Sunset (Disponível até 30\12\16)

Capítulo 13: Uma corrida com o peão

CAPITULO 13: UMA CORRIDA COM O PEÃO

Na sexta-feira eu tive um dia exaustivo. Comecei a manhã na cozinha com Nora e as gêmeas preparando o café da manhã. Fui enviada para a horta com Vallie para pegarmos mais frutas e legumes para o preparo do almoço. Depois a acompanhei até a lavanderia e lavei roupa pela primeira vez na minha vida. Bom, eu não diria que eu lavei a roupa. O que eu fiz foi ajudar Vallie a separa-las por cor e empurra-las na maquina de lavar com muito sabão em pó. De qualquer forma, nunca tinha feito isso. E acredite, foi cansativo. Depois do almoço fui ajudar Rule e Carl a tratar dos animais na fazenda, e mais tarde fui limpar os estábulos e currais na companhia de Nolan. Tinha sido desse jeito a semana toda, essa era a minha rotina. Mas a minha parte favorita ainda estava por vir.

Desci as escadas, já de banho tomado, pois de maneira alguma encontraria com Gabe fedendo a porcos e galinhas como estava quando deixei Nolan com o trabalho de enrolar as mangueiras sozinho mais uma vez. Passei pela cozinha e roubei dois cupcakes que Nora tinha feito no café da tarde. Sai do casarão e fui em direção ao celeiro, pois era lá que Gabe me encontrava todo o finalzinho da tarde. E quando cheguei, no horário combinado de sempre, ele estava lá vestido em seus jeans rasgados e camisete branca. Gabe estava escovando o tal do Shadow, o cavalo mais arisco. Sua concentração era tanta que não pareceu notar minha presença. Fiquei assistindo seu cuidado com o animal, ele acariciava a crina e conversava baixinho com o cavalo enquanto passava a escova. Acho que estava tentando distrai-lo, deixa-lo calmo.

Gabe era um poço de perfeição e eu não conseguia me conformar com aquilo. Ele era lindo. Não, ele era incrivelmente, absolutamente, magnificamente lindo. Não apenas na aparência, que é claro, era uma gostosura. Mas Gabe era lindo de diversas outras formas. Ele era trabalhador e esforçado. Era um bom filho, obediente e educado. Era um bom irmão, atencioso e amoroso. Era uma boa pessoa, talentoso, corajoso, humilde e honesto. Gabe tinha tantas qualidades que eu poderia ficar citando-as o dia todo. E ao mesmo tempo, Gabe era tão triste e solitário. Eu não entendia isso, não entendia como uma pessoa como ele poderia querer ficar desse jeito o tempo todo. Gabe era distante de tudo e todos, e eu desconfiava que um pouco disso tinha a ver com a Rosie. Ou com a morte de Rosie.

— Quer tentar, loira? — A voz dele atraiu minha atenção para o seu rosto, que agora estava voltado para mim com um sorrisinho. Ah, que sorrisinho! — Ou vai ficar aí só olhando?

— Dessa vez eu vou passar. — Dei de ombros, mostrando minhas duas mãos ocupadas com os cupcakes.

— Isso é pra mim? — perguntou-me.

— Para nós. — respondi, cobiçando um dos cupcakes com os olhos. — Deixe de ser guloso, eu trouxe dois.

Gabe riu e seus ombros tremeram suavemente. Ele deveria rir mais vezes, ficava tão bonito desse jeito.

— Só um minuto, por favor. — Gabe largou a escova e deixou a baia de Shadow. Foi para o fundo do celeiro lavar as mãos.

Quando retornou, pôs o chapéu sobre a cabeça e veio ao meu encontro. Entreguei a ele um dos cupcakes e nós dois nos encostamos em uma das baias e comemos os bolinhos em silêncio. Gabe devorou o seu com duas bocadas, enquanto eu só tinha dado uma pequena mordida. Ele esfregou as mãos na calça jeans em um gesto nervoso e passou a me olhar meio de lado. O silêncio combinado com aqueles olhares de canto de olho me deixaram nervosa também ou ansiosa, não tenho certeza. Afastei meu bolinho da boca, e sem conseguir me contar, olhei para Gabe também. Nossos olhares se encontraram, e ele girou o corpo para ficar de lado e desse jeito me olhar por inteiro.