Capítulo 25: Amigo de Crina

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CAPITULO 25: AMIGO DE CRINA


Gabe viajou, assim como Owen, Nolan e Rule. Cinco dias sem os cowboys por perto e o rancho já não era mais o mesmo. Eu sentia falta de dormir nos braços de Gabe em sua cama, de acordar e receber um beijo de bom dia, de tomar café da manhã ao seu lado, com nossas mãos sempre roçando uma a outra. Sentia saudades de me juntar a ele nos fins de tarde e andar a cavalo ao seu lado, de apostar corridas, de fazer piqueniques, de namorar escondido no celeiro. Também sentia falta de Nolan quando precisava limpar os estábulos e ele não estava lá para me ajudar a lidar com a mangueira pesada. Sentia falta de como ele era falante quando ficávamos sozinhos, e de como ele gostava de conversar sobre Beatriz e o futuro que o aguardava na faculdade. Sentia falta de Rule me chamando de garota da cidade, me dando abraços fortes para provocar ciúmes no irmão. Sentia falta até mesmo de Owen, que sempre ocupava a cadeira na ponta da mesa e observava sua família interagindo de forma silenciosa. Sempre com um olhar de adoração, como se tivesse conquistado o que mais sonhava na vida. E eu não era a única sentindo falta deles. Todos nós estávamos um pouco deprimentes. Fiquei imaginando o quanto seria horrível para Nora viver aqui na fazenda sem o Gabe e sem o Nolan. Agora fazia sentido que ela permitisse que Rule e Valérie fossem apenas no próximo ano.

Eu aproveitei a ausência de Gabe para me dedicar mais ao trabalho e aos animais. Ajudei Nora, Vallie e as gêmeas na cozinha, na horta, nos currais, nos estábulos e nos celeiros. Nora sempre nos dispensava no comecinho da tarde, quando o trabalho já não era tanto. E naqueles momentos eu gostava de ficar sozinha, ou com os bichinhos. Levei Baruck para conhecer a fazenda, deixei que Jorge e Martha curtissem o sol de final da tarde no campo, levei até a viúva-negra para um passeio no gramado. Ás vezes eu ia até o estabulo e conversava com os cavalos. Dei banho e escovei cada um deles, cada dia da semana. Menos Shadow, já que as ordens de Gabe era que eu me mantivesse afastada dele. Não que eu tenha feito isso. Eu gostava de dar atenção para Shadow como dava a todos os outros. Não gostava de exclui-lo só por que as pessoas o consideram arisco. Shadow era rejeitado como eu e eu não queria que ele se sentisse como eu já havia me sentido um dia.

Acabei criando uma rotina com Shadow, ia visita-lo todas as manhãs para lhe dar comida e o meu bem humorado bom dia. E voltava só pertinho da noite depois de ter concluído todo o serviço com Nora. Presenteava-lhe com uma cenoura e em troca ele permitia que eu acariciasse sua pelagem e contasse coisas aleatórias da minha vida. Ele realmente parecia me escutar quando focava aqueles imensos olhos escuros no meu rosto e ficava quieto, sem relinchar nem um pouquinho. Depois de um tempo criei coragem de entrar em sua baia para poder toca-lo mais de perto. Tive medo, já que ficava relembrando dos avisos de Gabe de que o cavalo era traiçoeiro. Entretanto, Shadow ou gostava muito de mim ou não estava com muita vontade de me dar um coice, pois aceitou bem a aproximação.

Quando fez oito dias que Gabe estava longe de mim, eu realmente estava me sentindo muito mal. À saudade parecia absurdamente imensa, como se ele estivesse a uma vida de distância de mim. Fiquei um pouco desanimada e todo mundo notou, pois tentaram me alegrar dando-me mais tempo de folga e até me convidando para visitar atrações na cidade. Só que nada disso me fazia feliz, além dos cavalos. Eles sempre me faziam esquecer tudo ao meu redor. Eu ficava muito ocupada em torno deles, conversando, alimentando-os, limpando-os e isso acabava me impedindo de pensar em Gabe longe, na minha madrasta cruel e lavagem cerebral que ela fez no meu pai, e em como o verão estava indo embora tão rápido quanto veio.

O engraçado era que os cavalos também pareciam notar a mudança ocorrendo em mim. Eu sentia que eles estavam tristes por mim, tristes pelas coisas que estavam me incomodando. Até mesmo Shadow parecia estar com pena da humana que lhe dava cenouras de presente. Ele passou a procurar o meu carinho, o que no começo foi incrivelmente esquisito. Achei que talvez ele estivesse tramando um plano maligno contra mim, para receber minha confiança e então me dar um coice na bunda. E por isso comecei a me aproximar dele com cautela, sempre preparada para qualquer reação, como se ele fosse me golpear com um movimento de jiu-jitsu quando eu virasse as costas e estivesse vulnerável. Só que para o meu alivio e felicidade, Shadow não tinha mostrado seu lado ninja para mim.

Sunset (Disponível até 30\12\16)Kde žijí příběhy. Začni objevovat