A guardiã dos destinos ( Anjos guardiões, livro 2)

18 - A cobrança

# Alicia #

        Leo... Passaram doze anos desde da última vez que nos vimos. Nessa altura ele ainda era uma criança. Agora estava feito homem. Um belo homem! E mesmo assim, ainda se lembrava de mim. O que acontecera com ele nos anos que estivemos afastados?

" Leo... O que fazes aqui?"

" Vim procurar a minha velha amiga."

" Não estou assim tão velha!"

" Acho que já vejo um cabelo branco, mesmo aqui."

" Mentiroso! Sempre gostaste de me pregar partidas."

" E tu sempre gostaste delas."

" Como soubeste da minha morte?"

" A guardiã me contou... Achou que precisavas de apoio!"

" Obrigada, Alice. Depois de todo o que fiz..."

" Não precisas de te desculpar mais. Já estás perdoada. Tu cometeste um erro. Mas arrependeste-te. Todos merecem uma nova oportunidade"

Alice voltou para o seu santuário, e deixou-me sozinha com Leo. Encontra-lo de novo despertar sentimentos... Que pensava estarem esquecidos. Como podia estar ainda apaixonado por ele? Era como se o tempo não tivesse passado. Éramos duas crianças de novo enfrentado o mundo!

" Como morreste?"

" Meu pai... Apanhou-me a falar sozinha de novo, e descontrolou-se."

" Lamento."

"Foi melhor assim."

" E soube o que aconteceu... É mesmo verdade que amaldiçoaste a guardiã?"

" Sim. Eu estava revoltada e confusa. Eu não queria... Tens de acreditar em mim."

" Relaxa, Alicia. Eu acredito. Mas porque o fizeste?"

" Eu achei que amava Rafael."

" E não o amas?"

" Não. Iludi-me apenas. "

          Nesse momento surge uma bela querubim de cabelos pretos. Sua boca sedutora pressionou os lábios de Leo. Seus olhos claros me fitavam desconfiada. Me viam como uma ameaça. Ele já havia seguido em frente. Tinha uma companheira. Eu tinha de esquece-lo. 

Voltei para a minha casinha. Não podia mais olha-lo. Só me causaria mais sofrimento. O único que amara já se encontrava prometido a outra. Todo para mim era dor e sofrimento. Nunca haveria espaço para a alegria. Restava apenas aceitar o meu destino.

" Tiveste saudades minhas, princesa?"

" Lúcifer! Como entraste aqui?"

" Sou o rei do Inferno. Achas mesmo que podias escapar-me?"

" Por favor... Tenha piedade!"

               O Diabo não tinha pena de ninguém. Era o ser mais desprezível do universo! A milénios que condenava milhares de seres. Eu era só mais uma. Em breve estaria perdida . Seria mais uma alma perdida. Nunca mais veria a luz do dia...

" Estás com medo, lindinha? Devias ter comprido tua promessa. Vendeste tua alma. Apenas vim cobrar."

" Eu me arrependi... Deus perdoou-me! Pensei que o pacto tinha sido quebrado."

" Pensaste mal, querida. Eu compro sempre os meus acordos."

De repente um buraco negro se abriu. As trevas invadiam o meu quarto... Os demónios libertavam-se das sombras... E tentavam-me levar com eles! Eu estava tentando ser forte. Mas o mal era mais forte do que eu. Ia ser sugada... Passaria os meus dias nas profundezas do Inferno. Que me poderia salvar? Depois de todo o mal que tinha causado... O senhor das trevas me forçava a segui-lo. Eu não queria... Mas ele era mais forte! O que podia eu contra Lúcifer? Não passava de uma simples mortal. Se alguém...

" Alicia! Dá-me a tua mão!"

" Leo... O que estás aqui a fazer?"

" Eu precisava te explicar... Mas agora não temos tempo. Vem."

         Agarrei a mão de Leo, e escapai das trevas. Lúcifer estava furioso. Havia perdido mais uma vez. E eu sentia esperança de novo. Nem todo estava perdido para mim. Ainda podia ser feliz. Podia ser uma guardiã. E encontrar um novo amor.

" Desculpa... Linda é muito explosiva. Não sabia que ela ia aparecer. Estamos noivos."

" Não precisas de me dar explicações. O que aconteceu entre nós ficou no passado. É normal seguirmos em frente. Desejo que sejas muito feliz!"

" Ainda bem que compreendes. Não queria perder a tua amizade. É melhor ir. Linda está a minha espera."

Mentira. Não compreendia como poderá-me esquecer tão depressa. Tivera tão pouca importância? Ou na verdade sempre me vira como amiga? Linda... Não a conhecia mas já sentia raiva. Só pelo facto de ela ter roubado a única pessoa importante para mim.