Capítulo XIII

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Em uma semana, uma mudança se operara na vida do duque de Milford: de chefe de família, ele se convertera em pai e de pai em viúvo. Agnes não resistira e agora havia deixado este mundo e seus filhos para sempre. Ainda que se apegasse a um fio de esperança, George sabia que aquilo poderia acontecer. A esposa não era das melhores pessoas, mas sabia como governar a casa e os filhos, mesmo que os guiasse para um mundo apartado do pai. Agora, eram apenas eles seis: George, o pai, William, Alexandra, Edward, o pequeno George e a recém chegada Elizabeth. Uma família unida no luto e no desconhecimento do outro.

A agonia da duquesa de Milford teve fim numa manhã cinzenta quando ela, na presença de George, chamava delirante por seu amor, William, o falecido irmão mais velho do duque, enquanto se despedia da vida. Era um remédio amargo que o duque teve que experimentar diante dos criados, do reverendo e do médico. O dever agora dizia para prosseguir com as cerimônias funerárias, mas tudo o que ele queria era cuidar dos filhos.

No mesmo dia da morte, as crianças Stanfield foram reunidas numa pequena sala de uso privado da família. Quando o pai entrou no recinto, todas se levantaram pondo-se eretas como se um general houvesse chegado. Aquilo foi uma ferroada para George, mas este, que carregava Elizabeth nos braços, prosseguiu com o infeliz dever de dar aquela notícia aos filhos.

"Eu tenho uma notícia para vocês, crianças", disse após sentar-se ajeitando a filha caçula no colo. "Não é uma notícia que eu queria dar..."

"É a mamãe, não é, pai? A babá nos contou...", interrompeu o mais velho, William. O único que o chamava por pai, fruto dos dias passados na Escócia com os Graham.

"Sim, Will. Ela se adiantou a mim", resmungou observando cada uma das crianças ali. Cada pequeno tinha um olhar incerto e pareciam magros demais, tristes demais. "Podem se sentar, por favor", disse incomodado em vê-los de pé como um pelotão. "Eu queria dizer que sei que não estive por perto antes, mas agora vou estar. Não só porque a mamãe estará ausente para sempre, mas porque eu sou o pai de vocês. Não sou o lord de vocês, nem alguém para que tenham medo".

Alexandra, que contava com cinco anos, levantou a mão interrompendo o pai e se ergueu com uma expressão solene.

"Eu não tenho mais medo do senhor, papai", confessou timidamente com um meio sorriso. "O senhor é grande, mas é bom". Sem ter mais o que falar a menina se sentou, satisfeita por ter falado algo.

"Pai, quem vai cuidar da gente agora?", inquiriu William sob os olhares atentos dos irmãos.

"Eu", confessou com um sorriso sem graça. "Mas vou precisar da ajuda de vocês para conhecer vocês melhor".

"Qua-quando a ma-mamãe volta?", o pequeno George de três anos perguntou assustado com os olhos azuis grandes cheios de lágrimas represadas ali. Aquela foi uma resposta que o pai não conseguiu dar aos filhos. 

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