Capítulo 8 - Atração física

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POV: Elena

Eu respiro fundo várias vezes, tentando me acalmar o máximo que posso. As coisas parecem tão complicadas, e confusa agora. Me sinto como se a qualquer momento eu pudesse quebrar, não pudesse ser a pessoa forte que minha mãe sempre queria que eu fosse.

Respiro fundo novamente, antes de entrar na sua sala, eu não tenho a mínima ideia do que pode acontecer aí dentro. Talvez seja algo relacionado à noite anterior ou... puta merda, eu não sei. Giro a maçaneta e a porta se abre, não tenho coragem de entrar por completo. Ele está de costas para a porta, sentado numa cadeira giratória a frente da sua mesa. Ele parece observar algo na parede, é um quadro de pintura abstrata. Estranho.

Eu fecho a porta atrás de mim.

A sala era grande, havia prateleiras de vidro na parede, um sofá branco no canto. Ele deveria se pegar com as mulheres lá.

- Como você está? - sua voz soou fria, rouca, como se estivesse com raiva de alguém. Eu? Por que estaria com raiva de mim?

- Isso importa? - rebati, mesmo sabendo que era algo errado. Não se deve mexer com alguém que carrega uma arma na cintura.

- Eu fiz um pergunta e espero uma resposta.

Ele virou-se para mim, suspirei com seu jeito imprudente. Ele deveria saber que não é assim que trata as pessoas, mas quem sou eu para dizer isso a ele?!

- Um pouco de dor, mas não é pior que ter me deitado com você.

Eu estava o desafiando, isso era perigoso.

- Sua boca é muito suja, porém não vamos falar sobre isso agora. Que tal sobre... - ele levantou-se da cadeira e caminhou até mim. - Você, especialmente sobre sua virgindade. Por que não me falou que era virgem?

- Talvez porquê não fosse de sua conta. - respondi, dando um passo para atrás. Ele estava cada vez mais próximo de mim. A cada passo que ele dava em minha direção, eu sentia o perigo se aproximando. Não havia mais para onde ir, encostei minhas costas na parede e uma de suas mão foram para a parede, me prendendo no local.

- Você já teve namorados, como nunca...

Eu não deixo ele terminar de falar, não poderia. Ele pensa que sou o que? Uma vagabunda que ele pega em qualquer esquina? Ele está muito enganado.

- Não era porque eu tinha namorados que eu precisava sai dando a todos ele, eu não era uma puta, Damon, e também não vou ser uma agora. E não se sinta culpada por ter tirado minha virgindade, afinal, uma hora isso ia acontecer mesmo.

- Eu não estou me sentindo culpado, estou com raiva. Com raiva de você. - apontou para mim. - Eu não gosto que esconda as coisas de mim.

Por que com raiva de mim? Quem faz coisa errada aqui é ele, não eu.

- A única que deveria estar com raiva aqui sou eu, EU que fui forçada a me deitar com você.

Ele deu uma risada baixa, e se aproximou mais de mim. Nossos copos estavam colados, minha respiração estava pesada.

- Foi forçada? Então olha bem em meus olhos e diga que não gostou.

- Eu odiei aquela noite - eu olho em seus olhos, tento dizer algo mais que isso. Queria poder dizer que aquela noite foi horrível, que sinto nojo de cada parte do meu corpo que foi tocada por ele, mas não consigo. Não consigo dizer isso, uma parte de mim odiou, a outra... eu não sei ao certo. Talvez fosse apenas uma atração física. Damon era lindo, isso ninguém podia negar. Mas o que tinha de beleza, tinha de ruindade.

- Você é uma péssima mentirosa. Não minta para você, Elena. Você sente uma atração por mim. - sua mão vai para minha cintura, apertando meu corpo contra o seu.

- Sinto é? Você é tão convencível, mas não se iluda tanto. Você não passa de um babaca para mim.

- Um babaca que te deu prazer ontem, que fez você gemer várias vezes.

O que? Alguém por favor da uma dose de realidade para ele, porque isso já está passando do limite.

- Você chama aquilo de prazer? Até meus namorados que não transaram comigo me deram prazer melhor que você.

- Você tem muita coragem, não acha? - perguntou, inclinando a cabeça levemente para o lado. - Eu no seu lugar não faria isso.

- Essa é a diferença. Eu não sou você, eu não mato pessoas, pessoas inocentes. Eu tento te entender, mas não dar. Por que você mata as pessoas?

Aquilo estava indo longe demais, ele com certeza iria me matar. Mas o que eu poderia fazer, eu nunca fui de levar desaforo para casa. Minha mãe sempre reclamava comigo, porque isso me colocava em várias encrencas. Lembro-me de uma vez que bati numa garota porquê ela me chamou de vadia por ter ficado com o namorado dela, mas foi ele que me beijou, não eu.

- A questão não é porque eu mato pessoas. A questão é porque eu não mato todo mundo. Eu decido quem morre, mas, sobretudo, eu decido quem vive. Sou como Deus. - falou, sorrindo.

Olhei para ele assustada, atômica a tudo aquilo. Afastei-me do aperto dos seus braços, e caminhei para longe dele. Como ele podia dizer isso? Ser tão cruel com as pessoas?

- Você é um monstro. - algumas lagrimas descem pelas as minhas bochechas pálidas, não consigo ser forte para lidar com tudo isso. - Isso não é um filme, é vida real, Damon. As pessoas que você mata, elas podem ter família, amigos, pessoas que se importam com ela. Elas nunca mais vão voltar para casa, para as pessoas que a AMAM.

Eu abro a porta para ir embora, não posso mais olhar para ele. Não posso ficar perto dele. Não depois de ele ter dito tudo aquilo. Como ele pode se chamar de um DEUS?

***

Eu olho para a parede branca a minha frente, estou no meu quarto. Sentada no chão, abraçando meus joelhos. Queria ir embora daqui, volta para casa e fingir que nada disso aconteceu. Eu diria a minha mãe que tinha ido fazer uma inscrição para a faculdade de medicina numa cidade vizinha da nossa, e que na viagem acabei me perdendo do grupo, ela não iria acreditar no começo, mas eu iria sempre tentar escapar de suas perguntas. Eu ia parar de estudar para poder trabalhar, eu trabalharia os três expedientes para poder pagar seu tratamento. E no final de toda noite, eu diria que a amava e que nunca mais iria me separar dela. Eu queria. Queria tantas coisas, mas, agora, a única que importava era se eu ficaria viva.

A porta se abre e eu levanto a cabeça para ver quem era. Era Caroline. Eu suspiro, pensando que agora não poderei mais chorar em silencio. Ela caminha até mim em passos devagar, quase sem fazer barulho. Agachou-se e ficou sentada do meu lado.

- Você precisa de algo? - sussurrou, olhando para mim com um olhar triste, como se estivesse com pena.

- Preciso. Preciso voltar para casa, para minha família.

Ela dar um sorriso triste, e olha para baixo.

- Mas, eu sei que você não pode me ajudar. Eu só... não entendo, por que ele tem que ser tão ruim?

- Ele nem sempre foi assim. - ela morde o lábio, como se tivesse dito algo que não podia.

- O que houve? - eu insisto. Eu precisava saber o que havia acontecido, talvez eu conseguisse uma forma de ir embora daqui.

- Eu não posso contar, você sabe, ele...

- Poderia ter matar. - eu termino sua fala.

E então ficamos ali, em silencio, por um bom tempo. Sem falar nada, apenas fazendo companhia uma para a outra. Ninguém iria falar mais nada, até porque não havia o que dizer.

ɰ378


Desejo ProibidoWhere stories live. Discover now