Capítulo 8

916 101 4
                                    

Capítulo 8

Após o almoço na casa de meus pais, me despedi deles e dos meus irmãos e segui para o escritório, o trânsito pra variar estava infernal e durantes alguns minutos fiquei preso em um congestionamento, peguei meu celular e busquei na agenda o número da Ana Clara, num súbito  desespero, fiquei pensando se ela havia conseguido chegar à casa de sua prima, mas assim que meu dedo ia clicar em ligar, ouvi a buzina atrás de mim, o trânsito agora fluía bem.

            Meu Deus será que agora toda vez que eu pensar nela, vou ficar assim tão distraído? Pensei enquanto dirigia.

            Estacionei o carro na garagem do escritório o qual eu prestava serviços, ainda não tinha sido efetivado, mas acredito que se essa conta der certo, enfim terei uma cadeira e meu nome no quadro de engenheiros da empresa.

            Assim que entrei cruzei o olhar com Michele a recepcionista do escritório, ela é linda, cabelos longos, pretos e um belo par de olhos verdes, sempre conversamos bastante e eu sentia que ela tinha algum tipo de atração por mim, mas nunca quis misturar as coisas, sabia que se eu me envolvesse com ela acarretaria vários problemas e de confusão eu queria passar longe.

            — Boa tarde Guilherme – Michele me cumprimentou

            — Boa tarde Michele, tudo bem? – quis ser simpático.

            — Melhor agora! – ela abriu um sorriso gigante, mas nada comparado à princesa da rodoviária.

            Princesa? Essa é nova! Realmente meu cérebro está indo longe em suas divagações.

            — O Henrique já está aí com os empreiteiros do Shopping Center? – perguntei mudando o foco da conversa.

            — Está sim, vou avisá-los que você já chegou.

            E logo após interfonar para a sala de Henrique ela me autorizou a subir.

            A sala do principal engenheiro do escritório ficava no terceiro andar, de um pequeno prédio com 4 andares, o último era mais usado como salas de reuniões e confraternizações, ou seja quando tinha um número maior de funcionários ocupando o mesmo espaço.

            Ao sair do elevador, entrei na sala que tinha a placa na porta Henrique Dias Andrade – Engenheiro Civil. Imaginei quando teria uma porta, uma placa e uma sala que direcionasse ao meu nome Guilherme Antunes Albuquerque, ia ser o dia mais feliz da minha vida, sim, eu estudei 5 anos, fiz mais 2 de especialização para ter como objetivo de vida uma porta com meu nome! Tentando manter um clima agradável comigo mesmo, para aliviar a tensão que estava sentindo.

            Adentrei o escritório e estavam lá Henrique e se não me engano Josué e Otávio os empreiteiros responsáveis pela construção do shopping, assim que sentei à mesa, retirei meus projetos e os coloquei sobre ela para discutirmos melhor todos os pontos que achei importante para esse empreendimento ser um sucesso. Chamei a atenção aos acessos dos portadores de necessidades especiais, bem como discursei sobre o sistema de drenagem de água da chuva e reaproveitamento para os banheiros do shopping e também mostrei uma praça de alimentação moderna e ampla com mais comodidade para os clientes, discursei sobre a planta durante quase uma hora e quando finalmente cheguei ao fim, olhei para os senhores sentados á minha frente e vacilei ao pensar que talvez eu tivesse exagerado, o projeto era grandioso sim, mas busquei alternativas ecológicas e soluções que cortavam 20% dos custos o que geraria uma grande economia à empreiteira.

            Os senhores olharam entre si e Henrique de forma calma, se levantou da cadeira e veio ao meu lado, deu um tapinha em minhas costas e disse:

            — Eu sabia que dar esse projeto à você seria a melhor coisa que o escritório já fez.

            Instantaneamente abri um sorriso de orelha a orelha e fiz um esforço tremendo para me manter em pé. Será que aquilo significava o que eu estava pensando?

            — Parabéns Guilherme, o projeto é seu! – disse Henrique.

            O abracei e em seguida cumprimentei Josué e Otávio, eles a partir de agora seriam os meus novos companheiros de caminhada e estariam envolvidos em um projeto só meu.

            Saí do escritório um pouco tonto ainda, era demais saber que finalmente eu estaria à frente de um projeto grande como esse. Entrei no carro e não pensei duas vezes, eu precisava comemorar. E a única pessoa que eu queria ao meu lado era justamente ao número que estava digitando freneticamente no teclado.

            Ao quarto toque escutei sua voz:

            — Alô?

Dona Dos Meus OlhosDonde viven las historias. Descúbrelo ahora