discover now