31 - Pedido de desculpas

2.3K 184 1
                                    

 Minha semana voltou a ser corrida, aceitei que levassem a minha comida, mas fico com o Rafa mais tempo e como rápido antes do trabalho.

Como era de se esperar, Paula e David vivem de papo, tenho procurado disfarça o ciúme e o Rafa me ajuda a ignorar.

O sábado chegou rápido e me despedir do Robert foi mais difícil do que eu pensava. Sei que manteremos contato, mas ele tem se tornado alguém muito importante para mim.

No domingo, o David foi novamente a igreja comigo, mas dessa vez ele se deu mal, Rafa também foi e minha mãe o convidou para almoçar em casa. Saí com ele a tarde para caminhar na praia e a noite fiquei em casa com a minha família.

(***)

Algumas semanas se passaram e a vida continua na mesma, houveram noite que precisei do cheiro do meu tigre para dormir, preciso me livrar desse vício!

Hoje é sábado e tenho uma daquelas festas chatas para ir, Rafa não está gostando da ideia de irmos eu e David sozinhos, é claro que Jhef está conosco. David tem se aproximado de mim, não ficamos conversando, mas ele grudou nos meus amigos e por consequência não nos ignoramos tanto. É um estilo de pergunta e resposta, nada mais.

Não fui eu quem escolheu o vestido, Jhef se ofereceu para cuidar disso para mim e eu aceitei de bom grato. Eu amo azul, mas ele me trouxe um dourado longo com V nas costas, combina com os meus olhos, pus uma sandália alta na mesma cor e claro que os adereços também.

Acho que vou chamar muita atenção, a festa cobrava trajes finos e estarei ao lado do príncipe, sendo assim não há para onde fugir. Eu também não teria coragem de desfazer da escolha do Jhef.

Prendi metade do meu cabelo deixando o restante cair nas costas, com a intenção de tampar um pouco o V e fiz os cachos na ponta.

Vou para sala e todos estão lá.

L – Uauu Lana, você está linda!

E – Obrigada, Jhef quem providenciou.

M – Minha filha é linda! Vai arrasar com aqueles políticos.

Todos riem, mas David só está me olhando de baixo para cima.

J – Vamos?

D – Vamos.

David está com um terno preto, a blusa por dentro é branca e a gravata é dourada, da cor do meu vestido, coisa do Jhef.

Seguimos para a festa que como sempre é um saco, meu rosto está doendo de tanto sorrir, David e eu não ficamos perto, um grupo de homens o levaram para o outro lado do salão e apresentaram várias mulheres. Parece que ele veio para escolher sua futura esposa, eu estou com um outro grupo que não para de falar de negócios. Nenhum me parece interessante para o Robert, mas estou memorizando todos.

Me convidaram para dançar algumas vezes, mas eu neguei, já estou cansada e o salto está me matando. De vez enquanto David me olha de longe, porém logo outra pretendente ganha a sua atenção.

Dei uma observada ao redor e tem uma porta que parece levar a um jardim, sem dúvida é o que eu preciso, de ar! Peço licença e vou ver onde a porta vai dar.

Como imaginei é um jardim, cheguei nele depois de passar por um pequeno corredor, é lindo e está florido, no centro tem um pequeno lago com uma estátua no meio, ele é cercado de mármore e resolvo me sentar ali para descansar meus pés. Dentro d'agua tem algumas vitórias régias e eu me perco observando-as, dá para ouvir as músicas da festa daqui e é um lugar mágico.

- Foi aqui que você resolveu se esconder!

Levo um susto e olho para o corredor que dá para o salão, é o David, ele está sorrindo e fica ainda mais bonito.

E – Precisava de um pouco de ar!

Ele vem e se senta ao meu lado e começa a observar as flores também.

D – Me desculpe!

E – Pelo quê?

D – Por tudo! Fui um idiota e você não merecia o que eu fiz.

E – Esqueci isso! É passado.

D – Pode parecer mentira, mas estou feliz por você ter encontrado o Rafael, não consigo imaginar alguém melhor para você. Já decidir deixá-los em paz. Mas, por favor, me perdoe!

Não quero mais ouvir esse papo, vai me fazer chorar.

E – Obrigada.

Ficamos em silêncio por um tempo.

D – Você não está gostando da festa?

E – Um monte de gente que só pensa em dinheiro, uhuuu!

Digo irônica e ele ri.

D – Se acostume, já que agora você é o braço esquerdo do meu pai, precisa acostumar com palácios, festas, reuniões. Essa é a nossa vida.

E – É, nada é fácil!

D – Pensei que estivesse gostando daquele bando de homens babando você.

E – Não estavam me babado, estavam querendo fazer negócios com o seu país e são negócios que não inclui apresentar a futura rainha para o príncipe.

Ele ri.

D – Parece que está sendo chato para nós dois. Não vi você dançando com ninguém.

E – Não sei dançar! Não esse tipo de música.

D – Valsa é o tipo de música dos palácios. Você precisa aprender a dançar para nos representar. Vem aqui, vou te ensinar.

Ele se levanta e puxa o meu braço.

E – Não, obrigada! Não vou dançar, meus pés estão doendo.

D – Para de reclamar, vem aqui, não é nada demais.

Ele me puxa pela mão, fico em pé na frente dele e ele começa a explicar.

D – Você põe a mão no ombro do cavaleiro e a outra vai segurar a dele. (Começo a rir, ele é realmente alto, porque mesmo com o salto ainda sou um pouco mais baixa que ele e eu sou alta!) O cavaleiro segura no meio das suas costas e fica na distância do braço dele. Viu não é nada demais.

Eu tremi com o seu toque nas minhas costas já que estão expostas e ele me olhou assustado, acho que não tinha percebido que o vestido era assim. Ele continua.

D – Agora é fácil para você! É dois para lá e dois para cá e é o homem quem vai te guiar, é só deixar ser guiada.

Ele começa a fazer e eu tento acompanha-lo, de repente a música muda. Never Knew I neede de Ne Yo (Vídeo acima), tento me afastar instantaneamente, mas ele me segura.

D – Dança comigo?

E – Acho melhor não.

D – Por que não? Já estamos aqui!

Ele me puxa mais para perto e acabo cedendo, ele envolve a minha cintura, eu passo os braços ao redor do pescoço dele e seguimos dançando.

O cheiro dele é tão bom que eu acabo encostando a cabeça no seu ombro e fecho os olhos, tudo está perfeito de novo. Ele me abraça mais e praticamente não saímos do lugar, sei que é uma dança lenta, mas estamos quase parados. A letra da música me faz lembrar de toda a nossa história e eu volto a sonha com a época em que eu acreditava que podia ser real.

Quando a música termina eu demoro para abrir os olhos e continuamos abraçados por um tempo, mas tenho a sensação de estar sendo observada e quando abro os olhos, vejo Jhef nos olhando de longe e me afasto depressa.

E – Oi Jhef, não sabia que você estava aí!

J – Não quero atrapalhar.

E – E não está!

J – Vim perguntar a que horas querem ir.

E – Agora, pode ser?

David estava com o olhar perdido, porém percebe que estamos olhando para ele e por fim diz que sim com a cabeça.

Seguimos Jhef até o carro e assim que ele começa a andar eu coloco o cinto e fecho os olhos, estou muito cansada e o perfume do David ficou em mim, sem contar que ele está do meu lado. Em pouco tempo eu caio no sono.    

A vida com o príncipeWhere stories live. Discover now