Rafael

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       Eu sabia que ela me amava. Por mais que ela negasse, eu senti seu coração palpitar quando eu decidi abandoná-la. Mas Alice não foi capaz de admitir o que sente. Preferiu ver-me ir embora. Não era capaz de escolher a mim, em vez do sacerdócio. Afinal aquela sempre foi a sua vida. Não era um simples estranho que ia mudar isso.

 Regressei a Terra. Não podia continuar no céu. Lá só me lembraria dela. Não suportava ter de permanecer no Paraíso, se não podia te-la. Por isso voltei para a único lugar onde foi feliz. Por vários anos eu conheci o amor dos meus mais, cresci e amadureci a lado deles esperando um dia encontrar um amor tão forte como deles. Agora essa ilusão estava destruída.  

             Podia continuar a ajudar os enfermos, a dar alegria as crianças e cuidar dos velhinhos. Eles podiam ter a felicidade que não tive. Receber um pouco de carinho, de saúde e misericórdia possibilitando-os um pouco de paz. Eu precisava de encontrar meu caminho. E ajudando estas pessoas sentia-me realizado.

  Eu precisava de viver sem ter Alice ao meu lado. Compreender que talvez ela não fizesse parte do meu destino. Tinha de suportar essa possibilidade. E viver com a lembrança da nossa única noite juntos. Apenas essa lembrança aquecia meu coração. Era deveras insuportável viver renegando o meu amor. Não era capaz de matá-lo!

       Só suportaria tal dor, se soubesse que ela seria feliz. Mas seria verdadeiramente? Guiada por uma força maior... Uma missão! Seria isso felicidade? Poderia alguém viver em plenitude apenas guiada pelo dever? Eu não acreditava nisso. Mas queria que Alice encontrasse a sua felicidade. 

Agora eu apenas viveria em função dos mais necessitados. Eles a que precisavam verdadeiramente de mim. Eu faria de toda para oferecer um pouco do paraíso para eles.  


A guardiã dos destinos ( Anjos guardiões, livro 2)Where stories live. Discover now