Capítulo 23

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*** Théo ***

Imaginem a minha cara quando o presidiário me disse que a Ellie, a Stela e a Jojo iam pegar carona com ele também. Eu fiquei meio que "Ah, não vou". Mas aí depois eu percebi que isso seria perfeito. Porque eu vou continuar ignorando ela e ela vai ficar com aquela culpa no coração, dizendo pra si mesma: "Óh, vida, eu não deveria ter traído o Théo-lindão com o Rick-trouxão. Ele é tão lindo e maravilhoso, por que, vida, por que? Fui burra demais". É, cara, não vai dar nada errado.

Me arrumei, bonitão, muito sensual, lindo demais, e fui com o presidiário até o pátio, que seria onde as meninas estariam. Aí os caras do time passaram.

- Hey, Théo! Vem com a gente, tem um lugar sobrando no carro!

- Ah, caras, sério? Beleza, então!

Aí. Falei que tudo ia dar certo.

- Oi. - Apareceu uma menina que eu já tinha visto algumas vezes, mas nunca tinha conversado.

- Ah, oi.

Cheguei na festa com os caras mais populares da escola e com aquela gostosa do meu lado. Peguei ela nos primeiros cinco minutos e já fui logo procurar uma bebida. Não sou muito de beber não, mas né... Agora sou outra pessoa. Até fumei um baseado, que tava na rodinha lá. Eu dei uma engasgada, que felizmente deu pra disfarçar. Acho que não tava nem na metade da festa e eu já tava meio caído.

*** Stela ***

A Jojo foi dar uma volta com o Lenny, a Ellie começou a conspirar tudo do universo com uns caras que tavam mais pra lá do que pra cá (ela era a única consciente)... E eu comecei a beber. Deu vontade de beber. Bebi até whisky. Fumei também. Encontrei meus parça e fiquei muito louca. Aí eu fui dançar. Aí eu já não tava enxergando mais nada... Opa, tropecei. Calma, tem uma pessoa deitada aqui. Será que tá morta? *dá aquela cutucadinha com o pé* Não, tá viva... Eu acho. Ah, foda-se, não conheço mesmo.

Vi que tinha um menino (meu instinto me disse que era um garoto, se não for, as três pessoas que eu beijei hoje eram meninas) que tava pulando e gritando e não sei porquê, mas eu comecei a gritar e pular junto.

- TÁ BÊBADO? - perguntei.

- NÃÃÃÃO... Ai, meu sapato desamarrou. - Ele se abaixou pra amarrar e acabou derrubando o conteúdo do copo que estava segurando. - AH, CARA. NÃO PODE NÃO. QUÊ ISSO. O BÁTIMA NÃO DEIXA, O SUPER... MERCADO. ALFACE. ONDE TÁ A JOSINÉIA?

- NA ESCOLA.

- NÃO. Shhh. - Ele tampou minha boca. - Ela tá aqui. Tô sentindo. AH, MEU DEUS, PASSOU A MÃO NO MEU PIRU. TARADA! Ah, não, pera.

Me senti muito atraída por aquele menino. Acho que ele era ruivo. Ou loiro. Ou moreno. Mas olhando de perto parecia ser japonês. Muito lindo ele. Muito interessante.

Depois de um tempo, começamos a conversar sobre qual cor a capa do Batman deveria ser, ao invés de preta.

- Eu acho que tinha que continuar sendo preta - eu disse.

- NÃO. Tem que ser arco-íris. DESENHA UM ARCO IRO, DESENHA UMA BOLINHA, DESENHA AQUELE QUE TACA A BOLINHA DO GUDA, A RAQUEL, DESENHA UMA RAQUEL, DESENHA UM ARCO IRO.

- QUE?

- MOISÉS. DO SILVIO SANTOS. CONHECE O SILVIO? CARINHA GENTE BOA, VÉI. MORREU, MAS ELE ERA LEGAL. ELE JOGAVA AVIÃOZINHO. O PEQUENO PRÍNCIPE TAMBÉM. É.

- O Pequeno Príncipe joga aviãozinho?

- É. Meu pai jogava.

- Seu pai é o Pequeno Príncipe?

O Menino dos Olhos AzuisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora