Capítulo 31

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Tava todo mundo do time no vestiário, repassando as estratégias. Eu nem estava prestando atenção. Eu só conseguia pensar na Ellie. Ah, cara, eu caguei com tudo. Eu tô sentindo um negócio, que parece que meu coração tá despedaçando. Olha um pedacinho dele ali no chão. Ah, tem outro perto do Will. Percebi que meu celular vibrou e eu o peguei para ver. Era uma mensagem do presidiLenny.

"Caso queira, o endereço da Ellie é esse". E tinha mais uma mensagem, indicando a rua e o número da casa.

Eu sou um cara muito cagão. Eu penso muito antes de fazer as coisas - às vezes. E eu olhei todo mundo do time, olhei o técnico, olhei a lousinha cheia de rabiscos... E comecei a tirar meu uniforme.

- Senhor Martin, onde pensa que vai? - o técnico perguntou. Todo mundo começou a olhar pra mim.

- Resolver umas merdas que eu fiz.

- Ah, sim. Claro! BEM ANTES DE COMEÇAR UM JOGO!!! - Coloquei minha roupa e comecei a sair. - Théo, se você não jogar hoje... está fora do time.

- Tudo bem.

Saí do vestiário e fui até o meu quarto. Me arrumei, lotei o cabelo de gel, passei um perfume jóia e liguei pra um táxi. Pouco tempo depois, ele apareceu para me salvar e me levar até meu destino: a casa da Ellie. Seria melhor se o Batman aparecesse; tentei fazer o sinalzinho da luz e tals, mas ele não veio. Eu suponho que não tenha floriculturas abertas a essa hora, então eu decidi comprar um anel pra Ellie. Um anel de compromisso. Era prateado, com alguns risquinhos. Bonitinho.

Passei o endereço para o taxista e ele me levou até uma casa que parecia meio... indiana. Deve ser essa mesmo. Tomara que não seja de uma outra família indiana. Por favor, Deus, seria muito mico. Toquei a campainha, rezando para que fosse a casa certa. Logo, uma mulher atendeu.

- Posso ajudá-lo?

- Sim. É... Aqui é a casa da Ellie?

Ela me encarou com uma cara de "Ah, desgraça, tu que é o tal viado" e sumiu. Depois de um tempo, a Ellie apareceu.

- O que quer aqui?

- Quero te pedir desculpas. E dizer que eu estou arrependido do que fiz.

- Já disse, agora pode ir embora. - Ela começou a fechar a porta, mas eu coloquei o pé.

- Por favor. Vamos conversar. - Ela ficou me encarando, em dúvida. - Por favor, Ellie.

No fim de seu conflito interno consigo mesma, ela resolveu que sim. Ela saiu e encostou a porta, em seguida se sentou nos degrauzinhos que tinham ali. Me sentei ao seu lado.

- Você não sabe o quanto eu soquei meu travesseiro imaginando que aquilo era a sua cara, Théo. O que você e a Stela fizeram comigo foi muita sacanagem! Vocês dois me traíram.

- Eu sei! Eu queria me explicar com você. Quando a gente terminou, eu não sei o que aconteceu comigo, acho que eu fiquei com raiva por você ser a minha primeira namorada e me trair com o Rick...

- Eu não te traí, Théo. O Rick é um babaca, vocês dois se odeiam, é claro que ele iria dizer uma coisa desse tipo.

- Mas eu pensei que tivesse me traído. Aí eu prometi que não ia mais sentir nada pelas garotas e virei um idiota, eu confesso. Eu fumei maconha naquela festa, Ellie, e você já me ouviu falar que odeio isso e tals. E bebi demais, cara, eu nem lembro o quanto. Aí minha consciência meio que apagou e eu fui fazendo coisas no automático, por isso eu não lembro de nada. Eu acordei no dia seguinte numa cama junto com a Stela. Mas eu não lembrava de nada, nem ela! Eu nem tenho a total certeza de que nós transamos realmente!

O Menino dos Olhos AzuisOnde as histórias ganham vida. Descobre agora